quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ramiro Nunes de Aquino


Ramiro Nunes de Aquino foi um dos desbravadores de Itabuna, tendo aportado por estas bandas em 1891, então com 25 anos. Começou a trabalhar com Francolino Conrado Sandes, que mais tarde viria a ser seu sogro. Para se deslocar para as terras inóspitas do Sul da Bahia o sergipano Ramiro vendeu seu único bem, um boi, que lhe garantiu recursos para a viagem, tendo aqui chegado com apenas duas mudas de roupa.

Com seu caráter e honradez não foi dificil conseguir emprestado com seu amigo e conterrâneo de Vila Cristina, Firmino Alves (que viria a ser o fundador de Itabuna), a quantia de 800 mil réis, que serviram para a compra de sua primeira fazenda, a "Duas Barras", ainda hoje de posse dos herdeiros. Econômico, honesto, equilibrado e trabalhador o jovem Ramiro logo com a primeira produção pagou o empréstimo e começou a construir um patrimônio de muitas fazendas de cacau e pecuária, tudo com o suor do seu trabalho e sem disparar um único tiro ou ter jagunços a seu serviço, como era comum naquela época. Em 1899 casou-se com Avelina Sandes, prendada, bonita e extraordinária figura humana, filha do seu primeiro patrão e amigo e que viria a emprestar ao marido um apoio inquestionável em sua vida. D. Avelina foi uma das fundadoras da Associação das Senhoras de Caridade.

Não tinha vida social intensa nem se preocupava com elegância, mas era religioso, católico praticante e gostava de visitar e receber amigos. D. Avelina costumava dizer que ele melhorou a caligrafia avalizando notas promissórias para os amigos em dificuldades, muitas das quais teve que honrar. Apesar de homem de poucas letras gostava de ler obras religiosas sobre a vida dos santos, sendo admirador de Dom Bosco e Santo Agostinho, embora devoto de São Vicente, tendo sido um dos fundadores da Sociedade São Vicente de Paulo, em Itabuna, responsável, dentre outras obras sociais, pela construção do Colégio Divina Providência. Ramiro Nunes foi presidente da Sociedade São Vicente de Paulo por 20 anos (1922-1942).

Por sua atuação na comunidade, por seu passado honrado e pela extraordinária figura de pioneiro e desbravador, a cidade de Itabuna homenageou Ramiro Nunes de Aquino dando o seu nome a uma rua no Bairro do Pontalzinho.

A jornalista Helena Mendes no seu livro "Figuras e Fatos de Itabuna", disse o seguinte sobre Ramiro Nunes: "Um dos homens mais singulares, mais interessantes e mais atraentes da história de Itabuna foi o bom e humano Coronel Ramiro Nunes de Aquino que, por uma série de razões, ocupa lugar próprio entre os pioneiros que se deslocaram do Nordeste para domesticar, para amansar, para desbravar as terras do Sul da Bahia".

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