domingo, 31 de maio de 2020

Ouça aqui 07 álbuns importantes de Itabuna no Spotify



Apesar de tantos artistas talentosos, Itabuna e região estão representadas de maneira muito discreta na principal plataforma musical do mundo, o Spotify. 

Confira aqui alguns (poucos) álbuns importantes da nossa história. Tomara que em pouco tempo, outras pérolas fonográficas da nossa terra sejam lançadas em formato digital. Caso você possua conta no Spotify (mesmo uma conta gratuita), será possível ouvir esses discos na íntegra. 
 
Walter Benício - Solar (2017)
   

 Marcelo Ganem - Serra do Jequitibá (1985)
   

 Lordão - Garante Dance! (2010)
   

 Cacau com Leite - Volume 1 - Forró (2000)
   

 Os Caras do BNH (2015)
   

 Emerson Mozart - Juntos Pode Ser Perfeito (2016)
   

 Fernando Caldas - Lampejo (2015)
 

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Sabará, o mestre da bateria

Entrevista concedida a Marcel Leal no Programa Mesa Prá 2, na Rádio Morena FM (www.morenafm.com) em dezembro de 2013.

“Devo ter uns 65 anos de bateria, desde aprendiz” afirma Aldamiro Leôncio da Silva, que você só conhece pelo apelido, Sabará. Professor e mentor dos maiores bateristas que passaram pelo sul da Bahia, Sabará, do alto de seus mais de 80 anos, mantém um bom humor e uma simpatia inabaláveis.
Inteligente e cheio de talento, ele chegou aos 80 anos com o mesmo entusiasmo da juventude. Sabará bateu um papo com o jornalista Marcel Leal no programa Mesa Prá2 (quartas, 15h) na rádio Morena FM. E contou boa parte da história musical da região. Confira.

Como surgiu o nome Sabará?
Eu jogava futebol, principalmente nas areias da praia e, paradoxalmente, eu jogava igual a um jogador do Vasco na época que tinha esse nome. Para quem é flamenguista, imagine, tenho carregado esse pseudônimo ao longo da minha vida.

Há quanto tempo você toca bateria?
Não tenho certeza, mas deve ter uns 58 anos de bateria e como aprendiz já passa de 65 anos.

Você já formou vários bateristas.
Vamos começar com os que estão lá fora. Tem Bruno, um menino, filho de Picolo, um grande baterista que vive da música. Temos Claudio Kron, que mora há mais de 20 anos na Inglaterra e brilha muito no exterior. Quando vem ao Brasil me visita. Na última, me trouxe uma bateria em miniatura.

Tem mais gente na Europa, não?
Na Itália temos Tadeu Oliveira, cujo pai tocava saxofone em bares. A mãe dele trabalhava no Sitio do Menor e nos aproximou. Ele era muito tímido e tremia quando chegava perto da bateria. Hoje é um grande musico também. Na última visita me trouxe uma garrafa de vinho. Eles não me esquecem.

E os ex-alunos daqui?
Em Salvador temos na banda Araketu um baterista que foi nosso aluno. E Tiago Nogueira, que está com Margareth Menezes e é outro grande baterista. Também saiu de nossa escola. Tiago começou com 12 anos de idade, trazido pela minha amiga Gilka, grande pianista.

Como foi sua carreira como baterista?
Comecei no Rio de Janeiro, no Clube Realengo, ainda novo, e toquei também no Hotel Quitandinha, como percussionista. Toquei com Breno Sauer, um maestro gaúcho espetacular. Vim para Ilhéus e fui contratado para tocar na Boate OK Night Clube. Lá havia um baterista chamado Carlito, magérrimo, mas um baterista que me impressionou. Quando o vi tocar fui tomado de uma emoção grande. Mas Valença, Ilhéus e Canavieiras são um celeiro de músicos. Eu me lembro do professor Florisvaldo, que tocava nas noites sem olhar para a partitura, um famoso trompetista. Ele foi quem me escreveu as primeiras notas para bateria e me ensinou como funcionava.

E depois da boate...
Ai me apareceu um famoso Germano da Silva, radialista na época que me convidou para tocar em Itabuna. Aqui encontro um músico espetacular, Mimide, grande guitarrista, e João Santos, o tio de Mimide e Vicente. Esses músicos se juntaram e formaram um quinteto. Modéstia à parte, porque eu fazia parte, tínhamos um trabalho espetacular. Fomos contratados por Sr. Nélson para tocar no Lord Hotel e foi dai que surgiu o Lord Show, na década de 60.

Fui eu quem contratou o Kokó e ele aceitou de imediato. O Lord Hotel era a sala de visitas de Itabuna, era a melhor sala e tinha uma música espetacular. É um círculo, porque as coisas boas vão sumindo. Tínhamos também o segundo melhor carnaval da Bahia.

Vamos falar de carnaval. Tivemos a segunda melhor festa da Bahia. Você entende bem de carnaval?
Sim, já fui jurado e em Itajuípe, por exemplo, tivemos os melhores micaretas do estado. Lá toquei noitadas espetaculares. Eu me pergunto como se perde uma tradição como o carnaval de Itabuna, que já foi um dos melhores. Acredito que se a festa voltasse com os afoxés, as escolas de samba, blocos improvisados... Se tivermos a sorte de encontramos gestores para resgatar essa tradição, é uma brincadeira barata, dá para fazer com pouco dinheiro e muita criatividade. Carnaval é alegoria simples.

Voltando à bateria, você nos mostrou um estudo. Explica aí
A neurociência já mostrou que tocar bateria alivia estresse, fadiga, hipertensão e fluxo sanguíneo, porque é um exercício aeróbico. Crianças que tocam bateria desenvolvem coordenação motora, concentração, autoestima e memorização, porque a música é uma ciência exata. Estou levando esse material para Ilhéus, na Tenda do Teatro Popular, onde darei 18 certificados a mocinhas e rapazinhos que concluíram o curso. Agora estamos lançando o curso para o público da terceira idade, para dar a eles não apenas o aprendizado, mas mobilidade e coordenação.

Como é usar a mão esquerda diferente da direita?
O fato de se exercitar a mão esquerda para fazer a mesma que a direita chama-se independência dos órgãos. O Tiago Nogueira é canhoto e quando foi meu aluno coloquei para tocar com a esquerda como a mão dependente. Hoje ele conduz a bateria com as duas mãos. É questão de exercício.
Se você quiser trabalhar a coordenação e independência, consegue. Polirritmia é a combinação de batidas e movimentos diferentes, onde uma mão trabalha independente da outra. Não existe uma só pessoa na face da terra que não possa ser um musico.

Do pessoal com quem você tocou, quem mais te deu prazer de tocar junto?
Na década de 60 tive prazer de tocar com muitos, cada um com sua maneira e interpretação. Mas um dos grandes foi o Booker Pittman, tocando jazz em Ilhéus. Bateram palmas. Eu não entendo como, porque já tínhamos bebido muito. (risos)

Você passa a impressão de que você se realizou mais ensinando do que tocando bateria.
Dei aula no IMEAM e para mim cada dia parecia melhor que o outro. Preciso me perguntar o que é indisposição e mau humor. Você foi na mosca, realmente dou aula com vontade incrível e me sinto mal se o aluno não pega. Quero que ele aprenda e brigo por isso.

Você vê diferença entre tocar num show e no estúdio?
No estúdio se usa mais a dinâmica e no show você tem um PA aberto. Já gravei aqui mesmo na Morena FM, como um dos “fundadores”, toquei aqui. Se você disser para eu entrar num estúdio para gravar, entro sem me preocupar, pois vou tocar com o que tenho em mente.

O que acha da bateria eletrônica?
Não é bateria para mim. A bateria eletrônica empesteou o mundo da bateria acústica e ela nunca fez a minha cabeça. Não quero ser radical, porque acho válida toda forma de conhecimento, mas fico com a bateria acústica.

Qual a diferença das antigas para as atuais?
Quase nenhuma. O que muda são os acessórios. Quando comecei esquentava o couro de boi para afinar. Hoje temos uma pele permanente, no inverno ou verão, temos bateria de madeira que você pode botar no gelo e ela toca normalmente. Mudou a tecnologia que ajudou os artistas. Eu tocava com um conjunto musical que não tinha PA (retorno) e cheguei em Conquista no final da tarde. Quando cheguei para tocar à noite, a bateria estava fria e não tinha som. Hoje você coloca na geladeira e ela toca.

Quem entra num curso com você, em quanto tempo pode tocar uma música?
Desenvolvi uma apostila aonde o aluno, já no primeiro dia, vai para a bateria. Descobri que o jovem chega na escola com as baquetas para tocar. Tem que levar um tempo para aprender, então ele aprende a pegar nas baquetas, aprende os tempos e se sente já realizado. Muitos já começam a tocar aos seis meses. Comprei um violão, uma caixa de som, escrevo alguns ritmos e começo a formar uma célula rítmica. Alguns deles se sentem músicos. É uma descoberta e isso me realiza.

Precisa ser forte para tocar bateria?
Precisa sim e não estou falando de músculos, mas de mente. É a técnica que faz desenvolver o processo. Existem músicas que exigem uma pegada mais forte, porque é a própria musica que exige. Eu gosto e ouço de tudo. Todos os ritmos pela necessidade de ouvir. Existe uma mistura e talvez por falta de conhecimento as pessoas misturam muito, é preciso ter sensibilidade. O axé, por exemplo, é uma marcha batida, mas muita gente não percebe isso.

Você acha que Itabuna é uma cidade ingrata com suas referências?
Não podemos bater que Itabuna é uma cidade ingrata, mas faltou há muito tempo pessoas que fizeram o que você fez quando instituiu o Troféu Jupará, que simboliza o reconhecimento aos valores, a arte, ao folclore e a tudo da nossa região.

O que faltou foram pessoas que valorizassem, reconhecessem e zelasse pelo nosso patrimônio. Quando falo que a cidade está acabada, é isso. Faltaram pessoas do meio para valorizar a história e a cultura. Temos hoje o Jupará e olhamos com orgulho, porque sentimos que fomos reconhecidos. Aqueles que deveriam ter feito não fizeram, mesmo com muito mais dinheiro.

sábado, 23 de maio de 2020

Maria Célia Amado



Maria Célia Amado foi uma artista da primeira geração modernista e uma das introdutoras da abstração na Bahia. Sua atuação tanto no ensino na Escola de Belas Artes da Ufba, quanto na sua produção artística, ajudou a renovar o cenário artístico e educacional na Bahia. 

No ensino, introduziu a criação livre e os exercícios compositivos com materiais e técnicas modernas e inseriu pela primeira vez a utilização de colagem na Escola de Belas Artes, possivelmente as primeiras experiências com colagens para fins artísticos no Estado. 

Desenhista, pintora e artista gráfica, ganhou maior visibilidade em 1955, com uma pintura mural para o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, a Escola Parque, em Salvador.

domingo, 17 de maio de 2020

Frei Joaquim Cameli, o grande construtor de igrejas




O Frei Joaquim Cameli nasceu no dia 01 de abril de 1930 em Ripatransone, Itália, e aos 24 anos de idade foi ordenado Padre, da Ordem dos Frades Capuchinhos. Ele faleceu em 10 de julho de 2017 aos 87 anos em Itabuna, no sul da Bahia.

No primeiro dia de fevereiro de 1967, Frei Joaquim Cameli, assume como Superior e primeiro pároco da recém criada Paróquia de Santa Rita de Cássia no Bairro São Caetano em Itabuna, que com a prescrição para a entrada em Canaã (observareis todos os mandamentos que hoje vos prescrevo), em 19 de fevereiro de 1967 toma posse, em Missa Solene concelebrada pelos Reverendos: Frei Joaquim Cameli, Frei Apolônio, Frei Maurício e Frei Justo. Na oportunidade, Frei Justo agradeceu a colaboração recebida de todos, e em seguida, fez a entrega de estola ao novo Vigário, que entusiasmado manifestou sua boa vontade de trabalhar espiritualmente e materialmente em prol da Paróquia.

A chegada dos Frades Menores Capuchinhos na cidade Itabuna aconteceu 1958 e em 1968. Foi tudo quando começou a criação da Paróquia Santa Rita de Cássia por Dom Antônio Caetano Lima dos Santos, ainda Diocese de Ilhéus (BA). No ano de 1979, em 14 de setembro, aconteceu a bênção do Cruzeiro no Monte Calvário pelo 1ª bispo da Diocese de Itabuna, Dom Homero Leite Meira e o sonhador e idealizador do Santuário Nossa Senhora da Piedade e Paróquia Santa Rita de Cássia, Frei Joaquim Cameli, onde o sonho de construir 27 igrejas no interior da Bahia estava só começando.

A paróquia Nossa Senhora da Conceição situada na praça dos Capuchinhos, em homenagem as Frades Capuchinhos, por exemplo, teve a mão abençoada do sacerdote construtor. Construído pelos Frades Capuchinhos, o Santuário Nossa Senhora da Piedade teve sua “pedra fundamental” colocada em 1980 e abençoada pelo então bispo de Itabuna, Dom Homero Leite Meira. A iniciativa da criação do Santuário foi do Frei Joaquim Cameli, que via no morro que ele denominara de “Monte Calvário”, um lugar próprio para a expressão religiosa de peregrinos.

Ao assumir como vigário, Frei Joaquim Cameli com a participação dos religiosos, comunidade e público em geral, deu continuidade a construção da Igreja Matriz Santa Rita de Cássia. Como exemplo pode-se citar a construção de 14 Capelas distribuídas nas diversas bairros da cidade. Hoje, algumas destas comunidades já foram desmembradas da Paróquia Santa Rita de Cássia e possuem vida paroquial própria como paroquias são elas: Nossa Senhora das Vitórias, bairro Jardim Vitória, Senhor do Bonfim, bairro Jardim Primavera com as respectivas comunidades (Capelas). Em 1988, Frei Joaquim foi substituído pelo Frei José Raimundo da Silva Oliveira, o Frei Joaquim Cameli foi transferido para a cidade de Jaguaquara na Diocese de Jequié (BA), onde também manteve o seu estilo de construtor e ergueu mais 14 Igrejas, sendo que uma delas se tornou a Paróquia Maria Auxiliadora, no centro da cidade de Jaguaquara, no sul da Bahia. O município tem mais de 40 comunidades. No ano de 2006, retornou à sua Paróquia amada onde atuou e residiu com seus irmãos até o dia do seu falecimento. Desde o dia 18 de dezembro de 1954, quando recebeu a sua ordenação, Frei Joaquim Cameli dedicou todos os seus 87 anos de sacerdócio ao serviço do Evangelho e aos seus irmãos. Testemunhando de forma genuína e motivadora a mensagem de Jesus, praticando os seus mandamentos e transformando a vida de todos àqueles que têm a felicidade de conviver com ele. Em mais de 55 anos de serviço ao Evangelho, mais da metade foram dedicados a Paróquia Santa Rita de Cássia. Itabuna, Jaguaquara e toda a região ficaram gratificados pela presença do seguidor de Francisco de Assis, que ao longo dos anos ensinava a todos, os princípios de seus Mestres (Jesus Cristo e Francisco de Assis). Os leitos dos hospitais de Itabuna, as comunidades religiosas, os paroquianos da Santa Rita de Cássia e de outras paróquias por onde o servo passou, puderam desfrutar dos seus ensinamentos, das suas palavras amigas, dos ensinamentos e do seu testemunho cativante.

Frei Joaquim, por várias vezes foi homenageado com o Título de cidadão itabunense, pela Câmara de Vereadores de Itabuna. Ele também já recebeu uma homenagem numa das ruas no bairro Maria Pinheiro que tem seu nome. E da Faculdade de Tecnologias e Ciências (FTC), localizada em Itabuna, teve um reconhecimento como um contribuinte do desenvolvimento da Educação. Vale ressaltar ainda, que o Frei Joaquim Cameli foi o grande comunicador e apresentador do programa de rádio “A Voz de Santa Rita”, na antiga Rádio Clube, se destacando na Comunicação regional.

O Portal Católico e todas as pessoas que acompanharam de alguma forma, os ensinamentos deste homem, deseja que o testemunho deste servo de Deus, sirva como sinal de esperança e possibilidade para evangelizadores, pois Deus presenteou Itabuna, Jaguaquara e região com a presença de um ser iluminado por mais de seis décadas.

Informações: Haroldo Heleno- Blog Conselho de Cidadania e o site Portal Católico. net

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Gil Nunesmaia


Nasceu em Ilhéus, a 25 de outubro de 1913. Diplomado em 1938 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, exerceu profissão de médico analista desde 1939. Ocupou diversas funções publicas no campo de sua especialidade e da Educação. Foi Assistente da Cadeira de Biofísica da Faculdade de Medicina e Saúde pública de Universidade Católica de Salvador e Prefeito de Itabuna, onde residiu por muitos anos. Publicou muitos poemas, hai-kais e epigramas em suplementos e revistas de cultura. Participou de várias antologias poéticas e, em 1981, publicou "Intervalo", livro que reúne trabalhos em haicais, linha criativa preferida do autor, e outros poemas.

Faleceu em Itabuna, deixando uma obra leve, de ressonância inovadora, embora tenha publicado apenas um livro.

HAICAI
Nenhuma alegria
nas flores de vivas cores
sobre a tumba fria.

ELEGIA
Decanto, decanto
o canto, até sair o espanto
e ficar o encanto.

TRANQUILIDADE
Arroz na tigela
calma, fé, pleno amor na alma
flores na janela.a

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Nicodemos Barreto


Como proprietário da Fazenda Progresso, uma fazenda modelo para a época, toda ornamentada e com uma grande cachoeira do rio do mesmo nome, tendo outras interligadas, formava um conjunto. ao sul do município de Itabuna – entre elas - a “Progressinha”, “Santa Terezinha”, “São Bento”, “Duas Barras” “Buerarema”, “São Roque” e mais algumas que faziam divisa com o município de Buerarema. Nestas fazendas de cacau, ele colhia cerca de 40 mil arrobas do produto, quando o cacau era considerado o fruto de ouro e Itabuna a Capital do Cacau.

Mais tarde em parte dessas terras foram criados os bairros: São Judas Tadeu, Pedro Jerônimo (bairro que leva o nome do cidadão que adquiriu a Fazenda Progresso em mãos dos seus filhos) e São Pedro.

Na Fazendo Progresso, o empresário e agricultor Nicodemos Barreto recebia os seus amigos, para coquetéis, festas, levados a bebidas e churrascos e, também, para um bate-papo, tudo voltado para as questões e desenvolvimento regional, principalmente Itabuna.

Na fazenda também recebeu altas personalidades políticas da época, como o presidente da Nicarágua, Anastácio Somoza, Ademar de Barros, governador de São Paulo, Lomanto Junior, governador da Bahia, e outros.

Nicodemos mantinha na fazenda, para divertimento seu e dos familiares e amigos, um campo de futebol, local muitas vezes requisitado pelos desportistas, e até mesmo pelo time profissional do Bahia, que quando vinha a região gostava de treinar no campo da Fazenda que oferecia toda a segurança e conforto.

Na propriedade também havia um cinema onde muita gente da área rural, e até mesmo do centro de Itabuna ia assistir os filmes, percorrendo os dez quilômetros até lá, apesar de Itabuna contar, na época, com cinco cinemas: Catalunha, Marabá, Itabuna, Plaza e Oásis.

No inicio de sua carreira tinha também atividades políticas e era bastante solicito, atencioso e querido.

O comerciante e empresário ativo em Itabuna nos anos 50 e 60, Nicodemos Barreto, além de manter várias casas no comércio de Itabuna, também contava com uma agencia bancária de sua propriedade na Avenida Adolfo Maron, onde trabalharam figuras das mais conhecidas, como os senhores Antonio Nery, residente na Rua São Pedro, bairro de Fátima, Sebastião Machado, residente na 13 de Maio, centro de Itabuna, José Evandro, residente no bairro do Pontalzinho e Etevaldo Santana, que por muito tempo foi tesoureiro da Prefeitura de Itabuna, e que continuam residindo em nossa cidade, vivos e com muita saúde, apesar da idade avançada, para contar esses fatos

Após sua morte, sua fortuna entrou em decadência, pois seus filhos, apesar de terem contribuído com a comunidade, participando ativamente da vida social e política, não conseguiram mantê-la e seguir os passos progressistas do pai na área econômica.

Como exemplo, basta lembrar que Carlito comprou a então Rádio Clube de Itabuna (hoje Nacional) e a doou aos frades capuchichos e Fernando Barreto que foi vereador, vice-prefeito, prefeito por 6 (seis) meses e secretário de governo. Além desses, também foram importantes para a comunidade outros dois filhos: Alberto e Walter Barreto. Apenas um filho de Nicodemos ainda vive e reside na região: o jornalista José Walter Barreto, funcionário público federal.

Informações: José Evandro
Texto; Joselito dos Reis
Revisão: Gonzalez Pereira

Ramiro Aquino


Nome Completo:
Ramiro Soares de Aquino.
Nascimento: Itabuna em 05 de janeiro de 1944
Filho de: José Nunes de Aquino (Juquinha) e Aldemira Soares de Aquino
Casamento: com Nadja Sellmann Soares de Aquino.
Filhos: Renata e Ricardo

Fez o curso primário na Escola 10 de Janeiro da Professora Alzira Paim. A admissão ao ginásio e o ginasial no Colégio Divina Providência. O curso colegial no Colégio Estadual da Bahia (Central). Cursou somente os dois primeiros anos da Faculdade de Economia de Itabuna (FACEI).

No rádio iniciou suas atividades em março de 1963, na Rádio Clube de Itabuna, ao lado de Geraldo Borges Santos e Yedo Nogueira, como repórter esportivo. Trabalhou também na Rádio Jornal e na Rádio Difusora. No rádio fez de tudo: repórter/comentarista esportivo, apresentador de programas, noticiarista e diretor. Foi o primeiro repórter de rádio do Sul da Bahia a cobrir uma Copa do Mundo (Espanha-82), pela Rádio Sociedade de Feira e Clube de Itabuna, através de uma rede de emissoras que tinha ainda a Jornal do Comércio, de Recife e a Clube, de Salvador.

Em jornal começou fazendo o semanário estudantil O Fogo, em 1959, no Colégio Divina Providência, colaborou com a imprensa local na Tribuna do Cacau, onde manteve coluna esportiva, no Diário de Itabuna, no SB Informações e Negócios, que dirigiu por dois anos. Editou os jornais Equipe e IT. Fundou em 1981, com José Adervan, o Jornal Agora.

Em televisão foi um dos pioneiros da TV no interior com a inauguração da TV Cabrália, em 1987, quando foi o primeiro apresentador de telejornais da emissora e do interior baiano. Foi coordenador de jornalismo e permaneceu na emissora por 5 anos, tendo sido seu superintendente entre 1989 e 1992. Voltou à TV Cabrália em 1997 onde apresentou com grande sucesso o programa "Médico da Família", por um ano e meio. Já prestou serviços também à TV Santa Cruz como free-lancer. É também ator em comerciais de TV.

Na atividade literária escreveu o livro "De Tabocas a Itabuna - 100 Anos de Imprensa", lançado em setembro de 1999. No momento reune material para um novo livro, ainda sem título.

Atualmente suas atividades de comunicação estão voltadas para uma coluna semanal (Gente & Empresas) no Jornal Agora, um programa jornalístico (Jornal das Sete) na Rádio Morena FM, é editor do jornal Médico da Família, voltado para a área de saúde, presta assessoria de imprensa a várias empresas e é mestre de cerimônias de eventos públicos e privados. Colabora ainda com as revistas Vitória e Excelência e com o jornal A Região.

É funcionário aposentado do Banco do Brasil, onde trabalhou entre 1969 e 1996. Ex-Presidente da AABB-Caetité. Ex-presidente do Conselho Deliberativo da AABB de Itabuna. Ex-presidente do Lions Clube Itabuna-Centro. Ex-Diretor do Itabuna Esporte Clube. É secretário da Provedoria da Santa Casa de Itabuna desde 1994. Foi suplente de vereador pelo PSDB, exercendo o mandato entre agosto/94 e fevereiro/95.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Zildo Guimarães


Ele viveu pouco tempo (apenas 65 anos), mas fez muito mais pela cidade de Itabuna do que podemos imaginar. Zildo Pedro Guimarães era proprietário da Fazenda Baixa Fria, localizada no bairro batizado em sua homenagem, o Zildolândia.

Graças ao seu espírito autruísta, existem hoje várias unidades estruturais, sem as quais Itabuna seria uma cidade bastante vazia. Por exemplo, ele doou os terrenos onde foram construídos o Posto de Saúde Isolina Guimarães (Lactário), a Igreja Sta. Maria Goretti, a Estação de Tratamento da Emasa, o Campo da Desportiva (hoje Centro de Cultura Adonias Filho), o Grapiúna Tênis Clube e aquela praça ao lado da Ponte do Berilo.

Fundou também a Rádio Clube (pioneira do rádio local), o jornal Diário de Itabuna, o Bloco Maria Rosa (com amigos) e o próprio bairro Zildolândia.

Nasceu em 29/06/1918 (dia de São Pedro, por isso o nome Zildo Pedro Guimarães) e Faleceu em 05/03/1984, uma segunda-feira de Carnaval. Uma curiosidade: a Rua Zildolina Guimarães se chama assim por uma junção do seu próprio nome (Zildo) e o de sua mãe (Isolina).



segunda-feira, 4 de maio de 2020

Alobêned Airam


Filha de um casal de músicos, carreira que foi seguida pelos seus três irmãos, Alobêned queria ser médica veterinária e "caiu de paraquedas" na carreira artística. Cantava desde os oito anos de idade, mas apenas por diversão, sem cogitar ser profissional.

Os três irmãos da cantora seguiram carreira musical. O mais velho, Marcionílio, tocava na Banda Pike e foi um dos vocalistas da Banda Eva no início dos anos 80. Nonato Teles é violonista clássico, professor de violão e trabalha tocando em bares na cidade de Itabuna. Apenas uma das irmãs não trabalha e vive de música atualmente.

Os filhos seguiram os passos do pai Romilton Teles, poeta, cantor e compositor, autor de alguns sucessos gravados pela Banda Mel, na voz de Alobêned, como "Desejo" e "Gosto da Vida".

Fazia vocal de apoio na banda de um dos irmãos, em Itabuna. Seu irmão, Marcionílio, tocava na Banda Pike, em Salvador. A convite do irmão, que fez parte da Banda Eva no início dos anos 80, passou a se apresentar em alguns shows do grupo no antigo Clube Espanhol, em Ondina.

Foi em uma dessas apresentações que os produtores da Banda Mel deram atenção à voz e ao carisma da garota, então com 18 anos, e a convidaram para fazer parte do grupo, que estourou durante a década de 90.

"Não tinha sonho de ser artista, estudar música, viajar com banda, nada disso. Eu era muito tímida, fui me envolvendo com a situação e acabou acontecendo", lembra a cantora.

A Banda Mel foi fundada em 1985, mas despontou para o sucesso quando o vocal passou a ser comandado pela cantora Alobêned, na companhia de Marcia Short e Robson Morais. Foram 11 anos à frente do grupo, tornando-se uma das precursoras do axé music e responsável por levar o samba reggae para o resto do Brasil.

Shows em quase todos os estados brasileiros, nos Estados Unidos, Japão e vários países da Europa fizeram o nome da banda explodir mundo afora e conquistar diversos prêmios. Por causa do grande sucesso, a cantora era obrigada a dividir o tempo entre a agenda cheia de shows e participação em programas de TV, como o Programa da Xuxa, onde era vista constantemente.

A banda era responsável por comandar o Bloco Mel, puxado pela cantora que esteve à frente do grupo entre os anos 1989 e 2000 - época que a música baiana predominava no carnaval e a festa tinha menor influência de música eletrônica e outros ritmos que se misturaram com o passar dos anos.

Após a saída da banda, a cantora seguiu a carreira musical com projetos pessoais. Migrou do axé fundando o Projeto Pop Rock e morou três anos no Rio de Janeiro, apresentando-se na Cidade Maravilhosa. Três anos longe do axé foram suficientes para Alobêned sentir falta do calor de Salvador e retornar à capital, fundando a Banda Nega Maria.

O hiato na harmonia entre a voz de Alobêned, Marcia e Robson teve um final em 2006. A convite de uma produtora, os músicos fundaram a banda Cor de Mel que retornou com ensaios na Praça da Cruz Caída, no Centro Histórico, voltando aos velhos tempos do axé. O grupo chegou a cogitar o lançamento de um álbum, o que não chegou a acontecer.

Fonte: A Tarde

Geraldo Del Rey, o Alain Delon brasileiro


Geraldo Del Rey (1930-1993) nasceu em Ilhéus, Bahia, no dia 29 de outubro de 1930. Cursou a Escola de Teatro da Universidade da Bahia. Sua atuação no cinema começou no final dos anos 50, quando participou ativamente do Ciclo Baiano de Cinema (1959-1963), movimento precursor do Cinema Novo. Em 1959 atuou em “Redenção”, primeiro longa-metragem do cinema baiano. Em seguida, participou de quase todos os filmes do Ciclo Baiano, entre eles, “Bahia de Todos os Santos” (1960), “A Grande Feira” (1961) e “Tocaia No Asfalto” (1962).

Em 1962, foi convidado pelo diretor Anselmo Duarte para integrar o elenco do filme “O Pagador de Promessas”, um drama baseado na peça teatral homônima, de Dias Gomes, quando atuou ao lado de Leonardo Villar e Glória Menezes. O filme lhe deu projeção nacional e internacional sendo foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes, na França, em 1962.

Em 1964, Geraldo Del Rey atuou no antológico “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), sob a direção de Glauber Rocha. O ator, com seus olhos verdes, chamado de “Alain Delon brasileiro”, integrou um elenco formado por Ioná Magalhães, Maurício do Valle, Othon Bastos, entre outros. O filme considerado um marco do Cinema Novo, foi indicado à Palma de Ouro em Cannes. Com uma longa carreira no cinema, entre outros filmes, atuou em “O Santo Milagroso” (1966), “Anjos e Demônios” (1970) e “A Idade da Terra” (1980), dirigido por Glauber Rocha, que foi indicado ao Leão de Ouro, do Festival de Veneza.

Na televisão, Geraldo Del Rey foi o galã em diversas novelas. Estreou na TV Excelsior em “O Céu é de Todos” (1965), em seguida, atuou em “Vidas Cruzadas” (1965) e “Anjo Marcado” (1966). Em 1968 estreou na Rede Globo na novela “A Gata de Vison” de Glória Magadan. Conta-se que a autora da novela se apaixonou por Geraldo e teve um romance com ele, o que alterou seu personagem, antes vilão, mas aos poucos foi se tornando o mocinho, resultando na saída de Tarcísio Meira. Pouco tempo depois a autora foi demitida da emissora.

Sua próxima atuação foi em “Véu de Noiva” (1969), ao lado de Regina Duarte e Cláudio Marzo quando formava um triângulo amoroso, mas seu papel não chegou ao fim. Uma versão conta que ele saiu da TV Globo para trabalhar na TV Tupi ao lado de Glória Magadan. Em 1970 estreou na TV Tupi na novela “E Nós Aonde Vamos?. Atuou ainda em “Divinas Maravilhosas” (1973), “Rosa dos Ventos” (1973) e “Roda de Fogo” (1978).

Em seguida, trabalhando na TV Bandeirantes, teve um papel de destaque na novela “O Todo Poderoso” (1979). O ator trabalhou ainda no SBT atuando em “Cortina de Vidro” (1989). Em 1990, o ator retornou para a Rede Globo, quando atuou nas novelas “Lua Cheia de Amor” (1990), fazendo par romântico com a atriz Marília Pêra, e na minissérie “Anos Rebeldes” em 1992. Geraldo Del Rey foi casado com a jornalista e apresentadora gaúcha Tânia Carvalho, com quem teve um filho, Fabiano Carvalho Del Rey.

Geraldo Del Rey faleceu em São Paulo, São Paulo, no dia 25 de abril de 1993.