domingo, 22 de novembro de 2020

26 túmulos de pessoas importantes na História de Itabuna


Em um rápido passeio pelo Cemitério do Campo Santo, em Itabuna, passamos pela grata experiência de encontrar os locais do descanso eterno de pessoas muito importantes na história centenária de Itabuna. São personalidades de diversas épocas, profissões e atuações (médicos, coronéis, empresários, fazendeiros, artistas, religiosos, líderes políticos etc), mas todos com uma coisa em comum: deram, cada um do seu jeito, valiosas contribuições para que a Vila de Tabocas se transformasse na Itabuna que temos hoje. Uma grande parte dessas pessoas já apareceu na nossa página História de Itabuna (Facebook e Instagram), outra ainda aparecerá.

Respeitosamente registramos e divulgamos aqui seus túmulos e lápides, como forma de agradecimento e homenagem a esses valorosos homens e mulheres que tanto fizeram pela nossa cidade. 


José de Almeida Alcântara, ex-prefeito de Itabuna.

Aqui estão Sepultados o jurista e líder político Gileno Amado, sua esposa Amélia Amado e a filha Maria Célia.

Coronel Henrique Alves dos Reis, o "coronel negro" (era descendente de escravos), grande líder político, considerado "amigo solidário e inimigo perigoso".

Cordolina Loup dos Reis, viúva do Coronel Henrique Alves dos Reis.

Calixto Midlej Filho, empresário e homem de atuação em diversos setores da sociedade itabunense - inclusive foi um dos diretores da Santa Casa da Misericórdia, administradora do cemitério.

Família do Coronel Oscar Marinho Falcão, um dos grandes fazendeiros e empreendedores da cidade.

Coronel Ramiro Nunes de Aquino. Também está sepultada aqui a esposa Avelina.

Família do Coronel Tertuliano Guedes de Pinho, proprietário da Fazenda Burundanga.

Paulino Vieira (empresário)

Irmã Catarina (Maria Catarina de Carvalho Luna), a bondosa freira que vendia biscoitos para sustentar o Educandário Cordolina Loup dos Reis.

Eshter Gomes de Oliveira e Daniel Gomes de Oliveira, mãe e irmão do prefeito Fernando Gomes.

Kocó Jr (Clóvis Fiqueiredo Gomes Jr.), o carismático e talentoso cantor da banda Lordão.

Pastor Hélio Lourenço, fundador da Igreja Batista Teosópolis em Itabuna.

Selen Rachid Asmar, professor e empresário.

Dr. Moacir José de Oliveira, ortopedista.

Tarik Fontes, empresário.

Professora e Parteira.

Ottoni Silva (jornalista) e sua esposa Eva B. Silva.

Família Osmundo Teixeira (empresário).

Tito Tabosa (empresário).

Coronel Nicodemos Barreto.

Dr. Dilson Cordier (médico).

Ossário da Família Cordier, onde estão os restos mortais de, entre outros, 
o ex-prefeito Fernando Cordier.

Lafayette Borborema, jurista e líder político.

Antônio Setenta, fazendeiro e empresário.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Meu Rio Cachoeira de antigamente

 Por Walmir Rosário*

Confesso que sou um pouco saudosista, mas quem há de resistir àquelas boas lembranças dos tempos de criança e adolescente? Poucos insensíveis, diria eu, recordando a belezas e a funcionalidade do rio Cachoeira dos anos 1950/60. A beleza plástica está quase toda registrada nas telas dos nossos artistas, com suas pedras à mostra, às vezes nem tanto, pois também serviam de “quarador” para as centenas de lavadeiras de ganho, ou de casa, que utilizavam as abundantes águas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Desafio: mostre que você conhece a História de Itabuna

Se você costuma dar uma passadinha aqui no nosso site, na página do Facebook ou no Instagram, provavelmente encontrará as respostas de todas essas perguntas nas nossas postagens. Divirta-se, aprenda mais sobre a nossa cidade e compartilhe com seus amigos.
 




terça-feira, 25 de agosto de 2020

Irmã Catarina de Jesus



Maria Catarina de Carvalho Luna, na verdade, Maria Catarina de Jesus, há 67 anos, ao assumir o nome de Cristo em seu casamento com ele, nasceu em Santo Amaro da Purificação, no dia 29 de abril de 1904. Entrou para o covento ainda criança, aos nove anos de idade, após a morte de sua mãe. Lá permaneceu como uma verdadeira freira - usava o hábito, fazia retiros e acompanhava o trabalho da madre superiora.


No Convento dos Humildes, que pertence à Congregação de Nossa Senhora dos Humildes, em Santo Amaro, a jovem Cata rina viveu - como nos contou quando ainda estava lúcida -, a melhor infância que Jesus pôde lhe oferecer. Mas, aos 18 anos e ainda inocente, veio para Itabuna, trazida por um dos seus seis imãos. Aqui, aconteceria o casamento de um deles e também acentuava-se a saudade da vida no Convento. "Eu vim pra cá mas não gostei. Então quis voltar. Pelejei, mas nenhum deles deixou", contava ela com graça e no seu linguajar.

Assim, para não se "aperrear mais ainda, calou a boca e durante três anos seguidos trabalhou, ganhou dinheiro, comprou seu enxoval e deu aos irmãos "num primeiro de abril". De fato, sua fuga de Itabuna para o Convento aconteceu mesmo em um dia primeiro de abril.

Alguns anos mais tarde, como freira, depois de dedicar-se intensamente ao trabalho realizado na sua cidade natal e em Salvador, ela veio à Itabuna visitar a família. Não sabia ela que, nesta cidade, uma obra de peregrinação pelos pobres a aguardava.

"Encontrei aqui umas meninas perdidas, à toa, e me deu aquela vontade de abrir um orfanato. Parece que foi Nosso Senhor quem mandou", dizia ela convicta. Foi a Santo Amaro tentar obter a aprovação da madre superiora, que achou a ideia "uma loucura", já que Irmã Catrina não tinha dinheiro para a obra.

De fato, dinheiro não havia. No entanto, por intermédio do então juiz da cidade, Dr. Claudionor Ramos, irmā Catarina ficou sabendo da existência de uma casa que seria doada para uma instituição de caridade. A doação seria feita em um prazo de 3 anos; só dois anos a madre superiora da Irmā Catarina levou para conceder a licença, o que somente aconteceu a poucos dias de esgotar-se o prazo. Finalmente, em 18 de maio de 1956, o Educandário Cordulina Loup Reis foi aberto.

O começo foi muito duro, Irmã Catarina levou para o orfanato 25 meninas. "Eu comia as ervinhas do campo, porque não havia dinheiro para alimentação. Viajava a pé de lá até Itabuna. Saia às 7 horas e chegava na cidade às 11 horas. Pedia esmolas para sustentar as crianças. Assim, com a ajuda de alguns, e recebendo contribuições da sociedade local, ela conseguiu levar adiante a obra, Mais tarde, a casa tornou-se pequena para o número de órfäs que já abrigava, aproximadamente 50 meninas, e através do então prefeito Miguel Moreira, marido de dona Elvira dos Reis Moreira (Dona Senhorazinha), que era proprietária da fazenda onde está o imóvel doado à obra de caridade, Irmã Catarina conseguiu mais três hectares e meio, onde construiu uma casa maior.

Durante 36 anos irmã Catarina andou pelas ruas de Itabuna vendendo biscoitinhos feitos de nata, santinhos, marcadores de livros e flores artificiais, tudo feito por ela e pelas irmãs que participavam da obra, para promver a sobrevivência das internas.

No orfanato dos Humildes existe uma escolinha onde as crianças têm o curso primário completo. No entanto, o orfanato está precisando urgentemente de ajuda para continuar sustentando as crianças e para manter acesa uma obra que sempre foi a razão da vida desta ima dos Humildes: a Irmã Catarina de Jesus.


segunda-feira, 24 de agosto de 2020

História da Cadeia Pública de Itabuna


Naquela noite, 7 de setembro de 1926, após um dia de festas com a inauguração de seu jornal "0 Intransigen te", o coronel Henrique Alves dos Reis, antes de recolher-se à alcova da Casa Verde, fez recomendação muito especial ao seu genro e também Secretário da Intendência Miguel Fernandes Moreira:

- Miguel, acerte aí com Rozendo e Oscar o dinheiro e gente para começar logo a construção da cadeia, do quartel da guarda e o calçamento da rua Benjamim Constant, porque mais uma vez prometi ao povo e não posso falhar. Não quero ver ninguém caçoar de mim. Vamos começar tudo esta semana ainda. Boa noite, meus amiguinhos.

O pequeno grupo que ainda estava ali na sala de visitas, além de Miguel, contava com Reynaldo Sepúlveda da Cunha (promotor público), Rozendo Correia Carmo (tesoureiro da Intendência), Oscar Nery de Souza (Fiscal Geral do Município) e Elvira dos Reis Moreira (filha do Intendente e esposa de Miguel). Logo o atônito tesoureiro mostrou sua preocupação, afirmando que este ano a renda do município pode não chegar aos quinhentos contos de réis e aquelas obras vão custar mais de cem contos.

Mas todos sabiam que ordem do Coronel Henrique Alves era para ser cumprida, nunca discutida. Durante os meses de setembro a novembro vários homens trabalharam na preparação de uma área de terras situada ao lado do antigo cemitério, imediações dos pastos de Coronel Martinho Conceição, local mais tarde batizado como Praça Tiradentes. Nesse período, Coronel Henrique Alves foi se convencendo de que só mesmo com a ajuda do Governo Estadual poderia concretizar as obras que desejava.

Viajou para Salvador e começou a tomar providências. Longas audiências com o governador Goes Calmon e visitas continuadas aos secretários. Uma maratona! Também o Estado passava por dificuldades financeiras. Astuto e manhoso, o Coronel conseguiu assinar um convênio com a Secretaria de Agricultura, única que dispunha de alguma verba no momento. Segundo esse convênio, ficaria sob a responsabilidade dessa Secretaria a elaboração de plantas, orçamentos e assistência técnica, além do necessário financiamento das obras de construção do prédio da cadeia pública e quartel da guarda. 

Caberia à Intendência administrar a construção, fazendo prestações de contas semanais a fim de receber os pagamentos que iriam sendo liberados de acordo com as medições feitas pelos engenheiros do Estado. No mês de janeiro de 1927, com as obras sendo tocadas e a Secretaria da Agricultura demorando em mandar fazer as medições, o coronel Henrique Alves procurou em Salvador a firma Sá Campos & Cia., assinando um contrato de empréstimo no valor de vinte contos de réis, em seu nome pessoal, usando seu próprio crédito, cujo montante foi logo aplicado nas obras. Para dar feição legal à transação, no dia 7 de fevereiro enviou Mensagem ao Conselho Municipal relatando o fato já consumado.

Apesar de tantas outras realizações de seu governo, o coronel não se descuidou dessa obra. A Secretaria, contudo, liberava recursos com muita dificuldade, forçando a Intendência a bancar praticamente todas as despesas de construção. No mês de agosto, sentindo que poderia terminar seu mandato sem concluir a obra, o Coronel teve a ideia de, pelo menos, deixar um marco contundente no local.

Praticamente com as paredes concluídas e boa parte dos cômodos rebocados, no dia 7 de setembro foi inaugurada uma estátua da Justiça na fachada do prédio em construção! Tratava-se de uma escultura feita às pressas no Rio de Janeiro, em massa de cimento especial. Claro que isso provocou uma celeuma na cidade pequena ainda. Surgiram comentários contra e a favor. Os inimigos do Coronel, já empenhados na campanha para derrubá-lo do poder, faziam críticas mordazes. Nesse clima chegou ao fim o seu mandato, pois em janeiro de 1928 foi escolhido Intendente o coronel Benjamim de Andrade, seu adversário. Pressionado por correligionários, o novo Intendente mandou retirar a estátua da Justiça e guardá-la no depósito de material do município. 

A propósito, o jornalista e advogado Lafayete de Borborema, em editorial do "Jornal de Itabuna" edição de 17 de abril de 1929, relembrando o fato dizia: "E, então, no alto do edifício, dominando a cidade, prosperou uma efigie da Justiça, um homem de formas desconformes, musculoso, com as partes trazeiras bem desenvolvidas, despido, tendo uma tanga na cintura e em volta da cabeça um pano, Qual um gladiador em atitude de estar aguardando o adver8ário, a pitoresca figura mantinha à mão esquerda uma espada e na direita uma bandeja barata com uma das conchas mais pesada que a outra. Era sempre motivo de riso para quem via. Não era possível, entretanto, que ficasse aquela efígie da Justiça atestando o nosso grau de cultura e a nossa ignorância quanto ao símbolo da Justiça, representada pela Deusa Themis. Foi por isso que o actual governo do município, continuando a edificação, fez retirar aquele monstrengo. E claro que certamente muito do que foi dito sobre a estátua poderia ter sofrido a influência das posições políticas, mas o certo é que ela desapareceu de vez e nunca mais ninguém viu". 
O Intendente Benjamim de Andrade prosseguiu realmente com a obra e no dia 19 de maio de 1928 entregou o prédio ao delegado Diocleciano Portela, com todas as suas instalações prontas. 

Mesmo que concluído por um seu adversário, certamente a história deverá creditar ao coronel Henrique Alves a construção da cadeia publica que por tantos anos serviu à comunidade. Contudo, a conclusão de suas obras não encerrou o episódio da sua construção. Alguns fatos interessantes ocorreram, como por exemplo a tentativa da firma Sá Campos & Cia, em penhorar o imóvel sob a alegação de não ter recebido o seu crédito de vinte contos, tendo o coronel Henrique Alves pago do seu bolso e só vindo a receber no governo de Glicério Esteves de Lima em 1930.

Segundo se pode encontrar no livro especial de "Construção da Cadeia Pública de Itabuna", autenticado pessoalmente pelo coronel Henrique Alves, ao término de seu governo, a posição era a seguinte: o município gastou exatamente 128.719$50, tendo a Secretaria de Agricultura fornecido apenas 13.840$00, ficando um saldo devedor do Estado da Bahia de 114.879$20. Esse prédio tem assim contada a sua história. Mesmo iniciado pelo coronel Henrique Alves, a sensibilidade e o senso de responsabilidade do seu adversário e sucessor, Coronel Benjamim de Andrade, fizeram com que a comunidade pudesse dele usufruir. 

É certo que o passar dos anos e o processo de civilização, acabaram por tornar aquela cadeia que fora motivo de orgulho dos itabunenses pelas suas linhas arquitetônicas avançadas para a época, bem como pela sua utilidade, num motivo de vergonha e revolta. Em nossos tempos tornou-se uma masmorra, sem os mínimos requisitos de conforto, local onde os presos apodreciam nos cubículos infectos. Em boa hora o governo estadual construiu o complexo policial e desativou a velha cadeia. Posteriormente, graças ao trabalho e a sensibilidade do prefeito Ubaldo Dantas, o local transformou-se num centro de cultura e amparo às artes. Não resta a menor dúvida de que esse imóvel traz a sina de balançar a consciência do povo itabunense! A sua metamorfose, quando de masmorra se transforma em templo de arte, nos dá a certeza que ainda se pode confiar no poder de realização do Homem.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

José Soares Pinheiro


O estilo político de José Soares Pinheiro - Pinheirinho - se manteve praticamente o mesmo desde os tempos de sua disputa com José de Almeida Alcântara na conquista da Prefeitura de Itabuna, em 1966.  Muita coisa mudou na ressaca do tempo, no forró politico.

No começo dos anos 80, Pinheirinho, assumiu a presidência do diretório municipal do PDS, na época o maior partido do ocidente, na presunçosa definição de Francelino Pereira, ex-governador biônico de Minas Gerais. Que fedentina era a política brasileira: cassações de mandatos, censura à imprensa, direitos humanos violentados.

Na direção do PDS - Partido Democrático Social - Pinheirinho isolava-se no escritório da sua empresa, na antiga Av. Ibicaraí, hoje avenida José Soares Pinheiro, onde recebia lideranças politicas e empresariais. Usava exageradamente o telefone, curvava-se em cima de relatórios, de estatísticas, de números econômicos, de documentos como uma maneira de atualizar-se e informar-se mais.

Pinheirinho era um politico muito confiável: quando dizia que ia fazer, fazia mesmo. Era um homem de decisões, determinado, diz José Carlito dos Santos, ex-presidente da Associação Comercial de Itabuna, um dos poucos amigos confidentes de Pinheirinho. Quando a indústria automobilística dava os seus primeiros passos no Brasil, Pinheirinho foi a São Paulo e conseguiu uma representação com os gringos da Willys, instalando uma agência em Itabuna. Uma delícia de visão empresarial. Fundou a J. S. Pinheiro & Irmãos, Ele, Tote, Rafael, David e Gabi, como é obvio, seus irmãos.

Como político, José Soares Pinheiro era considerado um político diferente, já que Itabuna sempre gostou de homens públicos populistas. Dificilmente Pinheirinho era visto em um bairro, na periferia. Tinha uma aparente rejeição às festas populares: Carnaval, São João. Era o seu estilo. Ele atuava com rara desenvoltura na cúpula, em circuito fechado, armando as decisões. Era um líder.

Na opinião de Farid Maron, Pinheirinho era homem público inclinado para o convívio fechado, solitário, hermético. Uma questão de temperamento, de formação, talvez de sofrimento depurado nas idas e vindas da gangorra política, da vida, mas era uma figura simples em todos os seus hábitos. Era um político magoado, decepcionado. Decepções e mágoas que ficaram ao longo do seu caminho palmilhado com trabalho sem nenhuma suspeita. Quando sentado na cadeira do poder, jamais foi subserviente, fraco. Exemplo expressivo foi sua renúncia da Presidência do Instituto de Cacau da Bahia, depois de alguns telefonemas desaforados, No outro lado da linha: Antônio Carlos Magalhães. O governador João Durval ainda tentou investidas conciliatórias. Em vão. Completamente em vão. Pinheirinho largou, resoluto, o cargo de presidente do ICB.

Pode-se dizer que todos os movimentos importantes da região, de Itabuna, teve a participação valiosa de Pinheirinho. Criação da Ceplac. Fundação do CNPC, da Associação Comercial, do Rotary, da antiga Guarda Noturna de Itabuna. Pinheirinho chegou ao ponto de pegar em armas para Combater o banditismo que na década de 50 perturbava a vida da cidade, o trabalho da polícia. Pinheirinho, Juca Sobrinho, Zeca do Porco, Tote Pinheiro, Daniel Rebouças caíram de pau no combate ao banditismo, liderados pelos filhos de alguns coronéis ilustres, ricos. Muitos dos bandidos terminaram processados, uns poucos na prisão. A reação liderada por Pinheirinho valeu, depois de muita luta, muito medo. Itabuna terminou respirando aliviada para trabalhar, para viver, progredir.

Pinheirinho era um dos poucos políticos do interior com embasamento ideológico, com uma visão internacional. Não tinha o discurso do político da província, curto, sensacionalista, demagogo. Pronunciava-se didaticamente, com conhecimento da causa levantada, com soluções. Fazia politica de cima para baixo, enquanto outros fazem de baixo para cima.

Tinhamos por aqui o pinheirismo, movimento político e social liderado por José Soares Pinheiro, naturalmente. Era uma chama, uma paixão, quase uma ideologia. Ele foi vereador, presidente do CNPC e de várias outras instituições, candidatou-se a deputado federal, seguindo uma estratégia partidária, depois de desentender-se com o seu aliado José Albuquerque Amorim, na época deputado federal dissidente do grupo. Tudo isso na década de 80. Pinheirinho fez a cara de boi feio para Amorim. Ambos foram derrotados, inclusive por Nicácio Figueiredo, enquanto o PMDB era coeso, em torno de Fernando Gomes, Daniel Gomes, Gutemberg Amazonas, Mário Padre.

Na sua trajetória política Pinheirinho fez e cultivou amizades importantes, firmes até o último momento de sua vida. Alguns deles: Angelo Calmon de Sá, Luiz Sande, senador Juthay Magalhães, no plano nacional. No municipal destacavam-se: Juca Sobrinho, Zeca do Porco, Calixto Midlej, José Carlito dos Santos, José Laurindo, José Gomes, José Albuquerque Amorim. O alagoano Amorim merece uma análise especial.

Há quem diga que Pinheirinho, lá no fundo de sua alma, considerava-se traído por Amorim. Foi um problema político que chegou a ameaçar a amizade pessoal muito forte existente entre ambos. Na ocasião, Amorim decidiu libertar-se da liderança de ACM. A decisão de Amorim, aliás, bem recebida na área bem mais informada mantendo-as longe da população desagradou ao PDS.

Os riscos do presidente do PDS
Em 1980, antes de assumir à presidência do PDS de Itabuna, Pinheirinho estava absolutamente convencido dos riscos que iria correr, enfrentar. O governo do presidente Figueiredo fez algumas aberturas democráticas, anistiou políticos, sepultou o famigerado Ato Institucional N° 5. Então, um novo tempo se abriu, um novo espaço político se formou. Pinheiro teria de conviver, adaptar-se com um novo tempo, uma nova realidade política-partidária. Conviver até com históricos adversários políticos adquiridos ao longo de sua fascinante vida pública.

Ora, mesmo consciente dos problemas, Pinheirinho teve a dignidade de não se entregar aos caprichos do passado, como sempre acontece com os políticos noviços, imaturos, inexperientes. Tinha nas mãos uma missão partidária de alta importância. E com sabedoria política conseguiu conviver com Mário Cézar Anunciação, Antônio Menezes, Manoel Leal e até com Félix Mendonça, de quem Pinheirinho também foi decidido adversário.

Com as mãos estendidas, estimulou o diálogo de todas as correntes do PDS, através de uma tolerância santificada buscou o entendimento. Entendeu-se com Manoel Leal, superintendente da Sulba, contornou solicitações exageradas de Antônio Menezes. Conversou bem com Mário Cézar Anunciação, saiu-se bem de sua missão.

Indo ao passado, observando os fatos políticos de 1976 a 1981, houve uma evolução política em José Soares Pinheiro, quando aposentou do seu temperamento as radicalizações desnecessárias, sepultando o passado político sobrecarregado de ressentimentos e mágoas, diante do qual ele foi o grande personagem. Pinheirinho conseguiu revitalizar-se para os novos tempos, via negociações políticas legítimas, francas, diretas, quando numa época política difícil seus correligionários do PDS, onde havia um conflito de idéias.

Nos últimos anos de sua vida, Pinheirinho aparentara ter optado por uma solidão politica premeditada. Ele sabia que tinha dois, no máximo, trés amigos dentro da estrutura viciada do PDS de Itabuna. O resto eram amizades politicas, das circunstâncias políticas do momento, que aumentam ou diminuem de acordo com o prestigio dos poderosos de plantão.

José Soares Pinheiro morreu em 28 de agosto de 1988 com um sonho irrealizável: ser prefeito de Itabuna. Agora é tarde, mas ele mudou, em ocasiões graves, a nossa história.

| HISTORIADEITAUNA.COM.BR
| Texto publicado originalmente no Jornal Agora, 28/07/1993

Rede de iluminação pública de Itabuna começou em 1909


ltabuna começou a rede de iluminação pública com 61 lampiões. O contrato foi assinado em 9 de fevereiro de 1909, entre o Municipio de Itabuna, pelo seu representante, engenheiro Olyntho Baptista Leone e Manoel da Silva. O documento foi feito e assinado com as seguintes cláusulas:

Primeira - O contratado Manoel da Silva obriga-se a iluminar a Vila de Itabuna com sessenta e um lampiðes, tendo as condições boa de luz e trazendo os mesmos asseados;

Segunda - O contratado obriga-se a ter um ou mais acendedores de lampiões que serão encarregados do asseio diário dos mesmos;

Terceira - O contratado obriga-se a pagar a multa de dois mil réis por cada lampião que não estiver aceso, salvo havendo motivo justilicável participado ao intendente;

Quarta - O contratado acenderá os lampiões nas noites escuras deixando de o fazer nas noites de luar;

Quinta - O contratado fornecerá tubos de vidro, torcidas e mais todo material que for tornado preciso para o serviço da luminação;

Sexta - O contratante, o intendente, engenheiro Olynto Baptista Leone entregará por contado ao contratado, os lampiões da iluminação pública;

Sétima - O contratante pagará ao contratado, mensalmente, a importância de trezentos e setenta e cinco mil réis (375$000):

Oitava - O contratado caucionará a quantia de quinhentos mil réis (500$000) para garantia do presente contrato. Este contrato terminará no dia 31 de dezembro de 1910.

O documento foi escrito pelo secretário do municipio, Amâncio de Oliveira, e teve como testemunhas João Fontes Torres, Manuel Amaral Marinho e Thadeu Correia da Silva.

| HISTORIADEITAUNA.COM.BR
| Texto publicado originalmente no Agora Personalidades, 28/07/2011

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Fátima, uma empresa que faz parte da história de Itabuna


Os primeiros imigrantes portugueses que desembarcaram em Itabuna, Domingos Magalhães e João Alves Araújo, trouxeram na bagagem o sonho de uma vida melhor, repetindo a trajetória de milhares de patrícios. Só que, em vez de São Paulo ou Rio, Domingos e João escolheram a Região do Cacau.

Chegaram aqui e fizeram uma promessa: assim que as coisas começassem a melhorar, iriam construir uma capela em homenagem a Nossa Senhora de Fátima. A promessa foi cumprida e o então distante Cajueiro ganhou sua Capelinha. Mais que isso: o bairro ganhou um novo nome. Por sugestão do vereador Sandoval Muniz, aprovada pelo prefeito Félix Mendonça, o Cajueiro se transformou no bairro de Fátima, que cresceu e se desenvolveu em torno da capelinha em homenagem à Padroeira.

E foi no bairro que nasceu o embrião de uma das principais empresas de transporte coletivo da Bahia. Um grupo de portugueses que trabalhavam com velhas marinetes resolveu se unir e, em 1969, surgiu o Expresso Nossa Senhora de Fátima. Como a união faz a força, a empresa não parou mais de crescer. O trabalho e a fé em Itabuna multiplicaram os cinco ônibus e a frota chegou a 70 veículos.

Em 1983, veio a fusão com a Viação São Cactano e a mudança para uma área de 10 mil metros quadrados no bairro do mesmo nome. A partir daí, além do transporte coletivo, a empresa expandiu sua atuação para o transporte turístico e empresarial. Aos 70 coletivos, somaram-se 10 ônibus de turismo.

A Viação e Turismo Nossa Senhora de Fátima operava em 27 linhas, transportando cerca de um milhão e duzentos mil passageiros por mês. Seus sete sócios sempre fizeram questão de destacar que a empresa era uma grande família, onde 450 funcionários se integravam. A Viação Fátima, adquirida em 2001 pela Expresso Rio Cachoeira.

Abílio Pereira, o homem de frente da Viação Fátima
Natural de São Sidrão, região de Trás Os Montes, norte de Portugal, Abílio Correia Pereira, filho de João Manoel Pereira e Júlia de Aquino, Nasceu no dia 15 de março de 1937. Veio para o Brasil com 18 anos, radicando-se em Itabuna, onde conheceu e casou com a Senhora Maria Alice Araújo Pereira em 07 de dezembro de 1963. Dessa feliz união nasceram dois filhos, Karla Araújo Pereira (já falecida) e Carlos Abílio Araújo Pereira. 

Foi empresário no ramo de transporte coletivo e rodoviário durante 25 anos. Foi uma pessoa carismática, de fácil comunicação, sempre disposto a servir a comunidade grapiúna, onde exerceu várias funções (presidente do Lyons Clube, Presidente da APAE, Vice Presidente da ACI, Secretaria de Transportes de Itabuna, entre outros). Militante politico, foi companheiro e amigo do Deputado Federal e Prefeito Fernando Gomes por mais de 35 anos. Abílio Pereira faleceu no dia 03 de fevereiro de 2013, após alguns anos combatendo um câncer de próstata.


Walmir Rosário: ética, moral e caráter não são inimigos do sucesso


Se alguém pode ser chamado de multimidia na comunicação regional, Walmir Rosário é o cara. Ex-ceplaqueano, cultiva, nesses tempos em que jornalistas querem aparecer mais que as noticias, uma carreira que chama a atenção pela discrição das ações e pela credibilidade das informações que divulga, além das posições firmes, sempre pautadas na ética e no ideal de moral pública que inspiram - ou deveriam inspirar as novas gerações.

Casado com dona Vilma Maria Alves do Rosário e pai de quatro filhos - Adriana, Valmir Júnior, Luana e João José -, construiu em Itabuna seu legado profissional - que, como citado, se confunde com sua postura moral e ética como pessoa.

Natural de Ibirataia, chegou aqui aos dois anos de idade. Estudou em escolas como o Divina Providência, Colégio Estadual e General Osório.

Ao fim do periodo regular, seguiu para o Seminário, onde desenvolveu as noções de mo
ral e ética aprendidas em casa e que marcariam sua vida futura, ainda que não se tornasse um padre, como inicialmente desejou, junto com a família. A vida profissional também foi iniciada em Itabuna, na Rádio Clube de Itabuna, com o frei Hermenegildo Castorano, que para cá veio para assumir a direção da emissora.

Além de Itabuna, Walmir residiu e trabalhou em diversas cidades no Brasil e outros países da América do Sul, atuando nas áreas de construção civil, paisagismo e comunicação, ocupando cargos de destaque em empresas nacionais e estrangeiraas.

Walmir é graduado em Direito pela Uesc e pós-graduado em Direito de Empresa pelo Centro de Estudos e Especialização em Direito (CEED)/Universidade Gama Filho. É advogado, mas foi no jornalismo onde deu sua maior contribuição para Itabuna e região, já que militou muito mais nessa área.

O currículo é invejável. Foi editor de dois dos principais jornais de Itabuna, assessor em diversas instituiçoes, como entidades ligadas ao comércio, câmaras municipais, e chegou, nesse segmento, a secretário de Comunicação Social e Assuntos Governamentais da prefeitura de Itabuna. 

No Jornal Agora, Walmir marcou época e deixou um legado de jornalismo sério e comprometido com a informação, sem declinar da agilidadee da apresentação formal caprichada.

"O jornalismo é o instrumento mais ágil que a sociedade ainda dispõe para reclamar seus direitos, denunciar mazelas e exercer a cidadania. Por respeito ao leitor, ouvinte ou telespectador, os veículos devem apresentar uma estética que atraia e seduza, como objetivo de aumentar a audiência e disseminar, assim, cada vez mais as informações", afirma.

Isso é não abrir mão do papel social do jornalismo, que deve visar, sempre, o melhor para a comunidade. "Se conseguirmos fazer um jornalismo sério, que atenda aos reclames da sociedade, principalmente no que diz respeito às suas expectativas de prestação de serviço, responsabilidade com a informação e ética profissional, estaremos contribuindo para um engrandecimento dessa mesma sociedade. É o que resume a função do jornalismo e o que busco em todos os locais onde trabalho".

Foi o que fez, de 2002 a 2009, no Agora, no último período em que passou pela editoria do jornal - eleito por voto direto, diga-se. Foi quando implantou a periodicidade diária, comandando uma redação com um supertime de jornalistas. Adotou um projeto gráfico arrojado e fez do jornal a principal voz da comunidade regional no segmento impresso, transformando-o na principal publicação do tipo no interior do estado, quando chegou a ter três sucursais - Sudoeste, Extremo Sul e Recôncavo.

Mas essa foi apenas a coroação, como jornalista da iniciativa privada, de várias décadas de dedicação à comunicação. "Costumo dizer que minha carreira, até 1984, foi um apanhado de experiências por diversas redações e estúdios que me trouxeram até aqui. De 2002 para cá, executei grande parte do que sonhava em comunicação, a começar pela modernização editorial do Agora e, nesse momento, com o blog".

SOMA DE TUDO
Juntem-se a essas experiências as passagens pela Câmara Municipal de Itabuna, pela própria Prefeitura, em momentos diversos, à implantação de diversos projetos no Agora, a exemplo dos suplementos Agora Rural, Agora Teen, ou mesmo outros, realizados independentemente da publicação, mas que tiveram repercussão naquele veículo, como o caderno Momento Empresarial, encartado no Agora e produzido também nas versões para o rádio e para a TV.

Mas ninguém chega onde chegou sem uma base profissional muito sólida. "Todas as funções que exerci, como assessor de Comunicação da Associação Comercial de Itabuna, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Itabuna e da Unimed, nas redações de outros jornais, ou mesmo os trabalhos realizados em campanhas políticas, em agèncias de publicidade, como a Propeg e a Publix, além da experiència na Ceplac, tudo isso me formou como profissional. Hoje, sou um conjunto do que fiz em minha vida pessoal e profissional até aqui".


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| Texto publicado originalmente no Agora Personalidades, 28/07/2011

Papai Noel


"Papai Noel" nunca disse a ninguém onde nasceu, viveu, ou quem eram seus pais. Simplesmente a cidade acostumou-se a chamá-lo assim pela semelhança do mesmo com o grande mito do Natal, o Papai Noel do mundo ocidental.

Ele foi a marca registrada de uma geração. A geração dourada, que frequentava as tardes do Cine Itabuna, oportunidade em que Papai Noel, entre um cochilo e outro, ainda tinha energia para dar uma beliscada carinhosa nas pernas das gatinhas que passavam à sua frente.

Carrancudo e sério, ele tinha na casa do saudoso Bionor Rebouças, que morava em frente ao Cine Itabuna, a fonte de sua alimentação e onde também saciava a sua sede.

A meninada, assim como os mais velhos, nutriam por "Papai Noel" um carinho todo especial, como se aqucle ser humano fosse a reencaração de um grande cspirito dando liçöes de humildade e grandeza diante de uma terra que sempre viveu mergulhada no egocentrismo, na individualidade c na falta de amor ao próximo

Seus olhos exprimiam a dureza material da vida. Seu  corpo, entretanto, apesar da idade, dava sinais de que, na mocidade, Papai Noel foi um scr humano forte e robusto. Entre a ficção que passava nas telas do Cine Itabuna e a realidade vivida por ele, o homcm bem que poderia tirar uma grande lição. A lição de humildade, da compreensão, da fraternidade e da justiça social.

"Papai Noel" foi exemplo para toda uma geração. A geração que soube ver, analisar e meditar diante do quadro humilde da sua vida terrena.

Introspecção
Manoel Pereira Gonçalves foi um ser humano que despertava a curiosidade da população itabunense, principalmente para todos aqueles que se encontram na faixa etária dos 40 anos em diante. Falecido no dia 7 de agosto de 1967, Manoel Pereira Gonçalves tornou-se peça folclórica de Itabuna, porque ninguém conseguiu, até hoje, penetrar no mundo da sua introspecção e extrair dados que pudessem aprofundar uma análise mais sucinta da sua personalidade.

Mas, Manoel Pereira Gonçalves, era, nada mais, nada menos, do que o conhecidíssimo "Papai Noel", que fazia ponto no Mercado Messias da Avenida Cinquentcnário e, posteriormente, mudou-se para a porta do Cine Itabuna, localizado na Rua Benjamin Constant e depois na Rua Ruflfo Galvão.

| HISTORIADEITAUNA.COM.BR
| Texto publicado originalmente no Jornal Agora, 28/07/1993

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Dica de Leitura: 11 livros de escritores grapiúnas

É muito vasta e variada a produção literária em Itabuna, Ilhéus e cidades vizinhas. Em nossas redes sociais (Facebook e Instagram) temos lançado diversas postagens com dicas de alguns livros que você precisa conhecer. São essenciais para se entender o espírito da Região Cacaueira.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Morreu Fernando Riella, verdadeira lenda do Futebol de Itabuna


Faleceu no Hospital de Base o lendário Fernando Riella, considerado um dos melhores pontas-esquerdas que o Futebol baiano já produziu - certamente o maior do futebol itabunense. Foi na Seleção de Itabuna que ele mais brilhou, arrastando multidões para o velho Campo da Desportiva (local onde hoje fica o Centro de Cultura Adonias Filho) para ver suas jogadas geniais e, claro, muitos gols.

O velório acontece no PAX Paulo Preto (Rua Antonio Muniz, 120, Pontalzinho - subida para o Hospital Santa Cruz) e o sepultamento está marcado para as 16h.