quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ramiro Nunes de Aquino


Ramiro Nunes de Aquino foi um dos desbravadores de Itabuna, tendo aportado por estas bandas em 1891, então com 25 anos. Começou a trabalhar com Francolino Conrado Sandes, que mais tarde viria a ser seu sogro. Para se deslocar para as terras inóspitas do Sul da Bahia o sergipano Ramiro vendeu seu único bem, um boi, que lhe garantiu recursos para a viagem, tendo aqui chegado com apenas duas mudas de roupa.

Com seu caráter e honradez não foi dificil conseguir emprestado com seu amigo e conterrâneo de Vila Cristina, Firmino Alves (que viria a ser o fundador de Itabuna), a quantia de 800 mil réis, que serviram para a compra de sua primeira fazenda, a "Duas Barras", ainda hoje de posse dos herdeiros. Econômico, honesto, equilibrado e trabalhador o jovem Ramiro logo com a primeira produção pagou o empréstimo e começou a construir um patrimônio de muitas fazendas de cacau e pecuária, tudo com o suor do seu trabalho e sem disparar um único tiro ou ter jagunços a seu serviço, como era comum naquela época. Em 1899 casou-se com Avelina Sandes, prendada, bonita e extraordinária figura humana, filha do seu primeiro patrão e amigo e que viria a emprestar ao marido um apoio inquestionável em sua vida. D. Avelina foi uma das fundadoras da Associação das Senhoras de Caridade.

Não tinha vida social intensa nem se preocupava com elegância, mas era religioso, católico praticante e gostava de visitar e receber amigos. D. Avelina costumava dizer que ele melhorou a caligrafia avalizando notas promissórias para os amigos em dificuldades, muitas das quais teve que honrar. Apesar de homem de poucas letras gostava de ler obras religiosas sobre a vida dos santos, sendo admirador de Dom Bosco e Santo Agostinho, embora devoto de São Vicente, tendo sido um dos fundadores da Sociedade São Vicente de Paulo, em Itabuna, responsável, dentre outras obras sociais, pela construção do Colégio Divina Providência. Ramiro Nunes foi presidente da Sociedade São Vicente de Paulo por 20 anos (1922-1942).

Por sua atuação na comunidade, por seu passado honrado e pela extraordinária figura de pioneiro e desbravador, a cidade de Itabuna homenageou Ramiro Nunes de Aquino dando o seu nome a uma rua no Bairro do Pontalzinho.

A jornalista Helena Mendes no seu livro "Figuras e Fatos de Itabuna", disse o seguinte sobre Ramiro Nunes: "Um dos homens mais singulares, mais interessantes e mais atraentes da história de Itabuna foi o bom e humano Coronel Ramiro Nunes de Aquino que, por uma série de razões, ocupa lugar próprio entre os pioneiros que se deslocaram do Nordeste para domesticar, para amansar, para desbravar as terras do Sul da Bahia".

História da mulher ciumenta que matou o marido e comeu assado

Minelvino Francisco Silva
"O trovador apóstolo"

Deus fez a mulher no mundo
Com bastante perfeição,
Com sua sabedoria
Da costela de Adão,
Para ela amar o homem
De todo seu coração

Porém tem muitas mulheres
Que seguem errada esta linha
Porque o homem não pode
Comprar peru nem galinha
Ela deseja comer
Ele assado com farinha

Aqui eu conto uma história
Que contou um cavalheiro,
Dizendo que foi verdade
Esse amigo e companheiro,
disse que levou de vista
Lá no Rio de Janeiro

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Otaciana Pinto, professora e parteira


Otaciana Pinto nasceu no Arraial do Galeão, município de Valença, Bahia, em 14 de julho de 1883. Formada em Megistério, lecionou em várias cidades , como Camurujipe, Santo Sé, Ajuda de Porto Seguro, Capianga, Irecê, Tucano e Gamboa. Em 1925, ainda bem moça, veio morar em Itabuna, "onde ensinou até no meio da rua por falta de sala aula", segundo ela mesma costumava lembrar.

Além de professora, "Mãe Otaciana", como era carinhosamente chamada por todos, diplomou-se na profissão de parteira, onde durante os 54 anos em que viveu em Itabuna fez a quantia surpreendente de 10 mil a 30 partos, feito que a deixava muito feliz. Todos os partos e respectivos nomes dos bebês foram anotados num livro que hoje se encontra guardado pelo genro e pelo neto. Embora nunca tenha se casado, criou dezenas de filhos, e sempre afirmava que a tarefa divina que Deus havia lhe dado de trazer ao mundo tantos seres humanos e de criar alguns, era um presente maior que um casamento.

Mas os feitos dessa mulher que era suave, miúda e ao mesmo tempo forte, não pararam por aí. Otaciana exerceu dois mandatos em Itabuna como vereadora pelo partido PSD. Nunca fez política necessariamente, dizia nunca ter subido a um palanque para fazer comício, que quando percebia já havia sido eleita.

Jubilou-se com 50 anos de profissão no ofício de parteira e professora, mas continou fazendo partos até os 74 anos. Com passinhos miúdos, de formiguinha, lá saía ela, enfrentando sol, chuva, estradas íngremes, empoeiradas, para atender uma parturiente. Nunca reclamou, nunca se recusou a atender ninguém, fosse rico ou pobre, pagante ou não pagante. Otaciana Pinto faleceu em maio de 1987, deixando em Itabuna a saudade de uma mulher que sempre será lembrada com carinho pelas mães que ajudou e pelos milhares "filhos" que trouxe ao mundo pelas suas mãos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Telmo Padilha, de Itabuna para o mundo


Telmo Padilha nasceu em Itabuna, a 5 de maio de 1930. Foi jornalista e Membro da Academia de Letras de Ilhéus, por indicação de Adonias Filho. Publicou os seguintes livros: "Girassol do Espanto"(1956); "Ementário"(1974); "Onde tombam os pássaros"(1974); "Pássaro da Noite" (1977); "Canto Rouco"(1977); "O Rio"(1977); "Vôo Absoluto" (1977); "Poesia Encontrada"(1978); "Travessia"(1979); "Punhal no Escuro"(1980) e "Noite contra Noite" (1980), todos no melhor gênero da poesia. Muitas obras de sua autoria foram traduzidas para o italiano, o espanhol, o inglês, o francês, o alemão e o japonês.

Destacou-se como poeta no cenário nacional e foi agraciado com muitos prêmios como "Melhores Livros", da Câmara municipal de Itabuna (1956); "1º Concurso de Poesia - A Tarde"; "Prêmio Nacional de Poesia do Instituto Nacional do Livro" (1975); Prêmio do Concurso Internacional de Poesia San Rocco, Itália (1976); 1º Prêmio do Concurso de Poesia Firmino Rocha, da Prefeitura Municipal de Itabuna (1981); e Prêmio Sosígenes Costa da Prefeitura Municipal de Ilhéus (1981).

Poeta de reflexões existenciais, que constantemente indaga-se, questiona-se, numa linguagem repleta de sutilezas líricas. Inquieto, reafirma uma poética cuja temática indaga de forma intimista o viver, o morrer, a infância, a solidão e, ainda, sua relação com a realidade da sua terra, da cultura do cacau e do tempo que estabelece esta história que se escoa pelas frestas cotidianas. Sua poesia reside numa lírica lucidez, num abismo interior, entre a febre e insônia, expressa num processo criativo maduro e num estilo impecável.

Telmo Padilha faleceu no dia 16 de julho de 1997, quando sofreu um acidente de automóvel.

ITABUNA
Se não há montanhas,
como escalá-las?
Se não há florestas,
Com embrenhar-me
em sombras
que não estas?
Se não há o mar,
como falar de águas
e horizontes?

Sou o cantor
desta planície
e me abismo
em mim,
e desço aos outros
de mim,
e sofro os outros
de mim.

INFÂNCIA
Fartura, nem tanto
mais que uma fazenda
com seus pastos, seus animais,
o engenho antigo, o rio
correndo entre pedras,
tímido sob as grandes
árvores,
água.
A noite desenhava
úmidas assombrações.
O vento no rosto
do menino cavalgava
mais que seu cavalo.
A vida tinha seu cheiro
de eternidade, exato
e puro.
A morte era um fato
natural, quase geométrico
na ignorância da tarde.

RIMA
A palavra amor
já não rima com flor:
outra é sua correspondente
na escala do som,
na escala do ritmo.
Pode-se combiná-la
com calor, noutro plano;
ou com identidade,
aquela que mente
à outra verdade.
Com cal e giz
a escrevemos
no poema
antes que apague.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Entrevista com a professora Zélia Lessa (2001)



Esta entrevista foi publicada originalmente no jornal
ÁGUAS DO ALMADA - CULTURAL
Ano 3 - n° 4 - Março de 2001
Por Marcos Luedy, Silmara Oliveira e Guilherme Lamonier. 

Unanimidade. Esta é a expressão mais correta para definir a professora Zélia Lessa nos meios musicais e artísticos do Sul da Bahia. Aos 74 anos de idade, casada, um filho, geminiana de 12 de junho, nascida em Itabuna e entronizada no estudo de música aos seis anos de idade por sua mãe, tornou-se um ícone musical da região cacaueira. Detentora de vários prêmios nacionais e regionais nos concursos que participou como compositora, dois deles com a interpretação do Coral "Cantores de Orfeu", do qual é fundadora e regente desde 1955, a maestrina acumula um currículo invejável na defesa da música grapiúna. Ensinou a mais de cinco mil alunos, de diferentes gerações; compôs; mais de trezentas músicas até 2000, e continua compondo para os grupos com os quais trabalha.

Dedicou toda sua vida à música, transformando sua casa num centro de descoberta de novos talentos musicais. Compôs uma obra prima para Coral: a "Rapsódia Grapiúna", baseada no Folclore Regional, apresentada a caráter em várias cidades do Estado, inclusive Salvador e também em Brasília, pelos "Cantores de Orfeu", além de cantada a cappella (sem instrumentos), por corais de outros estados. Contudo, revela uma grande preocupação: conseguir patrocinadores que financiem a contratação de um regente, disposto a assumir a complexidade de todo trabalho, dando continuidade à saga musical iniciada no século passado.

Itabuna é uma cidade que tem uma importância muito grande na região e a senhora tem uma história correlata à historia de Itabuna, pois nasceu em 1926. Como a senhora vê isso?
É interessante falar porque nem todo mundo conhece e a juventude, hoje, que estuda, não sabe direito a história de Itabuna. Eles ficam me pedindo para dizer coisas, que eu tenho colecionadas, não só do ponto de vista musical. Mas quero também lembrar, não sei se vocês sabem, pois são mais novos, eu sou filha de pioneiros. Meu pai, Cherubim José de Oliveira (1872-1959) era sobrinho de Firmino Alves, o fundador da cidade.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

O homem que foi buscar uma caveira meia noite no cemitério


Minelvino Francisco Silva
"O trovador apóstolo"

O homem bicho feroz
Que topa na sua linha,
A fera mais temerosa
Até a mãe da morrinha,
Mas se achar de ter mêdo
É pior do que galinha.

Aqui eu conto uma história
Que foi uma caso funério,
Do homem que apostou
Num assunto muito sério
Pra ir buscar uma caveira
De noite no cemitério.

Baldoíno era um rapaz
Que muito alegre vivia,
Numa fábrica de bebidas
Lutava por noite e dia,
E tornou-se um viajante
Pelo norte da Bahia.

domingo, 19 de abril de 2020

Carlos Santal, artista plástico e músico


Carlos Santal é um artista plástico com um acentuado estilo primitivista. Afirma que, desde a infância, havia uma forte tendência para arte em sua vida de garoto pobre, que observava os belos bordados feitos por sua mãe e onde esta sempre reproduzia desenhos de flores, guirlandas e cruzes miúdas. Acostumou-se, assim, a ficar desenhando e pintando em cadernos e cartolinas, onde ia inventando imagens e paisagens. Tempos mais tarde, começou a trabalhar com entalhes em madeira com ferramentas improvisadas. Vendia esses trabalhos em casas de artesanato da região.

Muito cedo constituiu família. Vieram os dez filhos e a necessidade de sobrevivência o fez dedicar-se àquilo que ele mais queria e sabia fazer: pintar e cantar (também tinha forte aptidão musical). Como músico, compositor e crooner de bandas, trabalhou em alguns grupos locais. 

Em seu trabalho como artista plástico, Santal revela cenas do cotidiano regional, principalmente da realidade do meio rural nas roças de cacau e da natureza tropical da fauna e da flora regional. Seus personagens - mulheres barrigudas, crianças magras, trabalhadores rurais - mostram a visão crítica desse artista que capta a realidade social do seu chão. 

Sempre respeitado e reconhecido pela comunidade, participou de mostras coletivas e individuais,  mantendo um curso de pintura para iniciantes no Centro de Cultura Josué Brandão (Espaço Cultural, onde funciona a Câmara de Vereadores de Itabuna). Neste trabalho o artista sempre se disse realizado, devido à oportunidade de ensinar o seu ofício a garotos simples, como aquele que ele foi ao começar sua carreira.

Há vários anos Carlos Santal vive em Portugal, onde atua como pintor e músico.

sábado, 18 de abril de 2020

Norma de Assis, a Sapoti de Itabuna


Não só as estrelas da música nacional enchiam os programas de auditório do Titio Brandão. Cantoras regionais como Lourdes Rodrigues, Rita Cezimbra, Berenice Santos, Margô Silva, Neide Prado e Norma de Assis também eram muito requisitadas. Norma, que antes do grande sucesso era conhecida como Cléo, Cleuzinha e Cleusina de Assis (este último, aliás, é o seu nome verdadeiro) e que ao longo de todo o trajeto profissional receberia tantos títulos: O Rouxinol de Ilhéus, A Voz de Ouro... No palco do Catalunha, aclamada calorosamente pelos incontáveis fãs, foi considerada A Sapoti de Itabuna, isso porque incluía no seu repertório músicas de Ângela Maria, A Sapoti do Brasil.

O início de sua carreira, entretanto, aconteceu em frente à catedral de São Sebastião, em Ilhéus, no programa Minha gente pequenina, apresentado por Antônio Brandão, seu cunhado. Este, por sua vez, já tendo ouvido a bela voz da irmã mais nova de sua esposa, propôs-lhe tomar parte no concurso de calouros, que era um dos quadros do programa infantil. Certa de não fazer má figura em sua cidade natal, Norma aceitou o desafio. E, de fato, não decepcionou ninguém. Durante seis semanas consecutivas recebeu o título de melhor cantora do concurso e, como prêmio, obteve um contrato com a Rádio Cultura de Ilhéus para trabalhar na emissora. Uma gratificação e tanto, pois divulgar o seu talento na Rádio Cultura significava abrir as portas para um futuro promissor. Porém, antes de fazer parte do grupo dos cantores do rádio, Norma viu-se obrigada a passar pelo departamento comercial, onde lhe foi dada a incumbência de contar quantas vezes cada propaganda ia ao ar. Uma atividade monótona, sem dúvida, mas que, por outro lado, permitiu-lhe integrar-se à equipe dos profissionais, de modo que, em curto espaço de tempo, obteve a licença para soltar a voz nos microfones da Cultura. Depois de um ano de rádio, encaminhada pelo publicista Alceu Fonseca, um dos proprietários da Rádio Cultura, conseguiu estabelecer contatos com diversas rádios do Rio de Janeiro e São Paulo e participar de vários programas de auditório, representando a rádio ilheense, bem como todo o interior baiano. De Emilinha Borba, Cauby Peixoto, Helen de Lima e Ademildes Fonseca ganhou um novo pseudônimo: A Baianinha.

Embora a sua ascensão profissional estivesse indo "de vento em popa" nas grandes capitais brasileiras, o coração falou mais forte e Norma, depois de ter passado alguns meses fora, retorna para a região cacaueira, ou melhor, para os braços do seu noivo, Lindepruce Lins. E como Brandão já estava contratado pela Rádio Clube de Itabuna, nada impedia o ingresso de sua cunhada na nova emissora.

A carreira radialista de Norma de Assis, porém, não ficou restrita à música. Na Rádio Clube, em 1960, trabalhou ao lado de Antônio Pimentel (na época, diretor da rádio), numa novela escrita por ele: As portas do pecado, onde fazia três personagens: o papel da esposa, da amante e do jornaleiro. Essa novela ficou no ar durante seis meses e era apresentada todos os dias das 8 às 9 da manhã. A atuação dos personagens, bem como os textos publicitários, lidos nos intervalos, eram desempenhados ao vivo. Mas apesar do enorme índice de audiência. As portas do pecado ficou sendo a única radionovela escrita e produzida por Antônio Pimentel. Além da novela e da atuação como cantora, Norma ainda participava dos programas cômicos, junto com o Martelo (Romilton Santos) e Alfa Santos, era locutora comercial, auxiliar do discotecário, trabalhava no departamento social da rádio e ainda coordenava o seu próprio programa Conselho, música e beleza, sendo, por isso, considerada a "mulher dos sete instrumentos", já que fazia tudo o que fosse preciso. Contudo, o seu maior instrumento era a sua belíssima voz: um contralto de sonoridade um tanto rouca, encorpa da, profunda e de tessitura grave, mas, ao mesmo tempo, ampla e cheia. A voz inconfundível de Norma, apropriada para um repertório romântico, invadia os ambientes.

Mesmo tendo marcado uma fase importante, figurando entre os principais cantores do rádio, Norma sente hoje a amargura de ter ficado no esquecimento. Queixosa da memória curta dos itabunenses, vê-se completameme afastada dos meios de comunicação. E até do grande projeto musical, realizado anualmente pela mídia televisiva, na praça Olinto Leone, reunindo os grandes talentos da música regional, nunca recebeu um convite. Nos últimos anos, a sua relação com o público mudou. Com um certo acanhamento, passou a cantar menos e para uma platéia cada vez mais restrita, geralmente formada por amigos. Portanto, deixar-se embalar pela Sapoti de Itabuna tornou-se um privilégio de poucos, pois registros de sua voz não existem nem em forma de LP nem nos arquivos históricos das rádios por onde passou. Ainda assim, a sua velha parceria com a música continua. Cantarolando em casa os grandes sucessos da Ângela Maria, os seus olhos voltam a embaçar-se de lágrimas.
[Fonte: Itabuna Histórias e Estórias, de Adriana Dantas]

sexta-feira, 17 de abril de 2020

História do príncipe que não atirou na imagem do próprio pai



Minelvino Francisco Silva
"O trovador apóstolo"


As imagens neste mundo
Sendo elas desenhadas,
Sendo esculpidas, ou mesmo
Fotorgrafias tiradas
Tem o valor igualmente
De mil palavras faladas

Pra se atender uma arte
Ou seja uma profissão,
Sendo por corresponcia
Pra chegar a compreensão
Temos que ver as imagens
Dando toda explicação

Num certo reino existiu
Um rei de muito valor,
Esse tinha um filho único
Por nome de Agenor,
Criado pelos seus pais
Com carinho e muito amor

Roberto Carlos em Itabuna (03/12/2000)


Aquele dia chuvoso de dezembro de 2000, mais precisamente o dia 03, definitivamente entrou para a história de Itabuna. Naquele dia, nada menos que o Rei Roberto Carlos se apresentou aqui, pela terceira vez. Foi um show emocionante em vários aspectos. O principal foi a tensão dos fãs, que não tinham certeza se o show iria ou não acontecer. A incerteza explica-se pelo fato de que aquele seria um dos primeiros shows de Roberto Carlos após a perda da esposa Maria Rita, falecida quase um ano antes (19 de dezembro de 1999).

O último show de Roberto Carlos antes da perda ocorrera em 26 de novembro daquele ano, no interior de São Paulo. Depois da morte de Maria Rita, Roberto Carlos reservou-se, e não aparecia mais em momento algum fora de casa. Mas, com muita insistência dos amigos mais próximos, que alegavam que uma turnê era tudo de que Roberto precisava para se recuperar, finalmente no dia 11 de novembro de 2000, ele iniciou a turnê “Amor sem Limite” em Recife (PE).

Após a dramática estreia, em que Roberto Carlos não conseguia conter as lágrimas em alguns momentos, o show seguiu por várias cidades do Nordeste: Fortaleza (23/11), Natal (24/11), João Pessoal (25/11), Maceió (28/11), Aracaju (30/11), Feira de Santana (02/12) e… Itabuna (03/12).

Foi no estacionamento lateral do Shopping Jequitibá que os milhares de fãs puderam desfrutar de um dos melhores shows que a cidade já presenciou nesse seu primeiro século de vida. Pouco antes do show, a chuva – que ameaçava o brilho do evento – parou e por volta das 20h começou aquela inconfundível introdução instrumental que marca todos os shows, um mix de antigos e novos sucessos, com clímax na introdução de "Emoções". E lá está ele, todo de branco e azul: o Rei tomava novamente o microfone para soltar sua voz na terra do cacau.

Ainda fragilizado, Roberto Carlos chorou pelo menos 3 vezes durante o show, principalmente na música "Amor Sem Limite", durante a qual apareceram várias fotos de Maria Rita no Telão. Difícil apontar os melhores momentos em um show como esse, tão histórico, tão importante e tão musical. Não faltaram as obrigatórias, como "Detalhes", "Outra Vez" etc.


Ney Galvão - Talento itabunense no mundo da moda


O itabunense Ney Galvão foi um dos grandes estilistas e figurinistas da história do Brasil. Na década de 1980 substituiu o colega e amigo Clodovil no programa TV Mulher, da Rede Globo, onde falava diariamente de moda, o lado de Marília Gabriela e Marta Suplicy. Também trabalhou no programa Dia a Dia, da TV Bandeirantes.

Como estilista, seu estilo destacou-se pelas cores fortes e modelos exuberantes, ricos em plissados e babados, ao estilo Carmem Miranda. Sua butique, instalada na rica região do Jardim América, em São Paulo, era sede de um negócio que comercializava dez mil roupas por mês.

Nasceu aqui em Itabuna, em 11 de janeiro de 1952  e faleceu aos 39 anos, de câncer, em 15 de setembro de 1991, no Hospital Albert Einstein, São Paulo.



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O palhaço Carequinha visita Itabuna


A visita aconteceu no ano de 1969, segundo informações do filho de Titio Brandão, Tipem Brandão. À época, o palhaço Carequinha era considerado um dos maiores artistas do Brasil e um ídolo para as crianças entre os anos 60 e 70, tendo trabalhado em diversas emissoras de rádio e televisão e lançado vários discos que venderam milhares de cópias. Em Itabuna, ele se apresentou no Cine Catalunha, que pertenceu a  Paulo da Silva Nunes.

A professora Cássia Franco Nunes contou que o espaço se localizava aos fundos da sede da Rádio Difusora Sul da Bahia, numa área próxima ao Jardim do Ó. Pela Rádio Difusora (que tinha o filho do Paulo Silva Nunes, o senhor Hercílio Nunes, como diretor), Titio Brandão transmitia o seu programa.  No dia da apresentação do Carequinha, o Catalunha ficou lotado.

Cássia é filha de Hercílio e neta de Paulo da Silva. À época ainda criança, Cássia teve o privilégio de ser escolhida para subir ao palco e ficar bem pertinho do artista, que foi o grande mestre dos programas infantis televisivos que fez e que viriam depois, tais como o Clube da Criança, na Rede Manchete e o Xou da Xuxa, na Rede Globo. O Clube da Criança estreou com a apresentadora Xuxa Meneguel, ainda adolescente. Após ter ido para a Globo, em 1985, o programa ainda teve Angélica como apresentadora, também seu primeiro trabalho na TV. Xuxa estreou na Globo em 1986. O seu "Xou" substituiu o programa A Turma do Balão Mágico que, entre apresentadores infantis como Jairzinho e Simony, tinha o inesquecível personagem Fofão, vivido pelo ator Orival Pessini, que personificou também Patropí, no humorístico Escolinha do Professor Raimundo, um hippie que, entre falas cômicas e "viajadas", provocava reflexões importantes sobre a sociedade brasileira e suas desigualdades.

O próprio palhaço Carequinha fala da importância de ter iniciado essa leva de grandes estrelas que brilharam na TV. Deixando a modéstia de lado e reconhecendo que brincadeiras como "A Dança das Cadeiras", "A Dança da Maçã", "Quem Enche Bexigas de Ar Primeiro" e competições do tipo meninos versus meninas foram ideias lançadas por ele. Não à toa, foram aproveitadas em programas como o Clube da Criança e Xou da Xuxa, porque a diretora artística Marlene Matos foi também, durante um tempo, diretora do programa do Carequinha e, com ela na direção, estrearam os já citados programas.

Até os anos 80, o palhaço ainda brilhava nos palcos e nos circos do país. Canções como "O Bom Menino" e "A Canoa Virou" até hoje permeiam a memória afetiva de quem conheceu o seu trabalho. O seu nome de batismo era George Savalla Gomes. Nasceu em 18 de julho de 1915, em Rio Bonito/RJ e faleceu em 5 de abril de 2006, em São Gonçalo/RJ, aos 90 anos.

[Colaborou: Eric Thadeu - Com Tipen Brandão e Cássia Nunes]

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Aldo Bastos, ator, diretor e poeta


Aldo Bastos (Esmeraldo Bastos Borges) nasceu em Itabuna, a 23 de janeiro de 1950. É ator, diretor de teatro e poeta. No campo do teatro, adaptou vários textos infantis como "O Rei Leão", "Rob Hood", "Gasparzinho, o fantasma camarada", "Pokemon". Encenou também textos infantis de sua própria autoria como "O Palhaço e a Bailarina", "Chapeuzinho Cor-de-Rosa", "Eleição na Floresta", "A Floresta Encantada" e montou, produziu e dirigiu várias peças para adultos como "A Navalha na Carne","Greta Garbo", "Velório à Brasileira", entre outras, sempre com grande sucesso de público.

Logo cedo começou a fazer teatro, participando ativamente dos movimentos cênicos em Itabuna na época de TEI (Teatro Estudantil Itabunense) e do Teatrinho ABC. Na década de 70 foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como ator, chegando a realizar pequenos papéis em novelas como "Fogo sobre Terra" e "O Semideus"; ainda no Rio, foi roteirista de fotonovelas para as revistas "Sétimo Céu" e "Amiga". Em 1980, retorna a Itabuna e funda o Grupo Teatral Itabunense, montando sua primeira peça, na categoria infantil, com texto de Maria Clara Machado, "Pluft, o fantasminha". O Grupo de Aldo Bastos existe até hoje, sob a sua direção, realizando um significativo trabalho no campo teatral em Itabuna, principalmente do teatro infantil a exemplo do Projeto Teatro-Escola, que o mesmo realiza em parceria com várias escolas de particulares e pública do município.

Em 1985, publicou um livro de poesia com o título "Itinerário", prefaciado pelo poeta Telmo Padilha. Em 1992 foi presidente do "Clube do Poeta de Itabuna". Durante 8 anos foi gestor do Centro de Cultura Adonias Filho. Mantém um canal no Youtube, chamado Planeta Poesia.

PERCURSO 
Vai
Supera a dor
E vai...
Não fraquejas
Diante das vilanias
Vai por caminhos
Que te sejam
Mais amenos
Ou se for preciso for
Navegas em ti, tuas dúvidas
Atravessas as águas
Turvas do teu oceano
Vai
As margens de um rio
Nunca se encontram
Mas se olham sempre.





Minelvino Francisco Silva, o trovador apóstolo


Minelvino Francisco Silva nasceu a 28 de novembro de 1924, na Fazenda Olhos D'Água, no Povoado de Palmeiral, município de Mundo Novo na Bahia, mas veio para Itabuna ainda jovem onde residiu por muitos anos. Poeta popular, cordelista de grande talento criativo desde adolescente, começou a trabalhar de forma bastante artesanal e chegou a montar sua própria gráfica em sua casa, onde imprimia seus livretos que eram vendidos em feiras populares e praças públicas. Minelvino também criava suas próprias ilustrações para os livretos com belas xilogravuras de sua autoria. Criou, imprimiu e publicou cerca de 1000 livros ao longo da sua vida, com títulos como "João acaba mundo e a serpente encantada", "O gigante quebra osso", "Maninha e a machadinha", "O Filho de João acaba mundo", "ABC dos Tubarões", "Debate de Lampião com São Miguel", "O Cangaceiro do Nordeste", "História do Touro que engoliu o Fazendeiro", "A Mulher de Sete Metros que apareceu é Itabuna", entre tantos outros.

Seu talento no campo da poesia popular lhe rendeu reconhecimento estadual e até nacional, tendo exposto trabalhos no Museu do Folclore do Rio de Janeiro. Seu nome consta na "Antologia Baiana de Literatura de Cordel" promovida pela Secretaria de Cultura e Turismo do governo do Estado da Bahia. Faleceu em 1999, deixando uma lacuna na poesia popular do Estado da Bahia e, particularmente, de Itabuna, cidade em que o "Trovador Apóstolo" - como gostava de ser chamado, por ser muito religioso e devoto de Bom Jesus da Lapa - escolheu para viver a maior parte da sua trajetória.

"Vou contar uma história
Da região grapiúna
Pra moça velha e rapaz
Que mora nesta comuna,
Da Mulher de Sete Metros
Que apareceu em Itabuna.

Diz o povo por aí
Que a meia-noite não saia
Que está aparecendo
De Itabuna até a praia
Uma mulher com sete metros
Vestida de mini saia.

Dizem que é uma mulher
De cor assim: amarela...
Só com dois dentes na boca,
Pois ela é quase banguela,
Não tem quem não se assombre
Ouvindo a risada dela."

(Fragmento do livro "A Mulher de Sete Metros que apareceu em Itabuna", 1968)




quarta-feira, 15 de abril de 2020

Firmino Rocha


O poeta Firmino Rocha nasceu em Itabuna a 07 de junho de 1910. Foi um artista que exerceu grande influência em muitos poetas de gerações posteriores. Lírico, místico e com um estilo encantadoramente repleto de simplicidade e musicalidade, sua obra não reflete complexidade acadêmica; seus versos, próximos a prosa, constituem linguagem acessível, rimas simples, trazidas de um universo emotivo que se manifesta com espontaneidade e expressivo lirismo. Em vida, escreveu "O Canto do Dia Novo" e "Momentos". Além disso, publicou poemas com freqüência regular na Imprensa local.

Seu poema mais conhecido pelos itabunenses, "Deram um Fuzil ao Menino", é um terno apelo contra a violência da guerra (alude-se à II Guerra Mundial) e encontra-se hoje gravado em placa de bronze na sede da ONU (Organização das Nações Unidas). Este mesmo poema foi publicado numa coletânea sobre a paz editada pela ONU e distribuída em todo mundo. Firmino Rocha era boêmio e sonhador. Fazia da sua poesia de versos simples a expressão terna e telúrica de sua gente e da sua terra natal. Faleceu em Ilhéus a 1º de julho de 1971.

DERAM UM FUZIL AO MENINO
Adeus luares de Maio.
Adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência,
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música
no coração do menino.
Agora é o tambor da morte
rufando nos campos negros.
Agora são os pés violentos
ferindo a terra bendita.
A cantiga, onde ficou a cantiga?
No caderno de números,
o verso ficou sozinho.
Adeus ribeirinhos dourados.
Adeus estrelas tangíveis.
Adeus tudo que é de Deus.
Deram um fizil ao menino.

Maia, o eterno guarda de trânsito


José Militão Maia Filho, mais conhecido simplesmente como MAIA, nasceu em Itabuna, aos 16 de outubro de 1959, filho de José Militão Maia e Maria José Dias Barbosa. Desde os anos 70 se destaca como uma das grandes figuraças que frequentam as ruas da cidade. Durante muitos anos, tinha um comportamento, digamos, 'excêntrico', pois na sua fantasia lúdica, simulava o comportamento de um típico guarda de trânsito - com gestual, apito, postura e até o hábito de "enquadrar" motoristas que ele considerava estarem violando as leis de trânsito.

Entrou para o folclore itabunense, tornando-se um pedinte de rua. Sempre muito simpático com quem o cumprimentava (e, principalmente, o contemplava com alguns trocados), no entanto sua gentileza não o livrou dos impiedosos desocupados, que sempre fizeram questão de o provocarem com deboches e insultos - que quase sempre tinham como reação da parte de Maia, palavrões e desaforos, mas sem relatos de agressões físicas.

Nos últimos anos, Maia tem sido visto com menos frequência nas ruas de Itabuna, que sempre foram seu 'habitat natural' (principalmente a Av. do Cinquentenário). Alguém aí tem notícias do Maia?

terça-feira, 14 de abril de 2020

Teatro ABC


É interessante, nesta foto, observar bem na extremidade esquerda, a Catedral de São José.

Sobre o prefeito que considerava o Teatro ABC um "lugar de maconheiros", a verdade é que o Teatro ABC durante algum tempo foi o principal espaço da cultura de Itabuna. Mas, com o passar dos anos, nunca tivera do poder público a atenção que merecia, se transformando num imóvel degradado, até chegar à condição de "interditado por risco de desabamento".

Em sua primeira gestão, nos anos 70, o prefeito Fernando Gomes recebeu o projeto para revitalizá-lo e resolveu fazer uma visita ao local. Na data da visita, à luz do dia, o prefeito flagrou uma grande quantidade de jovens usando drogas e fazendo sexo no local. Por essa razão, decidiu demoli-lo, não sem antes prometer que, um dia, construiria um teatro em Itabuna tão imponente quanto a importância que a cidade tem para a cultura, promessa que só seria cumprida mais de 40 anos depois, no exercício do seu quinto mandato.

A construção do novo teatro, aliás, foi um capítulo a parte na história de Itabuna, pois demorou mais de 20 anos para ficar pronto. A obra contava com aporte financeiro do Governo do Estado, mas a falta de alinhamentos políticos entre o prefeito e o governo estadual, na primeira fase da obra, e erros estruturais de engenharia, fizeram com que o canteiro tivesse os trabalhos interrompidos e abandonados.

Finalmente, em 2018, com um novo alinhamento entre Prefeitura de Itabuna e Governo do Estado, a obra foi concluída e fez nascer o hoje conhecido Teatro Municipal de Itabuna Candinha Doria.
[Colaborou: Eric Thadeu]

Chocolates Kaufmann - prédio fantasma?


Na mesma localidade, também existiu a gráfica e a redação do jornal diário Tribuna do Cacau, empreendimento que também tinha Hugo Kaufman como sócio e que, durante muitos anos, foi um dos principais concorrentes do Diário de Itabuna.

O prédio da Chocolates Kaufmam efetivamente ainda existe e está em ruínas. Dá para enxergá-lo  passando pela Avenida Princesa Isabel. E a área onde está localizado se transformou num novo loteamento em Itabuna, que leva também o nome de Hugo Kaufman.

Alguns lotes já foram comercializados e começam a dar corpo a um novo espaço (bairro) em nossa cidade. É onde foram construídos dois grandes prédios residenciais, na entrada do Jardim Vitória e o edifício comercial Itabuna Trade Center, próximo ao Centro Administrativo Firmino Alves.

Entre a década de 90 e os primeiros anos do século XXI, o Município de Itabuna chegou a tentar a desapropriação daqueles lotes, mas os herdeiros de Hugo Kaufman conseguiram impedi-la judicialmente. O loteamento hoje existente em Itabuna é uma das maiores propriedades da família Kaufman, mas há outras propriedades ainda em Ilhéus e em Salvador. A priori, todas foram adquiridas para dar suporte às atividades da fábrica Chocolates Kaufman, seja na distribuição ou na comercialização de produtos.

Uma lenda urbana que permeia a história da fábrica dá conta que o local é cheio de fantasmas. Há quem diga que, durante a noite e de madrugada, é possível ouvir barulho de máquinas funcionando e até vozes de pessoas trabalhando, dada a quantidade de funcionários que morreram naquele local em acidentes de trabalho, informação deveras nunca confirmada.

Ainda hoje em em Itabuna, todas as noites, a cidade é tomada sobretudo nas zonas Sul (São Caetano e adjacências) e Leste (Ferradas e adjacências) por um aroma gostoso de chocolate. Os mais amedrontados ainda hoje pensam que o cheiro vem da fábrica fantasma do Jardim Vitória, mas já se sabe que o cheiro, na verdade, vem da linha de produção da fábrica da Nestlé, no Distrito Industrial de Itabuna.
[Colaborou: Eric Thadeu]

A Ilha do Jegue


A ilha fluvial do rio Cachoeira, cujo restos ainda hoje podem ser observados ali em frente ao Ed. Módulo Center (onde também está localizada a Passarela da Ilha do Jegue), ocupava uma área coberta d vegetação com cerca de 2 hectares.

Foi chamada de Ilha da Marimbêta, Ilha do Capitão Aristeu, Ilha Temistocles, passando a ser chamada, com o passar das décadas, de Ilha do Jegue. As primeiras denominações originaram-se dos seus proprietários. "Marimbêta", por fazer parte da propriedade de mesmo nome, pertencente a Félix Severino do Amor Divino, seu primeiro dono; "Temistocles" Lisboa foi outro proprietário; "Aristeu" por ter sido arrendada ao capitão Aristeu Marques, antigo delegado de polícia da cidade, que ali montou um estábulo com uma pequena chácara.

Segundo o jornalista Ederivaldo Benedito, a "Ilha do Jegue" recebeu esse nome exatamente por causa da história do jegue que ficou preso na ilha durante a enchente de 1967 e morreu afogado. Contudo, esse evento apenas ratificou o então apelido da ilha que, inclusive, até aquela época tinha uma extensão maior. Roceiros e fazendeiros, antes da enchente e em anos anteriores, levavam os seus animais para pastarem por sobre a ilha, até o fatídico mês de dezembro de 67, quando o centro da cidade foi tomado pelas águas do Rio Cachoeira. O nome "Ilha do Jegue" já estava na boca do povo, na mesma perspectiva de que muitos itabunenses, durante muito tempo, chamavam a Rua Adolfo Maron de "Rua da Doll", devido a uma loja de vestuário feminino que, durante os anos 90, fez muito sucesso na cidade.

Tendo sua extensão cada vez mais diminuída ao longo dos anos, a Ilha do Jegue praticamente desapareceu, até que, no quinto mandato da gestão do prefeito Fernando Gomes, foi construída no local uma passarela de pedestres interligando o estacionamento da Câmara Municipal de Itabuna com a Avenida Firmino Alves (Beira-Rio, próximo ao Edifício Módulo Center). O pilar central da passarela foi fincado em cima da "Ilha do Jegue" e o prefeito oficializou o termo como nome do novo acesso entre os dois lados do Rio Cachoeira. A partir de então, todos os itabunenses e visitantes da cidade passaram à possibilidade de se sentirem "em cima" da ilha, na Passarela da Ilha do Jegue, atualmente um dos cartões postais da cidade.
[Colaborou: Eric Thadeu]

Valdelice Pinheiro, poeta e artista plástica


Antes de ser professora eu sou poeta, eu sou artista, este ser que não precisa se comprometer com nada porque ele próprio, por si, já é o olho mágico que descobre o presente, que recria o objeto e o fato para o ângulo maior da história".

Valdelice Pinheiro Valdelice Soares Pinheiro nasceu em Itabuna, a 24 de janeiro de 1929. Filha de prestigiada família de desbravadores, estudou o primário em Ilhéus, em colégios como Nossa Senhora da Piedade e Colégio Municipal de Ilhéus. Licenciou-se em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foi diretora da Faculdade de Filosofia de Itabuna (antiga FAFI) e lecionou Estética e Ontologia na UESC - Universidade Estadual Santa Cruz. Como poetisa, publicou dois livros: "De Dentro de Mim" e "Pacto". Mas possui uma significativa obra inédita, poética e filosófica, prevista para futura publicação póstuma pela UESC.

Sua poesia de traço intimista, filosófico e humanista mostra uma sensível preocupação com a natureza humana e as causas universalistas, tocada, principalmente, para a transformação dos valores, para a fraternidade e para uma visão reflexiva do mundo contemporâneo. Sensibilismo agudo expressado em conformidade com um lirismo leve e harmonioso, a poesia de Valdelice Pinheiro é dotada de questionamentos e indagações que fazem do seu processo criador um conjunto equilibrado entre poesia e ação, verso e matéria cotidiana, atestando, assim, o cunho filosófico que se molda na visão crítica do mundo e num sensível espírito que toma a poesia como causa maior que gesta o verso em cada respiração.

Faleceu em Itabuna, no dia 29 de agosto de 1993, deixando em todos que admiravam a sua obra o vazio da saudade de uma poetisa que fez dos seus versos a síntese do universo em que seus olhos de filósofa viam.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Sede do Banco do Brasil


Este belo prédio na Av. Duque de Caxias (esquina com a Rua Nilo Santana) foi a primeira sede do Banco do Brasil em Itabuna. Infelizmente foi demolido no começo do século, dando lugar a um estacionamento.

Juca Alfaiate


José Correia da Silva nasceu em 13/04/1922 na cidade de Aracaju (SE). Ainda criança, veio com seus pais para a Bahia, mais precisamente para Itabuna, onde por volta dos 13 anos, se tornou aprendiz de alfaiate, passando mais tarde a ser um renomado alfaiate para a nossa região durante cerca de 60 anos.

Foi um dos melhores jogadores, talvez o melhor centroavante (atacante) no período de 1938/1950. Jogou pelo Grêmio Esportivo Itabunense, pela Associação Itabunense, pelo Botafogo (Salvador) e também pelo Clube de Regatas do Flamengo (Itabuna). Casado com D. Isabel durante quase seis décadas, dividiu com a mesma, muitas pistas de dança, onde com seus passos únicos, faziam da música uma terapia e um divertimento constantes.

Em 1989 recebeu o título de Cidadão Itabunense. Sempre considerou-se um itabunense de coração. Pai de 8 filhos, avô de 15 netos e vários bisnetos, compartilhava com todos o seu jeito ímpar de ser. Com espírito jovem, carismático, amigo, soube passar para todos experiência, humildade, simplicidade, otimismo, segurança e a certeza de que vale a pena viver. Juca faleceu aos 85 anos na Sexta-feira da Paixão de 2006.

Ação Fraternal de Itabuna


Certamente a instituição de ensino mais tradicional de Itabuna, a Ação Fraternal de Itabuna (AFI) foi criada por Dona Amélia Amado em 13 de junho de 1947 e ainda hoje permanece em plena atividade.

Titio Brandão


O radialista Antônio Brandão de Jesus nasceu a 11 de maio de 1927, em Feira de Santana. Atuou nas principais emissoras de rádio AM do sul da Bahia, começando pela Rádio Cultura de Ilhéus, onde comandou o programa de auditório direcionado ao público infantil "Nossa Gente Pequenina", no Clube dos Comerciários, e onde ganhou o carinhoso apelido de "Titio Brandão". Trabalhou nas Rádios Clube (hoje Nacional), Jornal e Difusora em Itabuna.

Em 1957, veio para Itabuna a convite do então radialista na época, Lourival Ferreira, para trabalhar na Rádio Clube. Logo conquistou espaço como locutor e no comando de programas de auditório nos cinemas e nos clubes da cidade, inclusive em bairros e praças públicas, como o programa "O Bairro se Diverte", sucesso de público e preferência das crianças. Nos programas de auditório, trouxe muitos artistas famosos para Itabuna, como Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Altemar Dutra, Nelson Ned, Elza Soares e outros.

Foi também um homem sensível com as causas sociais, abnegado, lírico, a povoar os sonhos infantis, vestido de Papai Noel, distribuindo presentes, numa Campanha de Natal - em favor das crianças carentes - que repetiria, religiosamente, durante 25 anos ao lado do companheiro e amigo Nicácio Figueiredo. Só deixou de realizar as campanhas natalinas quando os problemas de saúde já não lhe permitiam. Em 1962, Titio Brandão, teve um mandato de vereador pelo extinto MDB (Movimento Democrático Brasileira). Exerceu o cargo até 1966.

Titio Brandão foi casado por 46 anos com Cleonice Brandão de Jesus, teve nove filhos e muitos netos. Faleceu aos 72 anos em 19 de abril de 2000.

sábado, 11 de abril de 2020

Ramon Vane, ator, advogado, poeta e artista plástico


Durante mais de 40 anos o Teatro regional contou com esse gigantesco talento deste verdadeiro artista, natural de Buerarema. Nascido em 17 de janeiro de 1960, Ramon Vane Santana Fontes foi um dos fundadores do Grupo de Arte Macuco, que agitou o cenário teatral na Região Cacaueira, principalmente no eixo Buerarema/Itabuna/Ilhéus, ao lado de atores como Gal Macuco, Eva Lima, Jackson Costa, José Delmo e outros. Mas não era só isso: também foi advogado (e atuava nessa profissão!), poeta e artista plástico. Mas foi mesmo como ator que ficou mais conhecido, principalmente com seu personagem mais famoso, o "Louco". Além de dezenas de atuações nos palcos, também foi com ele que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante no 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no filme O Homem Que Não Dormia, de Edgard Navarro. Resgatamos uma entrevista "quase inédita" (estava offline há vários anos, lançada em um portal sobre Itabuna que não existe mais), realizada em 17 de janeiro de 2003, dia em que, comemorando seu aniversário, lançou seu livro de poesias Pé No Chão e Flores de Verão. Ramon Vane Faleceu em 15 de janeiro de 2017, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Seu primeiro livro de poesia "Pé No Chão e Flores de Verão" pode ser definido como regionalista?
Sim, tomando por base o canto que faço destas glebas grapiúnas, embora transcenda os limites quando peregrina pelos assuntos mundanos que de qualquer maneira se filtram nesta geografia. Há um passeio sobre a existência do homem sobre a terra, sobre suas criações, sutilezas do seu viver, especulações sobre o "logos" deste viver - prosperidade e posteridade, a natureza, as desilusões e esperanças, tanto que o título nos encaminha para essas apreciações: "Pé No Chão" seria então o que razoavelmente pode-se explicar, sem que a explicação seja do fenômeno do ser, das coisas, pairado para ser dissecado na praticidade requerida; e, "Flores de Verão" abriga os devaneios da alma, emoções efêmeras ou eternizantes, poeiras filosóficas, busca de verdades, mística até!

Meus personagens, como o trabalhador rural em "Jesus Cacau"; como "Zé Pré Que Té", em "Magia Mata Atlântica"; "O Menino da Favela"; os pioneiros da Educação em Buerarema, os artistas, o padre, o pastor, os loucos em "Buerarema Macuco Jequitibá", também levam a obra a ser priorizada como grapiúna. Se questiono a Serra do Jequitibá também falo dos Andes, ou se digo bem-me-quer, também canto a rosa. Mas questiono a paz no mundo e as sujeiras que os homens fizeram no campo da paz, tão excessivamente danosas e desprezíveis, o que torna a obra universal.

Você também é bacharel em Direito, advogado, ator e diretor de teatro, artista plástico, garoto propaganda, como convive com tudo isso?
A poesia apareceu primeiro, e como um grande farol alimenta minha vida de fé e me deixa conviver tranqüilo com a ciência do direito. Tanto porque minhas especulações literárias cada vez mais agigantam a minha visão de mundo, quanto porque aumenta o meu conhecimento das letras, das linguagens, da comunicabilidade, tão essenciais na práxis jurídica. O direito é o homem civilizado e contemporâneo e a arte o seu fazer cultural. Não querendo afastar outros conhecimentos da cultura, mas aproximando cada vez mais a verdade que a arte é a maior expressão da cultura. A modalidade "arte" então funcionando como o universo do fazer, o domínio de suas técnicas e o primor de suas descobertas.

Ser advogado implica obedecer uma ética que traduz a satisfação de reparação de um direito, um dever, uma obrigação através da justiça. Justiça igual ao supremo valor de equilíbrio na convivência humana. Ser artista é fazer da política, o existencial. A partir da observação feita por Brecht, que uma folha que cai naturalmente da árvore, modifica a paisagem, e aí se encontra um ato político. O artista é justamente o que modifica. E, portanto, tem tanto a oferecer à ética, vista como o escopo do bem fazer, da busca do bem, oferecendo até exemplo de ética. Então, o advogado trabalha num campo de urgência necessidade pelos humanos na aplicação da justiça. E o artista labora com todas as manifestações de necessidade ou não da humanidade, mas tão intrínseco para o seu entendimento, muitas vezes transcendendo os basilares filosóficos ou históricos, cujo efeito exterioriza a sabedoria que o homem chega a atingir em tais épocas, lugares...

Você tem influência de algum outro poeta? Gente na família que também escreve? Convive com alguma escola literária? Quais seus métodos, se assim, podemos chamar do construir um poema?
Acredito que não. Mas para um poeta-leitor essa resposta é ineficiente. Leio Drumond, Gregório de Matos, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Fernando Pessoa, Paulo Leminsky, Jorge Mautner, autores do Tropicalismo, (ultimamente leitor da Revista Cult) entre outros e cada um com seu manancial definido, criticado e estudado em suas nuances particulares, mas tão marcadamente pelo tempo, séc.XIX e XX cujo criticismo plural delineia os males e as buscas de argumentos salvacionistas deste tempo. Na minha família, meu avô (falecido), meu pai (falecido), meu tio paterno Ivo Fontes escreveram poesias, este último ainda escreve e publica nos jornais regionais. Nenhum com expressividade maior que produções de auto-consumo e limitada área de produção. Em 1976, fundei junto a Gideon Rosa e outros, na minha cidade o TLTB - Tablado Literário e de teatro de Buerarema, que se pretendeu fazer escola: intercâmbio com o Movimento Poetasia de Alfredo Simonetti, Damião, (SP), exercícios de criação a partir de temas comuns, jornaleco mensal, e pronto!

O grupo de Arte Macuco possivelmente tenha sido uma escola, no momento em que nos juntamos para fazer arte, para promover arte, como foi o caso dos 14 anos ininterruptos de "Feira de Arte de Buerarema", 1977-1991. Acredito muito na minha intuição, onde o que vem à tona, isto é, o momento em que pego a caneta ou o teclado para escrever, traz uma idéia que parece verso, que parecendo vezes nascem prontos. Lembro de Jean Genet quando diz que a emoção estranha até ao poeta é a poesia no seu mais profundo nascedouro. Assim, o poeta desconhece até mesmo aquela emoção que lhe veio absurdamente poética.

Pé No Chão e Flores de Verão são poemas que estão no livro, o propósito do que você se referenciou à razão e à emoção (acima) em relação à obra, também quer dizer que os poemas trazem essas conotações de per si?
Sim. "Pé No Chão" quer dizer uma situação de lucidez, uma pessoa lúcida, é sempre uma pessoa razoável. O que não significa do que desastroso possa ser a existência desta temerosa realidade, tendo como temos, a flagelação dos mais altruístas da razão. Sobremaneira canto a busca da paz, sem contudo deixar de dizer que é também cáustico ser lúcido, tão tempestivamente heterodoxo, mas tão compensador. E "Flores de Verão" parece metáfora, parece também que me refiro a flores que brotam apenas nesta estação. É minha maneira de ser otimista e cantar o belo em suas nuances próprias de fenomenalmente existirem. Mas também "verão" quer dizer de uma estação onde o colorido, o narciso, o descanso, estão em voga. São emoções comprometidas com a alegria e a iluminação que são irradiadas.

"Pé No Chão" eu questiono as adversidades criadas pelos poderes para a comunidade e a pessoa individualizada, submissa e limitada aos preceitos dos que tomam conta da administração estatal, clamando em cada verso a tomada de consciência, desta lucidez, para que possamos atingir o que de imaginário contem a liberdade, a conquista, a esperança, o equilíbrio social, a paz e o amor. "Pé No Chão" foi criado em 1980, justamente quando no Brasil institucionalizava o projeto de "Abertura" para sair do marasmo das idéias militantes e militares do aburguesado momento ditatorial desta nação.E ainda continua atual pois reclama a altivez humana em detrimento das políticas conservacionistas, patrulhas ideológicas, censura de qualquer forma que crassa o universo político estabelecido.

Tocou em política, permita uma opinião sobre Lula e o destino do País.
Acredito que será paulatinamente mudado o Brasil a partir deste próximo governo. Não é inviável o governo que pretende este líder que se diz esquerda vai dar à Nação. O que temo é sua tendenciosa fragilização operacional, cedendo cada vez mais aos mecanismos criados e fazendo conchavo com pessoas que já foram inteiramente comprometidas com outros modelos de governo. Tanto que há uma opinião formalizada por muitos críticos políticos de que o medo institucionalizado pela direita contra o PT, principalmente quanto à dívida estrangeira (FMI), latifúndios e propriedades abandonadas ou mesmo terras devolutas (reforma agrária), a erradicação da pobreza, o analfabetismo, e que tais resoluções poderão tornar-se excessivamente violenta ou hostil com as classes dos poderosos, gerando uma guerra civil. E, está bem claro, que não é este o escopo de toda luta, em escpecial, ultimamente, do nosso líder. Mas não haverá milagre de podermos em curto espaço de tempo termos o porvir que os educadores (ou pensadores modernos e iluminados) almejam.

Quais os gêneros literários que mais lhe atraem? Você se acha inserido nestes gêneros?
O Realismo-fantástico, porque seus criadores e seguidores nos dão uma visão maior dos acontecimentos, com possibilidades explicadas pela fé, pelo que acreditam seus personagens, enriquecendo o que se quer contar. Sim, eu me acho inserido, quando, por exemplo, no poema "Magia Mata Atlântica" , eu referencio as lendas nacionais e na lenda toda criação é possível., para dizer da dimensão que é o problema ecológico e a necessidade de uma nova postura para com o nosso meio-ambiente.

Você homenageia pessoas como Profa. Rita Fontes, Geraldo Vandré, por quê?
Eu apenas dediquei "Itabuna de Corpo e Alma" a Tia Rita, porque sendo a primeira mulher baiana a candidatar-se, a primeira vereadora (mulher) de Itabuna, uma história de educação cristalizada pelo seu corpo docente que marcadamente deixou tais legados a história desta cidade. E muito me apraz ter dedicado a ela, conquanto no poema saúdo como uma grande luz outra mulher, a filósofa Valdelice Pinheiro, são valores que em si encerram infinidade poética. Geraldo Vandré eu faço uma elegia, pelo mito, pela fase que se instaurou este mito, pela sua vida e influencia no todo.

Autor do Hino de Liberdade "Para Não Dizer Que Não Falei das Flores", nos anos 60, virou material do meu devaneio poético. E, tantas reminiscências que em outros poemas vão fazer presentes tantos e quantos artistas sejam do universo que de uma maneira ou de outra entram na espiral do meu devaneio.

Como você acha que será absorvido o seu livro aqui na região?
Acredito que vai ser um produto vendável, porque é formado por metade de poemas conhecidos e que são festejados com muito aplauso pelo público regional, são repetidos por estudantes, outros poetas, muitos foram musicados, como por exemplo, "Prosoema Pra Ocê Ará", virou rap com Jackson Costa e Carlinhos Brown, em 1994, no CD Timbalada II; "Aracauã", virou reggae-canção com Ébano; "Vodka" virou rock, com Luiz Coelho; "Línguas", virou fado com Fernando Caldas... quem é fã vai querer e já somam muitos fãs. São 500 exemplares, vou ter que trabalhar uma segunda edição, com certeza.

E, 30 poemas são inéditos. Tem um mesmo de quatro folhas, que é o poema que mais estou curtindo até agora, talvez seja o que direi no lançamento... questiono meu próprio viver e comparo-me a uma árvore, preferindo salvar-me mesmo se for através de um raio daqueles que decepam milenares carvalhos, oliveiras, e/ou jequitibás... ou seja mesmo uma forma de expressar meu perquirir encontrar um outro lado que não esteja com a filosofia, a religião, mas dentro do antropológico, tão ainda dentro de focalizações repetidas, mesmas fórmulas, sem permissão do outro lado, um lado ainda não questionado, um lado perfeitamente capaz de revolucionar tudo que já apareceu! 

Obs: O perfil de Ramon Vane no Facebook continua online, com centenas de fotos e comentários, pois ele era um grande usuário dessa plataforma. Visite: https://www.facebook.com/ramonvane.santanafontes 









sexta-feira, 10 de abril de 2020

Nilton Lavigne


Nilton Lavigne (1945-2019) nasceu em Itajuípe. Graduou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia de Itabuna (FAFI).  Foi professor assistente da UESC. Diretor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas e Coordenador do Colegiado do Curso de Filosofia  (UESC). Teatrólogo, diretor, ator, escritor, poeta e artista plástico.

Em 2013 laTraços das minhas vivências - Sumário Nilton Carlos Borges Lavigne 2013 / 207p. / R$ 15,00/ 15x22 cm ISBN: 978.85.7455.116-3 A obra apresenta relatos vivenciados pelo autor ao longo de sua vida. As situações são narradas de maneira aleatória. Nilton Lavigne oferece ao leitor a oportunidade de mergulhar em suas vivências por meio dos temas abordados sutilmente como sentimentos, lembranças e experiências.

Milton faleceu em 27 de junho de 2019, por complicações cardíacas. Deixou órfã toda uma geração de alunos, amigos e fãs

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Plínio de Almeida, um homem de muitos talentos e ofícios



Poeta, orador, jornalista, artista plástico, desenhista, político, professor, apaixonado por pássaros, Plínio de Almeida era visto pelos amigos e pela comunidade de Itabuna como um homem de muitos talentos e ofícios. Nascido na velha cidade dos engenhos de cana-de-acúcar - Santo Amaro, na Bahia, com uma grande família de nove filhos, veio para Itabuna em 1951. Como professor, homem de letras e artista plástico, Plínio de Almeida participou de muitos eventos culturais na cidade. Foi membro da Academia de Letras de Ilhéus e da Academia Castro Alves. Pertenceu também à instituição artística literária "Casa Euclidiana", da qual era o único Embaixador no estado da Bahia em 1967.

Como jornalista, foi redator do jornal "O Estado da Bahia" e do "Diário da Bahia"; Colaborador do jornal "A Tarde". No Rio de Janeiro, escreveu para as revistas "Vida Doméstica" e "O Malho" e trabalhou para a "Rádio Nacional" Publicou "A Grande Mensagem", "Datas históricas de Santo Amaro", "Poetas da Emoção e da Saudade", "Asas", "Fulô de Pau D'Arco" e o romance "Chão de Massapê". Participou também de várias antologias de poetas baianos de várias gerações. E, 1936, foi enviado a Portugal como "Embaixador da cultura Baiana". Como artista plástico realizou muitas exposições no Brasil e no exterior.

Exerceu o ofício de professor por muitos anos em Itabuna. Lecionou no colégio Divina Providência, foi sócio efetivo do Conselho Nacional Geografia e correspondente da Sociedade de Geografia de Montevidéu. Morreu repentinamente do coração durante uma exposição de um artista plástico estrangeiro que ele apresentava à comunidade grapiúna.

Texto: Genny Xavier 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Banda Energia Azul - Raízes do Cacau


A Região Cacaueira já produziu grandes músicos. Mas curiosamente nunca teve uma produção fonográfica equivalente, com dezenas de lançamentos, como acontece em outras regiões do interior do Brasil (algumas das quais, com centenas de lançamentos). Mas existem as suas pérolas, sim senhor! Uma dessas é o compacto duplo RAÍZES DO CACAU, da banda Energia Azul, lançado em 1984. Liderada pelo talentoso João Veloso, o quarteto sempre teve um som com os dois pés no regionalismo, mas com alguns toques da música Pop e do Rock. Pode-se dizer que é uma espécie de Jethro Tull das terras do cacau.

Para quem viveu em Itabuna e cidades vizinhas nos anos 80, é impossível não ter conhecido o grande "hit" que dá nome ao disco. Tocava em rádios, era obrigatório nas apresentações e também nas emissoras de TV que passaram a surgir desde então. Hoje, nos tempos de Internet, são raras as pessoas que da nova geração que conhecem o som incrível da Energia Azul. Mas esse compacto, que hoje é raridade (nunca lançado em CD, nem nas plataformas digitais) mostra o quanto a banda era bacana, representando com muita propriedade e sensibilidade o espírito da cultura da Região Cacaueira da Bahia.

LADO A
"Sinfonia da Mata" (João Veloso)
"Casco da Lagoa" (Zé Henrique/Toni)

LADO B
"Raízes do Cacau" (João Veloso)
"Guerreiro do Sol" (Zé Henrique/Joan Nascimento)

Joan Nascimento (violão, vocal), João Veloso (flauta transversal, ébano, vocal), Zé Henrique (percusão, vocal) e Marcelo José (percussão, vocal). O disco contou também com participações especiais: Luiz Caldas (viola, guitarra), Carlinhos Marques (baixo), Alfredo Moura (teclados), Cesinha (bateria, congas) e Espiga (percussão).

Ainda na ficha técnica, temos nomes como Tica Simões (coordenação de produção), novamente Luiz Caldas (arranjos e direção musical), Fernando Goudlach e Nestor Madrid (técnicos de gravação e mixagem, além da própria banda Energia Azul (arranjos vocais).

O disco é caprichado não só na musicalidade, mas também na capa, com uma bela foto retratando a "Dança dos Pés/Pisoteio do Cacau), uma cena muitíssimo comum para quem conhece as fazendas de cacau da região. Gravado nos estúdios WR, de Salvador, que na época contava com uma moderníssima mesa de 16 canais, é parte do Programa de Incentivo Cultural mantido pela Prefeitura Municipal de Itabuna, durante o mandato do prefeito Ubaldo Dantas - lembrado até hoje com muita nostalgia pelos artistas, por ter sido provavelmente o mandatário que mais investiu na Cultura na história de Itabuna.

João Veloso faleceu no dia 16 de junho de 2013 em Ituberá, no Baixo-Sul baiano, após quatro anos de tratamento de hepatite e ser acometido por uma cirrose medicamentosa. Muito ouvido nos anos 80 e 90, pouco ouvido hoje, deixou pelo menos esse belo registro, que ainda hoje impressiona os felizardos que possuem esse disquinho.




Rua da Lama


Esta é a Rua J. J. Seabra em 1937, também conhecida como “Rua da Lama”, principal veia comercial de Itabuna, hoje chamada Av. do Cinquentenário.

Arraial de Tabocas


1898 - Imagem rara que mostra o início do Arraial de Tabocas, onde hoje é a Praça Olinto Leoni. A enchente de 1914 destruiu tocalmente esse trecho histórico. (Foto da coleção de Adelino Kfouri)

domingo, 5 de abril de 2020

Elza Soares em Itabuna


O grande produtor de shows dos anos 60 em Itabuna era o radialista Titio Brandão, que trazia artistas de sucesso para se apresentar no seu programa. Na foto, a cantora Elza Soares no Grapiúna Tênis Clube.

sábado, 4 de abril de 2020

Cadeia Pública


Praça Tiradentes (hoje Praça Laura Conceição), com a Cadeia Pública Municipal ao fundo. Esse prédio se transformaria na Casa do Artesão, atuamente sede da FICC (Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania).

sexta-feira, 3 de abril de 2020

O cantor Manoel Dias


Programa “O Bairro Se Diverte”, de Titio Brandão, no Bairro de Fátima. O cantor Manoel Dias soltando seu vozeirão, com o grupo Lord Mirim. Tambem dá pra ver os lendários Nicácio Pereira e Weldon Setenta.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Banda Além do Sério


Nos anos 80 os roqueiros de Itabuna curtiam um som ao vivo com a irada banda Além do Sério, a única da cidade a lançar um LP. O vocalista Lula Palmeira continua firme na produção de eventos.

quarta-feira, 1 de abril de 2020