Aquele prédio histórico localizado na Rua Osvaldo Cruz, em frente à Praça José Bastos, onde funcionou o Instituto de Cacau da Bahia, uma agência da Sulba e a Cesta do Povo, será restaurado pela Universidade Federal de Santa Cruz. O imóvel hoje pertence à UESC, que está aguardando apenas que a Prefeitura de Itabuna faça a realocação dos comerciantes alojados ali ao lado para realizar a requalificação do prédio, iniciando pelas fachadas. Um colaborador da nossa página nos enviou a simulação de como ficará.
Manoel Pereira Gonçalves, o “Papai Noel” das calçadas de Itabuna
A história não registra seu berço, nem a saga familiar que o trouxe ao sul da Bahia. Para a Itabuna dos anos 50 e 60, Manoel Pereira Gonçalves simplesmente existiu, um enigma barbudo que a memória popular batizou de "Papai Noel" pela óbvia semelhança com o mito ocidental. Mas nosso Papai Noel tropical era mais do que uma caricatura natalina: era o contraponto vivo, o sarcasmo encarnado, a antítese filosófica de uma cidade "mergulhada no egocentrismo, na individualidade e na falta de amor ao próximo". Ele se tornou, sem querer, a estrela maior de um palco improvável, deixando um vazio biográfico que só exalta sua aura: afinal, “Papai Noel” nunca disse a ninguém onde nasceu, viveu, ou quem eram seus pais.
Seu ponto de observação era estratégico: a porta do Cine Itabuna. Ali, ele reinava como a “marca registrada de uma geração” que buscava escapismo na tela e encontrava a realidade mais dura e fascinante na calçada. Carrancudo e sério, ele era o guardião do templo da sétima arte, um mestre da introspecção cujos olhos profundos exprimiam a dureza material da vida. No entanto, a sua presença, alimentada pela bondade de terceiros como o saudoso Bionor Rebouças, era a prova viva de que a solidariedade ainda respirava, mesmo que timidamente, na paisagem urbana.
O nosso herói, porém, não era feito só de seriedade e reflexão. Papai Noel carregava um charme irreverente e bem-humorado, uma dose de swing inesperada que o ligava diretamente à efervescência jovem da época. O artigo imortaliza o seu gesto mais audacioso e gentil, aquele que o tirava da apatia aparente e o colocava na lista dos crushs inesquecíveis: o Papai Noel das tardes de cinema “entre um cochilo e outro, ainda tinha energia para dar uma beliscada carinhosa nas pernas das gatinhas que passavam à sua frente". Um flerte histórico, um toque de ternura vintage que selava sua popularidade.
A comunidade o adorava não apenas pelo folclore, mas pela carga simbólica de sua vida. A meninada e os mais velhos nutriam por ele “um carinho todo especial, como se aquele ser humano fosse a reencarnação de um grande espírito” enviado para reeducar os itabunenses. A ironia era sublime: o homem mais pobre da rua era, na verdade, o mais rico em significado, pois sua mera existência era o espelho que a sociedade egocêntrica não queria olhar. Sua presença era um convite perene à meditação.
Apesar da carcaça maltrapilha da velhice, a história é enfática ao exaltar a força de um passado não revelado. Seu corpo, “apesar da idade, dava sinais de que, na mocidade, Papai Noel foi um ser humano forte e robusto", escreveu um jornalista da época. Esse vigor ancestral reforçava a sua estatura lendária, sugerindo que o homem escolhera, ou fora levado, a viver uma existência de despojamento voluntário ou forçado, mas sempre com dignidade. Seu mistério nunca foi desvendado, e a ausência de dados biográficos completos apenas consolidou sua lenda como um espírito livre.
Assim, Manoel Pereira Gonçalves não nos deixou presentes materiais, mas um legado imensurável que transcendeu sua morte em 7 de agosto de 1967. Ele foi um "exemplo para toda uma geração", um filósofo da calçada que ofereceu à cidade a “lição de humildade, da compreensão, da fraternidade e da justiça social.” Papai Noel de Itabuna é a prova de que a maior riqueza de um homem pode residir na mais absoluta pobreza, e que o humor e a ternura podem ser as ferramentas mais eficazes para a crítica social. Sua vida simples permanece, até hoje, uma das mais elaboradas peças do nosso folclore urbano.
Sabará, o Maestro das baquetas e da vida
Um tributo em rufos, lembranças e sorrisos ao grande mestre da bateria do sul da Bahia
Aldamiro Leôncio da Silva — ou simplesmente Sabará — é mais que um baterista; é uma aura sonora que ecoa pela história musical do interior da Bahia. Com mais de oitenta anos vividos e dezenas de décadas dedicadas à arte da percussão, sua trajetória se impõe como uma narrativa de persistência, de encantamento e de generosidade. Ele virou mito, mestre e ponte entre gerações.
Desde os primeiros compassos de sua vida, Sabará mostrou que sua missão era vibrar junto com os sons mais profundos. “Devo ter uns 75 anos de bateria, desde aprendiz”, confidencia com humildade e orgulho, tão seguro de seu longo caminho quanto sorridente ao narrá-lo.
Seu apelido, curiosamente nascido no futebol de praia, carrega esse gesto de paixão popular: corria nas areias igual a um jogador do Vasco, e assim adotou o nome — um batismo leve, bem-humorado, mas que o acompanha com dignidade ao longo da vida.
A carreira de Sabará não se construiu apenas nos palcos das boates ou nos salões iluminados, mas sobretudo nas salas de aula — quem o conheceu sabe: ele formou muitos dos grandes bateristas da região. Bruno, Cláudio Kron (residindo na Inglaterra), Tadeu Oliveira (na Itália), Tiago Nogueira (em Salvador) — todos passam pela escola e pelo afeto desse mentor incansável.
Sua militância musical é feita de deslocamentos geográficos e encontros memoráveis. Ele tocou no Rio de Janeiro, no Clube Realengo e no Hotel Quitandinha; depois veio ao sul da Bahia, onde integrou bandas, formou quintetos (como o “Lord Show”) e ajudou a criar um panorama cultural em cidades como Ilhéus e Itabuna.
O talento de Sabará ultrapassa a habilidade técnica: ele é também pensador da música. Em sua fala, destaca que o ato de tocar bateria ilumina a neurociência — “tocar bateria alivia estresse, fadiga, hipertensão” — e que o processo pedagógico pode servir a todos, inclusive à terceira idade.
Em sua didática, ele adota o que poderíamos chamar de “imediatismo musical”: no primeiro dia de curso, o aluno já se aproxima do instrumento; em poucos meses muitos já tocam músicas completas. Sua apostila, elaborada com carinho, é guia e estímulo: ele insiste que “música é ciência exata”, mas também paixão visceral.
Ele não teme desafios: sabe da dependência entre mãos — exercita a “independência dos órgãos” — ensina a mão esquerda a trabalhar como a direita, transforma canhotos em bateristas de ambidestria. Polirritmia, coordenação, técnica: tudo isso é parte de seu repertório de combate ao tédio e ao ócio.
Mesmo com tantos anos nos tambores, ele nunca deixou o brilho da juventude. Mantém bom humor e simpatia inabaláveis, celebrando a vida como um compasso sempre novo. Ele rejeita a “bateria eletrônica” com firmeza de tradicionalista, ainda que reconheça seu valor para a experimentação — mas sua alma está na bateria acústica, no couro, no estalo orgânico do tambor.
Sabará é mais que um músico: é guardião de uma cultura que sucumbe ao tempo. Ele lamenta que cidades como Itabuna tenham perdido o brilho de antigas festas e carnavais, e critica a falta de valorização dos talentos locais.
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Funarte lança plataforma Rede das Artes
Novo ambiente digital fortalece, conecta e difunde as artes brasileiras, com impacto direto na Bahia
Celebrando o Dia Nacional das Artes, 12 de agosto, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) lança a plataforma digital pública Rede das Artes, uma iniciativa inédita voltada à articulação e difusão da produção artística brasileira, em sua diversidade e abrangência. A ferramenta já nasce com forte presença de agentes e iniciativas da Bahia, especialmente do Sul do estado, e abre novas oportunidades para artistas, produtores e coletivos fortalecerem seus trabalhos e ampliarem a circulação de suas criações.
A plataforma permite o cadastramento de agentes, eventos, espaços, iniciativas e oportunidades ligadas às artes, funcionando como um grande portal de pesquisa e acesso aos movimentos artísticos em atividade. Com isso, artistas baianos poderão se conectar a redes criativas de todo o país, identificar parcerias e acessar uma agenda artística ampliada.
“A Rede das Artes nasce para conectar, articular, visibilizar, difundir e fortalecer as artes em todo o Brasil e a Bahia tem papel central nesse movimento. É um ponto de encontro entre agentes artísticos, grupos, coletivos, espaços, eventos, programas, políticas e público. No contexto da Política Nacional das Artes, ela responde a uma demanda histórica por mapeamento e fortalecimento dos elos da rede produtiva, com foco na difusão e no encontro com os públicos. É um Brasil das Artes em movimento, comprometido com o acesso à arte como direito de todas as pessoas”, afirma a presidenta da Funarte, Maria Marighella.
A Rede das Artes também é resultado de uma estratégia digital que contempla metodologias participativas, tutoriais, cursos de formação e ferramentas de análise de dados. O objetivo é integrar iniciativas fomentadas pela Funarte, ampliar a transparência e dar mais visibilidade aos projetos financiados com recursos públicos, incluindo ações já realizadas e em andamento na Bahia.
O lançamento marca uma nova etapa para a política de arte no país, descentralizada e inclusiva, que reconhece o papel central das artes na construção de uma sociedade plural, democrática e conectada. Na Bahia, o impacto será sentido na ampliação do alcance dos artistas, no fortalecimento das redes regionais e na presença ainda maior da produção artística baiana no cenário nacional.
Sobre a Funarte
A Fundação Nacional de Artes (Funarte) é vinculada ao Ministério da Cultura do Governo Federal e tem a missão de promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento, a difusão, a pesquisa e a memória das artes no país. Em 2025, completa 50 anos de existência, reforçando seu compromisso com a construção e articulação de políticas públicas para as artes.
Acesse: rededasartes.cultura.gov.br
Fotógrafo baiano lança livro-documentário sobre o povo em situação de rua
O fotodocumentarista Heitor Rodrigues, lança na próxima quarta-feira, dia 13, no Centro de Cultura João Gilberto, às 19 horas, em Juazeiro, norte da Bahia, seu terceiro livro documentário.
Com o título [às] Margens do Olhar, a obra traz imagens da realidade das pessoas em situação de rua dos municípios de Juazeiro (Bahia), Petrolina (Pernambuco) e São Paulo (capital).
O prefácio do livro é de autoria do agente social, o padre Júlio Lancelotti, pároco episcopal da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo. O trabalho teve concepção e captação de imagens há mais de dois anos.
“Venho acompanhando essas pessoas desde 2022; pessoas que estão à margem da sociedade e todos com grandes histórias. Vivenciar isso, foi muito impactante. Toda parte textual do livro são as histórias dessas pessoas”, revela o fotógrafo Heitor Rodrigues.
Em um trecho do prefácio, o religioso destaca a relação da fotografia com o afeto, o amor e a dor. "Que a foto seja o afeto, que o afeto seja fotografado, que a vida seja perpetuada no momento do amor, no momento da dedicação, no momento em que eles estão documentando a dor e o amor", cita o padre Lancelotti em seu texto.
O lançamento do livro-documentário será acompanhado de uma exposição fotográfica com os personagens que integram a obra. “Junto com o lançamento do livro, haverá uma exposição fotográfica com as pessoas que ilustram a publicação com suas imagens e suas histórias”, afirma Rodrigues.
Este é o terceiro livro-documentário do fotógrafo Heitor Rodrigues. O primeiro, “Juazeiro: Luz e Sombras", foi em e-book em 2020. O segundo, “Pirilampos da Caatinga”, lançado em 2021, traz um mergulho na cultura de vaqueiros de Uauá, cidade também do norte da Bahia.
[às] Margens do Olhar é um projeto que foi contemplado nos Editais da Lei Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura da Bahia, direcionado pelo Ministério da Cultura.
Titio Brandão – a voz que abraçou um povo
Poucos nomes ecoam com tanta ternura e respeito na história de Itabuna quanto o de Antônio Brandão de Jesus, o inesquecível Titio Brandão. Nascido em 11 de maio de 1927, em Feira de Santana, chegou ainda menino a Ilhéus, onde construiu os alicerces de sua vida e trajetória. Desde cedo, revelou vocação para a comunicação e para o serviço ao próximo, unindo a potência de sua voz ao calor do coração generoso.
Aos 16 anos, deu os primeiros passos no rádio, na Rádio Cultura de Ilhéus, como office-boy e datilógrafo. O destino, porém, tinha outros planos: a ausência de um locutor por motivos de saúde abriu espaço para que sua voz ganhasse o microfone. A partir dali, o que era apenas auxílio técnico se transformou em missão: comunicar, emocionar e unir. Foi nesse mesmo período que começou um trabalho social marcante, arrecadando presentes no comércio para distribuir às crianças carentes — e, com esse gesto afetuoso, nasceu o carinhoso apelido que o eternizaria: Titio Brandão.
Ainda jovem, criou o programa infantil “Nossa Gente Pequenina”, onde crianças declamavam poesias e cantavam com alegria. Ampliou sua atuação ao organizar o “Show dos Calouros” no Clube dos Comerciários de Ilhéus, com a cantora Norma de Assis, sua cunhada e parceira de palco. Também coordenou festas populares como o “Dia das Mães”, “Dia das Crianças”, “Natal dos Pobres”, sempre levando carinho e esperança à população mais humilde.
A sua trajetória seguiu para Itabuna, a convite do jornalista Otoni Silva, para integrar a fundação da Rádio Clube de Itabuna — atual Rádio Nacional. A chegada de Titio Brandão marcou o início de uma nova era na radiodifusão da cidade. Trouxe consigo talentos como Norma de Assis, Alfa Santos e Romilton Teles, fortalecendo o elenco artístico local. Sua voz e carisma tornaram-se presença indispensável no cotidiano itabunense.
Homem de família extensa e dedicada, casou-se com Cleonice Prazeres de Assis, com quem construiu um verdadeiro clã: foram 11 filhos (02 falecidos), netos, bisnetos e tataranetos. Um núcleo familiar que ecoa, até hoje, os valores de união, alegria e generosidade que ele propagava no rádio e na vida.
Nos anos 1960, Titio Brandão se destacou também como vereador voluntário, exercendo seu mandato sem remuneração. Foi responsável por trazer a Itabuna ícones da música nacional, como Roberto Carlos, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e o palhaço Carequinha. Promoveu eventos grandiosos e populares, criando datas comemorativas como o Natal da Criança Pobre e o Dia dos Motoristas, além de fomentar a cultura por meio dos blocos carnavalescos Os Quizimbas e Unidos do Pontalzinho.
No bairro do Pontalzinho, onde morou, foi figura decisiva para o desenvolvimento urbano: lutou pela pavimentação de ruas, fundou o Clube Social do Pontalzinho e idealizou o programa “O Bairro se Diverte”, transmitido ao vivo pela rádio, reunindo artistas e calouros com sorteios e premiações para a comunidade. Sua voz, sempre acolhedora, levava entretenimento e dignidade às periferias esquecidas.
Seu legado foi reconhecido em vida com o título de Cidadão Itabunense, concedido mesmo em meio à fragilidade de sua saúde. Após sua morte, em 18 de abril de 2000, sua memória permanece viva na cidade que tanto amou. Em 2024, a principal praça do bairro Pontalzinho foi rebatizada como Praça do Trabalho Titio Brandão, graças a um projeto de lei sancionado com unanimidade e entusiasmo.
Titio Brandão não foi apenas um radialista, apresentador ou vereador. Foi um pioneiro da solidariedade, um empreendedor cultural e um símbolo de afeto popular. Sua voz não apenas transmitiu notícias ou canções, mas inspirou gerações a acreditar no poder da comunidade, da arte e do amor ao próximo. Seu nome ecoa como exemplo de um tempo em que o rádio era ponte entre corações — e Titio Brandão, o construtor dessa ponte.
Itabuna: uma cidade à procura de sua memória
Educandário Cordolina Loup ganha documentário que conta a sua história
Link para o vídeo:
https://youtu.be/DX8S08W91nI
Desde 1956, existe na margem da BR 415 (Ilhéus-Itabuna) uma instituição que é uma verdadeira bênção para a região, sobretudo para as centenas de crianças que passaram por lá (hoje adultos que vivem em diversos estados brasileiros e também ouros países). A maioria dos itabunenses conhecem o Educandário Cordolina Loup Graças à Irmã Catarina, uma freira que andava pelas ruas da cidade vendendo deliciosos biscoitos, para ajudar nas despesas da casa.
O Educandário Cordolina Loup Reis existe graças à generosidade do Coronel Henrique Alves dos Reis, que doou o terreno à Congregação Nossa Senhora dos Humildes, que com a ajuda de diversas empresas e órgãos públicos, além de políticos e voluntários, ali construiu um verdadeiro lar para crianças carentes, abandonadas ou simplesmente moradoras de fazendas próximas.
Nesta segunda feira, 7 de julho de 2025, foi lançado um curta metragem com um documentário, inde, com narração da diretora da instituição, Irmã Edna, são mostradas imagens e contada a história daquela casa de acolhimento. O filme foi realizado graças ao apoio concedido pela Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), através da aprovação do projeto pela Lei Paulo Gustavo 2024. José Carlos Almeida, proponente do projeto, também é responsável pela Produção, Roteiro, Filmagem e Edição. A Direção é de Janaina Huang, que também é responsável por filmagens. Como forma de assessibilidade, foi incluído um intérprete de Libras, a linguagem brasileira de sinais.
Henrique Alves dos Reis nasceu em 19 de maio de 1861, filho de uma escrava e um padre. Tornou-se um dos grandes cacauicultores e empreendedores da sua época. Fez a doação de um pedaço da sua fazenda para a criação do Educandário Cordolina Loup dos Reis. Faleceu em 8 de janeiro de 1940.
Nascida em 1870, em Ilhéus, Cordolina Loup dos Reis participou de várias iniciativas ligadas à Educação, Cultura e Assistência Social em Itabuna. Foi a segunda esposa do Coronel Henrique Alves. Faleceu em 1952, sem deixar herdeiros diretos. Mas seu nome e legado segue inspirando as novas gerações.
Maria Catarina de Carvalho Luna (Irmã Catarina de Jesus Luna) nasceu em 1904 e faleceu em 29 de outubro de 1992, aos 88 anos. Uma vida dedicada à caridade no Educandário Cordolina Loup Reis.
Com a chegada do novo milênio, o número de alunos no Educandário Cordolina Loup foi reduzindo gradativamente. Atualmente, não tem atividade educacional, mas a Irmã Edna Suzart ainda mantém uma forte atuação na evangelização e assistência a famílias de fazendas vizinhas. Os Biscoitos Irmã Catarina continuam sendo produzidos, agora sob responsabilidade da Irmã Edna. E continuam deliciosos!
José Moreira Laytynher: o visionário da Tubaína Real e do progresso itabunense
Nascido em 2 de julho de 1937, no município baiano de Camacã, José Moreira Laytynher tornou-se, ao longo da vida, uma das figuras mais emblemáticas do empreendedorismo regional. Com espírito inquieto e visão de futuro, firmou raízes em Itabuna, cidade que abraçou com fervor e à qual dedicou décadas de trabalho incansável. Seu nome tornou-se sinônimo de inovação, persistência e compromisso com o desenvolvimento econômico e social do sul da Bahia.
Casou-se em 1963 com Noélia Araújo Nascimento, com quem construiu uma família alicerçada em valores sólidos e visão progressista. Ao longo dos anos, tornou-se viúvo, mas não perdeu a vitalidade que o caracterizava. Incansável, Laytynher trabalhou por três turnos, empregando dezenas de pessoas e movimentando a economia de Itabuna. Seu ritmo intenso de trabalho (trabalhava nos três turnos) era fruto de uma paixão inabalável pela transformação da realidade ao seu redor.
Foi em 1982 que José Moreira Laytynher fundou a icônica Indústria e Comércio de Bebidas Real Ltda, criadora do refrigerante Tubaína Real, instalada na Rua Santa Cruz, nas proximidades do Hospital Manoel Novaes. O produto tornou-se um verdadeiro símbolo regional, com sabores marcantes como tutti frutti, laranja, cola e limão. O sucesso da marca projetou seu nome além das fronteiras do município, tornando-o referência no setor industrial do interior baiano. A empresa, posteriormente vendida em 2002 para os proprietários da Bivolt, eternizou o espírito empreendedor de seu criador.
Laytynher não se limitava às paredes da indústria. Foi voz ativa nas mais importantes instituições de representação da classe empresarial itabunense, como a Associação Comercial e Industrial (ACI), a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e o Rotary Club. Ocupou cargos de liderança e contribuiu de forma efetiva para o fortalecimento do setor comercial. Em suas gestões e participações, jamais cessou de reivindicar um Porto Seco e um Centro de Abastecimento para Itabuna, projetos que considerava fundamentais para o progresso local. Embora não tenha vivido o suficiente para ver esses sonhos realizados, deixou-os como bandeiras para as futuras gerações.
Além do seu desempenho empresarial, Laytynher atuou com dedicação em causas sociais e filantrópicas. Foi membro atuante da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, instituição à qual serviu com zelo e generosidade. Seu envolvimento com entidades de cunho social evidenciava um espírito solidário, sempre atento às necessidades dos mais vulneráveis. Era um itabunense apaixonado por sua cidade, que lutava diariamente pelo bem comum.
No ambiente empresarial, Laytynher era reconhecido por sua seriedade, espírito visionário e capacidade de transformar ideias em realizações concretas. Sua presença era marcante nas reuniões, nos conselhos, nas decisões que moldaram a história recente de Itabuna. Por onde passava, deixava a marca do comprometimento e da fé no potencial regional.
José Moreira Laytynher faleceu em 12 de dezembro de 2020, aos 83 anos, no Hospital de Ilhéus. Recuperava-se de uma cirurgia de próstata quando foi infectado pelo coronavírus, vindo a falecer ao meio-dia daquele sábado. Seu passamento foi lamentado por toda a cidade, que reconheceu nele não apenas um empresário de sucesso, mas um verdadeiro construtor de sonhos coletivos, um homem cuja obra ultrapassa o tempo.
Rildo Laytynher
O legado de José Moreira Laytynher permanece vivo especialmente através de seu filho, Rildo Araújo Laytynher, nascido em 12 de dezembro de 1966, em Itabuna. Educado nos tradicionais colégios Divina Providência e AFI, Rildo deu continuidade à veia empreendedora da família. Formou-se em Química Industrial pela Universidade Federal de Sergipe - com pós-graduação em Engenharia de Produção (UFS) e Gestão Estratégica Empresarial (UNIME) - e foi o grande responsável por inventar a Tubaína Real, ampliando sua linha de produtos e lançando novas marcas de sucesso como os energéticos Bivolt e Night Blue. Também criou a Talimpo Produtos de Limpeza.
Vive em Aracaju, onde é o presidente do Conselho Regional de Química de Sergipe, Químico Responsável por 2 empresas e ainda Químico Responsável pelo Chocolate Caseiro de Ilhéus (há 29 anos). Contínua atuante na área: recentemente, em Aracajú, desenvolveu o refrigerante Tubaína Q’Tal, para uma empresa local. Com talento e inovação, honra o nome de seu pai e reafirma o compromisso dos Laytynher com o crescimento regional.
Tubaína
A tubaína é um refrigerante tradicionalmente brasileiro, com sabor marcante de guaraná misturado ao tutti-frutti, criado no interior do estado de São Paulo. Apesar das divergências sobre sua origem exata, a versão mais difundida credita sua criação à fábrica de bebidas Andrade, em Piracicaba, no final do século XIX. Outra narrativa sugere que a empresa Ferráspari, de Jundiaí, foi a responsável pela invenção ao registrar a marca “Turbaína” na década de 1930. Ao longo dos anos, a bebida ganhou espaço nas mesas do interior paulista, tornando-se um símbolo regional e inspirando diversas marcas locais, entre elas a Itubaína, da antiga Schincariol, que protagonizou disputas judiciais pela exclusividade do nome.
Inicialmente envasada em garrafas de vidro de 600 ml, reaproveitadas das cervejarias, a tubaína passou por transformações com o avanço da indústria. Atualmente, a maioria das fábricas prefere produzir em garrafas PET de 1 ou 2 litros, o que facilita o processo produtivo e reduz os custos operacionais. Mesmo com essas mudanças, a tubaína preserva seu lugar na memória afetiva dos brasileiros, especialmente daqueles que cresceram nas cidades do interior, onde ela continua sendo símbolo de tradição e simplicidade. Em Itabuna, ganhou 04 novas versões, sob a marca “Tubaína Real”.
Bionor Rebouças: uma história de luz e caridade
Bionor Rebouças nasceu em 6 de abril de 1928 e, ao longo de sua vida, guiou-se firmemente pelos princípios da doutrina espírita. De espírito solidário e sensível às dores humanas, dedicou sua existência aos mais carentes da cidade de Itabuna, na Bahia. Sua jornada foi marcada pela fundação de instituições voltadas à assistência dos desamparados, sempre com o olhar voltado à dignidade humana e à fraternidade.
Movido por esse ideal, participou da criação de obras duradouras como o Abrigo Jovelino Conceição, o Abrigo do Centro Espírita Tupinambá e a Casa da Criança Nosso Lar — atual Lar Fabiano de Cristo —, oferecendo amparo a crianças e idosos. Também foi o idealizador da Campanha do Quilo, importante ação beneficente, e um dos defensores da implantação do Centro Comercial de Itabuna, contribuindo para o desenvolvimento urbano da cidade.
Em outubro de 1971, Bionor deu vida ao Albergue Bezerra de Menezes, instalado no bairro do Antique, em uma avenida que hoje leva o seu nome. Ali, passou a acolher doentes em situação de vulnerabilidade, especialmente tuberculosos e portadores do HIV. O espaço cresceu, abrigando também uma creche e uma escola primária mantidas por meio de convênios com prefeituras da região. Junto ao albergue, fundou o Centro Espírita Bezerra de Menezes, fortalecendo ainda mais sua missão espiritual e social.
Bionor Rebouças faleceu em 25 de setembro de 1988, mas a obra que construiu com fé e compaixão segue viva. Apesar do limitado apoio oficial, as instituições por ele fundadas continuam a oferecer abrigo, educação e esperança, preservando o testemunho de um homem que fez da caridade o seu compromisso com o mundo.
A jornada de D. Laura Conceição: um legado de Fé e Solidariedade
Nascida em 8 de janeiro de 1877, em Itapagipe, Salvador, D. Laura Conceição (que ficaria conhecida como D. Senhora) veio ao mundo marcada pela força de sua origem. Filha de Maria Escolástica de Jesus, uma mulher que conheceu as agruras da escravidão no engenho Rio Novo, em Santo Amaro da Purificação, e do português Manuel Fonseca da Conceição, Laura carregava em si a herança de resiliência.
Sua mãe, alforriada em 1870 com a Lei do Ventre Livre, faleceu cedo, e o novo casamento de seu pai com D. Adelaide da Costa, de família tradicional baiana, trouxe rejeição e sofrimento à jovem Laura. Encontrou refúgio na costura, um ofício que a levou a trabalhar para famílias ilustres de Salvador, como as de Carneiro Ribeiro e Martins Catarino. Noiva do português Constantino, viu seus planos desmoronarem com a morte precoce dele, mas o destino a guiaria para um novo capítulo em Itabuna.
Convidada a costurar o vestido de casamento de Herundina Maria Moura de Jesus, neta mais velha da influente família Moura Teixeira, Laura chegou a Itabuna e ali fincou raízes. Sua habilidade com a agulha abriu portas, mas foi seu carisma e dedicação que a tornaram parte essencial dos eventos sociais da cidade.
Promovia festas beneficentes, como a Festa da Primavera, piqueniques e celebrações religiosas, sempre com o propósito de unir a comunidade. Sua generosidade se estendeu à fundação da Filarmônica Amantes da Lira e à atuação como irmã benfeitora da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna e da Sociedade Montepio dos Artistas. Laura não apenas costurava tecidos, mas também os fios de uma sociedade que encontrava em suas iniciativas um senso de pertencimento.
Quando a igreja matriz de Itabuna ruiu em 1940, D. Laura Conceição assumiu um papel central na reconstrução da fé e da cidade. Fundou a Campanha do Cruzeiro, liderando, por 16 anos, um grupo de moças que, todas as quartas-feiras, percorria as ruas pedindo um cruzeiro em cada casa para erguer a nova igreja matriz de São José.
Como membro das Senhoras de Caridade, também buscava doações de fazendeiros e comerciantes, arrecadando dinheiro e sacos de cacau para a obra. Sem sua incansável dedicação, a catedral da diocese, hoje um marco de Itabuna, talvez não tivesse se concretizado. Sua fé inabalável a levou a colaborar na fundação do Colégio Divina Providência e da Ação Fraternal de Itabuna, solidificando seu compromisso com a educação e a solidariedade.
D. Laura Conceição partiu em 28 de agosto de 1973, mas seu nome permanece eternizado na praça onde se ergue a catedral de São José, um testemunho de sua vida dedicada à comunidade. Sua trajetória é um hino à perseverança, à generosidade e à fé que move montanhas — ou, no caso dela, constrói catedrais. De filha de uma alforriada a símbolo de Itabuna, Laura transformou adversidades em oportunidades para servir. Seu legado, tecido com fios de bondade e trabalho incansável, continua a inspirar, como um cruzeiro que, de casa em casa, construiu muito mais que uma igreja: construiu uma história de amor e união.
Hélio Pólvora
Nascido em 1928, na cidade de Itabuna, sul da Bahia, Hélio Pólvora de Almeida construiu uma trajetória marcada pela dedicação às letras. Escritor, jornalista, crítico literário e tradutor, mudou-se em 1953 para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por três décadas. Foi nesse ambiente efervescente que iniciou sua carreira literária e consolidou-se também no jornalismo, sem jamais perder o vínculo com suas raízes baianas.
Sua estreia na literatura se deu em 1958, com a publicação de Os Galos da Aurora, obra que já revelava sua habilidade na construção de narrativas densas e sensíveis. Ao longo dos anos, lançou livros de contos como Estranhos e Assustados, O Grito da Perdiz e Massacre no Km 13, além do romance Inúteis Luas Obscenas, reafirmando-se como um dos grandes contistas da literatura brasileira contemporânea.
No jornalismo, sua atuação foi igualmente expressiva. Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Shopping News, foi crítico literário e de cinema no Jornal do Brasil e colaborador da revista Veja. No jornal A Tarde, da Bahia, exerceu as funções de editorialista e colunista. Publicou mais de 25 livros entre ficção e crítica literária, e seus contos atravessaram fronteiras, sendo traduzidos para idiomas como espanhol, inglês, francês, italiano, alemão e holandês.
De volta a Itabuna a partir de 1984, Hélio se manteve ativo no cenário cultural. Foi membro da Academia de Letras de Ilhéus, da Academia de Letras da Bahia e da Academia de Letras do Brasil. Criou e editou o jornal Cacau-Letras e, em 1987, fundou ao lado do jornalista Manoel Leal o semanário A Região. Faleceu em Salvador, no dia 23 de março de 2015, aos 86 anos, deixando um legado que eterniza sua voz na literatura brasileira.
A Vida em Versos de Gil Nunesmaia
Em Itabuna, Nunesmaia deixou marcas indeléveis. Em 1966, assumiu o papel de interventor federal na prefeitura da cidade, guiado por um senso de responsabilidade cívica. Sua visão ia além da administração: lutou incansavelmente pela criação da Faculdade de Filosofia de Itabuna e pela construção do Colégio Estadual, sementes de conhecimento que plantou para as gerações futuras. Como médico analista, atuou nos hospitais Santa Cruz e Manoel Novais, enquanto, como professor, formou mentes nos colégios Divina Providência e Estadual. Sua influência se estendia ao Conselho Estadual de Educação, onde ajudou a moldar políticas educacionais com a mesma precisão que aplicava em suas análises clínicas.
A poesia, porém, era o refúgio onde Gil Nunesmaia encontrava harmonia. Em 1979, publicou Intervalo, uma coletânea de haicais que capturava a essência da vida em três versos — dois pentassílabos e um heptassílabo, como um suspiro medido. Cada poema era um instante de contemplação, um reflexo de sua capacidade de enxergar beleza na simplicidade. Sua contribuição à cultura baiana também se manifestou na fundação da Associação Bahiana de Medicina-Regional Sul e da Associação Brasileira de Patologia Clínica, instituições que fortaleceram a medicina em sua região. Nunesmaia vivia entre a métrica dos versos e a rigorosidade da ciência, unindo mundos aparentemente distantes com rara maestria.
O fim de sua jornada veio em 6 de outubro de 1993, mas seu legado permanece vivo nas instituições que ajudou a erguer, nos alunos que inspirou e nos versos que deixou. Gil Nunesmaia foi mais que um médico ou poeta; foi um homem que, com a mesma dedicação com que diagnosticava enfermidades, diagnosticava as necessidades de sua comunidade. Seus haicais, breves como a vida, ecoam a profundidade de um espírito que soube entrelaçar o efêmero e o eterno, deixando em Ilhéus e Itabuna um rastro de compromisso e poesia.
Waldeny Andrade, a voz e a alma do Sul da Bahia
Waldeny Andrade da Silva nasceu em 1º de novembro de 1935, sob o céu sereno de Boa Nova, na Bahia, trazendo consigo uma vocação que ecoaria por décadas. Jornalista, radialista e escritor, ele moldou sua vida entre o som das ondas de rádio e as palavras impressas, dedicando-se por 29 anos à direção da Rádio Jornal de Itabuna e do jornal Diário de Itabuna. Sua voz firme e seu olhar crítico o consagraram como um dos mais respeitados profissionais da imprensa e comentaristas políticos do interior baiano, uma figura cuja influência transcendeu as ondas hertzianas para alcançar corações e mentes.
A trajetória de Waldeny, porém, não se limitou aos microfones e às redações. Em 1969, ele aventurou-se na política, tornando-se primeiro suplente na Câmara de Vereadores de Ilhéus e, posteriormente, assumindo o cargo. Sua passagem pela vida pública foi interrompida por uma cassação, acusações de subversão e comunismo pairando sobre ele como sombras de um tempo conturbado. Contudo, essas adversidades apenas reforçaram sua determinação, permitindo que se firmasse como um jornalista e radialista de rara integridade, sempre pautado por uma ética que o destacou no cenário regional.
Ao encerrar sua carreira nas ondas do rádio, Waldeny abriu as portas para um novo capítulo: a literatura. Em 2012, lançou Vidas Cruzadas, o primeiro de uma série de romances que revelou sua alma de contador de histórias. Seguiram-se A Ilha de Aramys (2013), Serra do Padeiro (2015), e os lançamentos de 2017, A Saga dos Tupinambás e Noite no Vale do Cotia, obras que entrelaçam a rica tapeçaria cultural e histórica da Bahia. Cada página escrita foi um testemunho de sua paixão por narrar o humano em suas múltiplas facetas, deixando um legado que vai além da notícia.
Waldeny Andrade partiu em 3 de junho de 2020, aos 85 anos, no Hospital Regional Costa do Cacau, vitimado por complicações cardíacas e pulmonares. Sua partida deixou um vazio no Sul da Bahia, onde sua vida dedicada à comunicação — revelando talentos e fortalecendo a imprensa — e sua contribuição social ecoam como um hino. Vereador, radialista, jornalista e escritor, ele foi um farol de ética e competência, cuja memória permanece viva nas ondas do rádio, nas linhas dos jornais e nas páginas de seus livros.
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Dantinhas, o cronista da memória Itabunense
José Dantas de Andrade, carinhosamente conhecido como "Dantinhas", nasceu em Simões Dias, no estado de Sergipe, em 30 de agosto de 1910. Bancário de profissão, historiador por vocação, desportista por paixão, além de poeta e trovador, tornou-se uma das figuras mais queridas e respeitadas da história de Itabuna. Seu talento natural para contar "causos" e histórias bem-humoradas marcou o imaginário coletivo da cidade.
Assinando muitas de suas obras com o pseudônimo "Zé das Antas", Dantinhas conquistou espaço na imprensa sul-baiana com suas crônicas recheadas de humor, contos pitorescos e sátiras rimadas que retratavam com ironia e inteligência fatos e personagens do cotidiano itabunense. Sua verve popular rendeu-lhe livros de piadas, crônicas regionais e textos que mergulham com graça no espírito da roça e da cidade.
A paixão pela história foi uma constante em sua trajetória. Dedicou-se durante décadas à coleta de documentos, fotos e relatos orais, formando um acervo precioso sobre Itabuna e sua gente. Seu primeiro livro, Espírito da Roça, lançado em 1937, foi seguido por outras obras de caráter humorístico e regional, como Arranca Toco e Estica Toco, culminando na coletânea Troças da Rua e da Roça, publicada em 1968. Seu vasto arquivo fotográfico foi generosamente legado à Maçonaria, como forma de preservar a memória local.
Sua contribuição como historiador ganhou destaque com o lançamento, em parceria com os fotógrafos Vieira e Newton Maxwell, do livro Itabuna Cinquentenária – Documentário Fotográfico Histórico de Itabuna (1910-1960), o primeiro registro sistematizado sobre a história do município. A obra tornou-se uma referência fundamental para estudiosos e apaixonados pela trajetória da cidade.
No campo esportivo, Dantinhas foi um incansável incentivador do futebol amador itabunense. Exerceu a presidência da LIDA – Liga Itabunense de Desportos Amadores, deixando sua marca no fortalecimento do esporte local. Profissionalmente, dedicou mais de quatro décadas como gerente do extinto Banco Rural, tornando-se uma figura de grande respeito no setor bancário regional.
Homem de família e de valores, Dantinhas foi pai de Maruse Dantas, presidente da AABB de Itabuna, e avô de Ricardo Xavier, vereador, e de Rodrigo Xavier, presidente do Itabuna Esporte Clube.
Faleceu em 2004, aos 94 anos, deixando um legado de histórias, memória e amor incondicional por Itabuna.