Paulino Vieira do Nascimento, figura de traços firmes e olhar visionário, inscreveu seu nome na galeria dos desbravadores de Itabuna, uma terra que pulsava com o vigor das mudanças no sul da Bahia. Nascido em tempos de incertezas, ele se ergueu como comerciante e fazendeiro na Vila de Tabocas, um núcleo ainda tímido que sonhava com horizontes maiores. Suas terras, vastas e generosas, estendiam-se ao oeste daquele povoado, abraçando o futuro com a mesma determinação que marcava suas ações. Hoje, onde outrora ecoavam os passos de seus cavalos, ergue-se a Rua Paulino Vieira, um tributo perene ao homem que ajudou a moldar a cidade.
Antes de receber seu nome, aquela rua testemunhou a dança das nomenclaturas: foi Rua das Laranjeiras, Rua dos Sertanejos e Rua 12 de Outubro. Mas foi Paulino quem, com sua presença indelével, acabou por batizá-la. Em 1898, fundou a Filarmônica 15 de Março, a primeira de Itabuna, enchendo o ar com notas que falavam de esperança e identidade.
A política também foi palco de suas investidas. Junto ao coronel Firmino Alves, liderou o partido “Pessoísta” em Itabuna, uma força que reverberava os ideais de Antônio Pessoa, ecoando até esferas mais altas como as de J.J. Seabra e o marechal Hermes da Fonseca. Com os coronéis José Firmino Alves e Basílio de Oliveira, visitou o intendente de Ilhéus, Domingos Adami, para comunicar a decisão do povo: Tabocas queria ser livre, e Paulino estava na vanguarda dessa luta.
Não satisfeito em apenas falar, Paulino sabia que as ideias precisavam de um eco mais amplo. Em setembro de 1905, fundou o jornal “O Labor”, uma tribuna impressa que defendia os interesses do grupo Pessoísta e agitava as mentes da vila com debates políticos e sociais. Três anos depois, em 1908, deu vida a “O Democrata”, outro veículo que se tornaria farol para os ideais que ele acalentava.
A partir de 1912, Paulino consolidou ainda mais sua influência ao liderar o grupo político que ficou conhecido como “Paulinista”. Vinculado a figuras poderosas como Hermes da Fonseca no âmbito federal e J.J. Seabra no estadual, ele se tornou uma ponte entre os anseios locais e as grandes decisões que moldavam o destino do Brasil.
No campo da administração pública, Paulino também deixou sua marca. Exerceu o cargo de conselheiro municipal – o equivalente ao vereador de hoje – com a mesma dedicação que aplicava em seus outros empreendimentos.
Sua jornada, no entanto, encontrou um ponto final em 1º de outubro de 1921, quando a morte o levou, deixando um vazio que Itabuna sentiu profundamente. Paulino partiu no auge de sua influência, mas suas sementes já haviam germinado. Ele foi mais que um comerciante ou fazendeiro; foi um arquiteto do futuro.
Assim, Paulino Vieira do Nascimento se eternizou como um dos pilares de Itabuna, um desbravador que, com mãos calejadas e espírito inquieto, abriu caminhos onde antes havia apenas trilhas. Sua vida é um testemunho do poder da ação e da visão, um lembrete de que o progresso de uma cidade não se faz apenas com tijolos, mas com o coração de homens que ousam sonhar. E enquanto a Rua Paulino Vieira cortar o coração de Itabuna, seu nome continuará a sussurrar nas esquinas: aqui viveu um homem que fez história.
3 comentários:
Fui criada por uma das filhas de Paulino Vieira: Lindaura Vieira fo Nascimento que após sua união com um descendente de libanês José Hagge Midlej ,nascido em Xique-Xique veio a ter no sobrenome Hagge.
Tenho fotos do mesmo, óculos assim como um documento assinado por Hermes da Fonsêca o nomeando a um cargo em Itabuna.
O cara tinha visão aguçada.
Uma história brilhante de amor a nova terra.
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