quinta-feira, 23 de abril de 2020

Entrevista com a professora Zélia Lessa (2001)



Esta entrevista foi publicada originalmente no jornal
ÁGUAS DO ALMADA - CULTURAL
Ano 3 - n° 4 - Março de 2001
Por Marcos Luedy, Silmara Oliveira e Guilherme Lamonier. 

Unanimidade. Esta é a expressão mais correta para definir a professora Zélia Lessa nos meios musicais e artísticos do Sul da Bahia. Aos 74 anos de idade, casada, um filho, geminiana de 12 de junho, nascida em Itabuna e entronizada no estudo de música aos seis anos de idade por sua mãe, tornou-se um ícone musical da região cacaueira. Detentora de vários prêmios nacionais e regionais nos concursos que participou como compositora, dois deles com a interpretação do Coral "Cantores de Orfeu", do qual é fundadora e regente desde 1955, a maestrina acumula um currículo invejável na defesa da música grapiúna. Ensinou a mais de cinco mil alunos, de diferentes gerações; compôs; mais de trezentas músicas até 2000, e continua compondo para os grupos com os quais trabalha.

Dedicou toda sua vida à música, transformando sua casa num centro de descoberta de novos talentos musicais. Compôs uma obra prima para Coral: a "Rapsódia Grapiúna", baseada no Folclore Regional, apresentada a caráter em várias cidades do Estado, inclusive Salvador e também em Brasília, pelos "Cantores de Orfeu", além de cantada a cappella (sem instrumentos), por corais de outros estados. Contudo, revela uma grande preocupação: conseguir patrocinadores que financiem a contratação de um regente, disposto a assumir a complexidade de todo trabalho, dando continuidade à saga musical iniciada no século passado.

Itabuna é uma cidade que tem uma importância muito grande na região e a senhora tem uma história correlata à historia de Itabuna, pois nasceu em 1926. Como a senhora vê isso?
É interessante falar porque nem todo mundo conhece e a juventude, hoje, que estuda, não sabe direito a história de Itabuna. Eles ficam me pedindo para dizer coisas, que eu tenho colecionadas, não só do ponto de vista musical. Mas quero também lembrar, não sei se vocês sabem, pois são mais novos, eu sou filha de pioneiros. Meu pai, Cherubim José de Oliveira (1872-1959) era sobrinho de Firmino Alves, o fundador da cidade.

Ele foi natural de...?
Meu pai era natural de Itabuna e nasceu no Banco Raso. Naquele tempo não existia hospital, era parteira. Minha mãe nasceu em Geremoabo, morou em Santo Amaro da Purificação e estudou em Salvador. Depois que casou com meu pai veio para Itabuna. Meu pai casou-se duas vezes, tendo do primeiro casamento 9 filhos e do segundo 2 que não vingaram e eu. Fora do casamento teve outra mulher com a qual teve muitos filhos. Ao todo foram 23 filhos. Foi ele quem doou o terreno do hospital Santa Cruz e do cemitério local, que era de minha avó paterna Catarina Alves de Oliveira. (irmã de Firmino Alves), que repousa na primeira sepultura feita lá, junto à capelinha, estilo antigo, feita de cimento e pintada de cal, onde muitos outros descendentes foram sepultados.

Com o era o nome de seu avô?
Maximiniano José de Oliveira Campos, apelidado de Maxi. Muitos de nossa família vieram de Sergipe, mas não sei se ele veio de lá. Contudo, adquiriu terras na região e com toda a família ficou plantado aqui.

A senhora foi filha única do segundo casal... foi muito mimada?
Acho que sim porque meu pai tinha mais de 50 anos quando eu nasci. Eles tiveram muito cuidado comigo. Naquele tempo o melhor colégio daqui era o Divina Providência, das freiras de Santa Catarina de Sena. Estudei lá da 1ª à Quarta Série e depois fiz o primeiro fundamental e a preparação para aquele Exame de Admissão - tão temido quanto o vestibular de hoje - para ir para outro colégio em Salvador. Aqui não tinha curso secundário. Para fazer magistério, que era bem diferente do de hoje, a pessoa tinha que fazer depois do fundamental completo. Eu não queria Magistério e optei por Secretariado, fazendo paralelamente o curso de música, tudo isso em Salvador.

Então seu primeiro instrumento musical foi mesmo o piano?
Exato. Minha mãe, Maria da Costa Oliveira (1888-1978), foi minha primeira professora. Eu tinha seis anos. Ela tocava mas não se formou. Ela estudou em colégio de freiras, e tinha que aprender tudo: tocar, bordar, pintar, costurar, cozinhar... e foi ela quem me passou o que sabia. Entrei no Divina Providência aos sete anos para fazer letras e fiz música com a irmã Otávio, que era a professora de piano do Colégio.

Em que ano foi fundada a Escola de Música em Itabuna?
A escola de Música foi fundada aqui em 1936, eu tinha 10 anos. Aqui, como em várias cidades do Estado da Bahia, não tinha um curso para formar professores de piano. Então o maestro Pedro Jatobá, Diretor da Escola de Música da Bahia, criou o Departamento dessa escola aqui, com as professoras: Cândida Barras, Dona Margarida, Floryolice Coelho e Esther Coelho, responsáveis pelos cursos de : Piano, Teoria, Solfejo, História da Música, Análise Harmônica, Transposição, 1ª "Vista e Acompanhamento, Ciências Físicas e Biológicas aplicadas à música Pedagógia e Canto Coral; cujas matérias variavam de l a 8 anos de estudo. Fui aluna dessas professoras por 4 anos, seguindo para Salvador, onde concluí o curso aos 16 anos, prosseguindo ao mesmo tempo o curso de Secretariado.

Então podemos afirmar que o primeiro coral de Itabuna foi...?
O Orfeon de Profa. Esther Coelho. Era um Orfeon de vozes femininas para crianças e moças da comunidade. Participei dos 10 aos 13 anos em conjunto com minhas professoras e colegas. Ela fazia muitas apresentações no Itabuna Clube que ficava situado onde é hoje o Banco do Brasil. Outros locais de apresentação: Cine Itabuna. que hoje é da Igreja Universal, e um barracão enorme na Praça José Bastos, onde é hoje a Cesta do Povo, e que já foi emprestado para teatro, cinema, igreja e Instituto de Cacau.

E a antiga Estação de trem?
No meu tempo de criança a Estação ficava na área onde foi a Câmara de Vereadores na Praça José Bastos. Cuja praça já abrigou também a Festa da Mocidade, uma espécie de pequeno parque de diversões e que tinha um desenvolvimento teatral muito grande, mostrando os talentos da terra. Isso no lugar onde é o Fórum e que muito antes abrigava os animais que traziam mantimentos para a feira da Praça Adami. Luedy - E depois dos cursos ? Zélia - Depois disso, vim para cá, fiquei ensinando música aqui em Itabuna. Mas não tinha feito Faculdade de Música - só o curso de professora de piano e matérias correlatas com direito a ensinar em todo o Brasil.

Esse retorno foi em que ano?
Em dezembro de 1943. Em 1944 eu abri o curso filiado à Escola de Música que me referi antes. Mas já existiam pessoas que se formaram nesse tempo que eu estudava, que passaram a ensinar pela lesma escola. De 1944 a 1953 fui secretária da Escola de Música além de Docente, regendo inclusive o novo Orfeon da escola iniciando junto com Wanda Oliveira.

Por quê esse nome "Orfeon"?
Orfeon vem de Orfeu, o deus da Música e da Poesia pela Mitologia grega, quem se atribui a criação da lira e que com seu mavioso canto fascinava feras, plantas e rochedos. Ao descer ao reino da morte para resgatar Eurídice que morreu picada por uma víbora, canta e toca sua lira, abrandando e dominando as fúrias infernais, o espectros e os demônios. Como condição de salva-la e não poder fita-la até a saída foi desobedecida, Eurídice cai inamimada. Desolado, Orfeu tenta matar-se quando surge o Amor que lhe susta o gesto e reanima Eurídice, promovendo a união dos esposos, que cantam os benefícios do Amor. Você pode se admirar com a lira primitiva, que a Mitologia diz ter vindo de um casco de tartaruga com as tripas retesadas e que pulsadas por Apolo, emitiu sonoridades.

Hoje usa-se muito o "catguch" feito de intestino de carneiro para suturar feridas internas.
Pois é. Naquele tempo não existia nem o nylon, nem o metal. E interessante lembrar que inicialmente a palavra Orfeon designava um grupo cantante de vozes masculinas. Com o passar dos séculos o Orfeon foi enriquecido com vozes femininas, adultas e infantis. Paralelo à Escola de Escola de Música, havia o movimento das Bandas de Música ou Filarmônicas, dos músicos populares, dos conjuntos para bailes e blocos carnavalescos, sem vínculo com a escola, que tocavam individualmente em festas, clubes, igrejas e que mantinham seus alunos particulares, o que hoje ainda existe.

Nessa época a senhora já estava casada?
Não, eu me casei com 26 anos. Com 17 anos comecei a ensinar aqui, na casa de meus Pais, onde fazia minha escolinha de música. Era na rua da Catedral de São José, atualmente Rufo Galvão. Dava música em colégios particulares, além de manter o curso com a Escola de Música. Sempre fazia cursinhos fora, em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, sobre as outras artes, na escola, como Dança, Artes Plásticas, Teatro, Literatura, além da minha profissão, pois o Estado queria um professor polivalente.

Em 1959 passei a ensinar Canto Orfeônico pelo Estado no Colégio Estadual de Itabuna, com autorização do Padre Barbosa, que era da Secretaria de Educação, tendo posteriormente a nomeação. Algum tempo depois de casada fiz o curso universitário para Professora de Canto Orfeônico, concluindo em 1966. O nome do curso mudou posteriormente para Educação Musical, depois Educação Artística e por último Arte Educação. Continua abrangendo todas as artes. Hoje sou aposentada do Estado.

A Escola de Música cresceu, unindo seus diplomados sob sua fiscalização, passando a conferir o grau aqui, criando filiais em cidades próximas. O Departamento da Escola de Música esteve em atividade por 53 anos consecutivos, mantendo cursos, recitais, intercâmbios, e desses, 32 sob a direçâo de Prof. Gladys Almeida, que trabalhou com muitas outras. E por fim, a escola-sede registrou sua dissolução em Salvador, passando a nossa escola a conveniar-se com o Instituo Ametista de Saint Germain Conservatório de Música "Ars et Scientia do Brasil" - São Paulo, sob a direção de Telma Kruschewsky, em 1991, chamando-se Escola de Música de Itabuna.

Além dessa escola tivemos uma extensão da UFBA antes de ser federal, através dos Seminários Livres de Música da Universidade da Bahia, Departamento de Itabuna que dirigi e que funcionou de 1962 a 1965, na antiga casa de Dr. Gileno Amado, Praça Olinto Leoni.

Na instalação do departamento veio a Orquestra Sinfônica da Universidade, tocando no auditório da AFI repleto. Isso foi na gestão do Reitor AIbérico Fraga. O fundador foi o alemão Diretor dos Seminários, Prof. H. J. Koellreutter. Na abertura eu e colegas fizemos teste para os cursos de aperfeiçoamento. Tivemos como professores : Ernst Widmer, Hoemberg, Scheuermann, Ardingh, Stephany, Magnani, importados da Suíça, Alemanha, Itália, Israel, pela Universidade e o famoso pianista brasileiro Fernando Lopes, todos docentes dos Seminários. Ai, todos os meus coralistas da época se inscreveram no coral do departamento, tendo alguns feito instrumento e matérias, mostrando seus talentos e obtendo bolsas de estudo dos Seminários, onde participaram da orquestra e do Madrigal por longos anos, usufruindo de viagens ao exterior. Departamentos do gênero, foram implantados em Feira de Santana e outras cidades, proporcionando encontros no auditório da Keitunu, para execução de obras dos grandes mestres, com Orquestra Sinfônica e grande côro. Aqui os concertos eram constantes, vindo vários conjuntos de câmera se apresentar e o grupo do Departamento daqui também fazia muitas apresentações.

Foram 4 anos de fase áurea para os músicos de Itabuna e os da região que aqui se inscreveram. E tudo isso foi iniciado em 1954 em Salvador com o Reitor Edgard Santos abrindo os Seminários de Música que depois passou a ser Escola de Música e Artes Cênicas da UFBA.

A senhora conheceu Smetak?
Conheci. Foi desse tempo em que a Universidade mandou buscar músicos lá fora. Sua profunda e originalíssima criação sonora com um mundo de instrumentos, parece que será restaurada, segundo notícias no jornal e afilha e um grupo de alunos estão nessa luta.

A senhora tem aqui em Itabuna e na região gerações e gerações de alunos. Eu mesmo já fui seu aluno de coral, Silmara já foi, não sei o Guilherme. Quantos alunos tiveram o privilégio de estudar música com a senhora?
Você e Silmara foram meus alunos no Coral da UESC, onde eu ensinei nos meus últimos 9 anos de serviço ao Estado, ministrando Coral, Teoria, Percepção, Flauta Doce e Teclado, antes de me aposentar. Havia na mesma época o convênio da UESC com meu Coral, para que os cantores de lá e de cá frequentassem ensaios e apresentações de ambos os grupos para maior crescimento musical. Estou falando que pelo "Coral Cantores de Orfeu " acho que já passaram mais de cinco mil pessoas, nesses 45 anos. Porque uma coisa que existe é a rotatividade. Nós temos algumas pessoas que bestão até hoje, como Maria da Paz que entrou no segundo ano do coral.

Hoje, Maria da Paz é seu braço direito...
É. Ela é a Presidente Executiva do Coral e eu a Presidente do Conselho Deliberativo. Mas também temos outras pessoas com 20. 18,17, 12 anos de coral. Mas não são muitas. A maioria é de novos cantores. Luedy - Quais foram as pessoas que participaram do seu coral e que posteriormente se destacaram em vários áreas, inclusive música ? Zélia - Se eu for colocar nomes o jornal não dá e pode acontecer esquecimento involuntário . No entanto é extremamente gratificante saber de ex-alunos que alcançaram grandes metas na arte, em particular Música, ou em outras atividades escolhidas. Quando ocorre encontros ou comunicações, sinto que os laços formados no Coral, comigo e com os colegas, permanecem, apesar do tempo e da distância.

A senhora nunca foi patrocinada para gravar um CD. Como o coral sobrevive?
O coral funciona nas instalações da minha escola de música e eu ministro Canto Coral Integrado sem ônus para os alunos. Em algumas atuações, quem convida banca viagem, hospedagem, alimentação, local de apresentação, iluminação, sistema de som, equipe de apoio, impressão de programa, transporte de material usado na apresentação, cenário . Independente disso fazemos feiras de arte, de cacareco, chás de tortas com apresentações , na mesma escola, que continua sendo a sede provisória do coral.

E a Prefeitura?
Sempre que a procurei fui muito bem recebida, mas cada mini ajuda de custo para serviços prestados com apresentações nunca chegou a alcançar a terça parte do orçamento de gravação de um CD.

E a utilidade pública do Coral?
Por enquanto só temos a Municipal, conforme D.O. de 20/05/99 mas sem ajuda material, que depende de orçamento, Vereadores, leis, etc.

E a política?
Compete aos especialistas . Se bem que várias pessoas afirmam que eu pratico política com essa minha política musical, ao longo desses 45 anos canalizando cinco mil cabeças pensantes para um determinado fim, apesar da multiplicidade de credos religiosos , políticos, níveis sociais, níveis de instrução, níveis de musicalidade, todos usufruindo harmoniosamente o milagre da música.

Alguma instituição a contratou para trabalhar no coral?
Não. Eu ensino ao coral gratuitamente e sem ajudante. A idéia da "Célula Mater" - Célia Vita, Gladys Almeida, Wanda Oliveira e eu- era permanecermos juntas nesse trabalho, tanto quanto fomos amigas de infância e colegas mas com os compromissos profissionais elas ficaram impedidas e eu comecei sozinha e estou até hoje. Isso me preocupa porque já estou com 74 anos.

A senhora vê alguém que poderia dar continuidade ao seu trabalho?
Acho que um patrocínio certínho, sem atraso, poderá atrair candidatos da região e de fora. O que não posso é convidar colegas para um trabalho sem remuneração. Ainda mais que é Canto Coral integrado.

A propósito do "Ano do Voluntário", a senhora acredita em voluntariado?
Acredito e sou uma voluntária, pois comecei o Coral e continuo até hoje. Mas voluntário não se impõe, não se induz, não se convida, tem que se apresentar voluntariamente. Você sabe que existe até equipes realizando o mesmo trabalho, onde cada voluntário dá X tempo.

Explique melhor isso de Coral Integrado.
É como uma Educação Artística, pois além de toda a parte musical o cantor tem que aprender a representar , a dançar a confeccionar o cenário, a coordenar seu material de cena, sua indumentária , sua "maquillage". Isso por causa da "Rapsódia Grapiúna", que abrange todas as artes . As outras oportunidades de apresentação são de uniforme e uma ou outra música é que tem movimentação

Como se faz para participar?
Procurar na Av. Inácio Tosta Filho 247, ou ligar para (XX) 73 211 1053-Itabuna-Ba, para marcar o teste.

Quantas apresentações o seu coral já fez?
Numa média de seis por ano , algumas vezes mais, outras menos, aproximadamente 260.

E as Santas que vemos ali?
São todas imagens de Santa Cecília, a padroeira dos músicos. Todas de época diferentes. A maior pertenceu à filarmônica "Amantes da Lira " e da qual herdei, pois Dona Senhora,- Laura Conceição- que trabalhou pela construção da Igreja de São José, era da direção da Banda e ficou sua guardiã até morrer, constando no testamento para passa-la às minhas mãos, pois a Banda se desfez há muitos anos. A de tamanho médio, ganhei de minha mãe em 1942 e a menor ganhei de Osmundo Teixeira, nosso grande escultor e meu sobrinho. Vamos recuperar duas delas.

A senhora ainda trabalha pelo Estado?
Não. Sou aposentada do Estado e paralelamente além do coral , tenho minha Escola de Música onde dou aulas de Música para adultos e crianças , sem vínculos com escolas de formação, embora com abertura para instrumentos musicais. Faço orientação para Música na 3a Idade e para professores de Educação Artística e ensino gratuitamente coral infantil "Os Verdinhos" que são filhos e netos dos coralistas além de ser aberto a toda a comunidade.

Quantas músicas a senhora já fez?
Só as da "Rapsódia Grapiúna" tem mais de cem. As outras envolvem diversos assuntos pertencentes a um determinado trabalho musical, só instrumentos, só voz em solo ou com de adultos ou infantil, sendo de composições minhas e também arranjos que fiz de músicas de outros compositores. Tudo organizado em álbuns, visando futura edição. Ao todo suponho ter mais de trezentas.

E as premiações que a senhora teve?
Em 1974- Finalista - 1° Concurso Nacional de Composições e Arranjos Corais com " Rapsódia Grapiúna" ( 06 temas) Belo Horizonte- MG. E em 1976 Finalista e 2° lugar -2° Concurso Nacional de Composições e Arranjos Corais, com "Rapsódia Grapiúna" ( 10 temas) - Belo Horizonte MG, todos dois com interpretação de Madrigal Renascentista de Belo Horizonte. Troféu do Festival de Arte de Vitória da Conquista, apresentando 15 temas da " Rapsódia Grapiúna" em 1991, na interpretação do Coral Cantores de Orfeu, a caráter. Em 1998 participei do concurso para o hino da Universidade do Mar e da Mata, obtendo 4" lugar.

A senhora fica aborrecida de ver o espaço do seu nome sem uso cultural e precisando restauração?
Aquele espaço é da Prefeitura e compete a ela restaurar e tem uma pauta de uso e as pessoas que querem devem ir à Prefeitura.

Cite músicos que tocam bem MPB em Itabuna, hoje.
São muitos que já ouvi em festas e não conheço. Se for lembrar todos, colegas, parentes e alunos, o jornal não dá. Das que estão aluando em público agora, quero lembrar somente duas professoras deformação musical erudita que foram minhas alunas e que acompanhei o desenvolvimento e sei que fazem música popular com ótimo estilo, desde cedo, são: Conceição Sá e Mariângela Oliveira.

E a música popular no repertório do Coral?
Está sempre presente pois desde criança que gosto e toco e tenho feito muitos arranjos paru o coral, de músicas dos compositores brasileiros e estrangeiros.

Se a senhora pudesse modificaria alguma coisa vivida nesses 74 anos?
Não. Meu caminho é a música.

A senhora é casada com...
AIberto dos Reis Lessa - Pediatra.

Filhos e netos?
Um filho: José Roberto Oliveira Lessa e 4 netos: Kayne ( 24), Wanderson ( 13), Irma Zélia (12), Igor Alberto 9) os dois últimos estudando música na Escola Clave de Sol com Mariângela, fazendo flauta doce.

Existe alguém mais importante do que Zélia Lessa na música em Itabuna?
Isso.de importância é muito relativo. E como diz o ditado: "Há pau que passa pau ", o povo atribuindo importância, já é acréscimo que Deus dá. E o desconhecido varredor, que de madrugada varre com assobio super afinado e ainda por cima com estrutura bitonal, e que é um fenômeno de agilidade. E sumiu, não deu para ver quem era. O ceguinho tocando seu violão com o pratinho do lado, fazendo seu trabalho autônomo, merecem nossa admiração. Só que não são conhecidos. São lutadores anônimos tentando superar seus limites.

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