terça-feira, 15 de abril de 2025

Cel. Francisco Fontes da Silva Lima e D. Laurinda Fontes Torres Lima


Francisco Fontes da Silva Lima nasceu em 4 de junho de 1876, na cidade de Estância, no estado de Sergipe. Filho de uma época de escassas oportunidades educacionais, concluiu apenas o curso primário, interrompido pelas dificuldades inerentes ao ensino naquele período. Aos treze anos, ingressou na vida comercial, ajudando sua mãe, que, ao ficar viúva precocemente, montou uma loja de tecidos em Cachoeira de Abadia. Em 1903, acompanhado de seu primo e cunhado, José Fontes Torres, mudou-se para a então vila de Tabocas, onde deu continuidade aos negócios têxteis sob a razão social Fontes Torres.

A trajetória de Francisco se entrelaça com o crescimento de Itabuna. Homem de espírito cívico, integrou-se à vida da comunidade e tornou-se seguidor fiel do Coronel José Firmino Alves, compartilhando com ele os ideais de progresso para a região. Junto a outros cidadãos devotados, fundou a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, instituição essencial à assistência social da cidade, da qual foi Provedor. Sua atuação na política municipal foi marcante: exerceu o cargo de conselheiro em diversas legislaturas e, em 1930, ocupava a presidência da Câmara de Vereadores quando o golpe de Getúlio Vargas alterou os rumos do país, levando-o a afastar-se da política para dedicar-se exclusivamente ao comércio e à lavoura.

Homem de personalidade discreta e avesso aos holofotes, Francisco preferia a ação silenciosa aos discursos grandiosos. Viveu de forma reservada, sem buscar reconhecimento público, mas com firmeza e dedicação inabaláveis às causas que abraçava. Sua atuação, embora muitas vezes velada, foi decisiva no fortalecimento das estruturas sociais e econômicas do sul da Bahia, contribuindo para o desenvolvimento de uma região que, então, ainda dava seus primeiros passos rumo à modernidade.

Casou-se com sua prima Laurinda Fontes Torres Lima, com quem construiu uma família marcada por laços fortes e vivências profundas. Faleceu em 15 de janeiro de 1967, aos 90 anos, deixando como legado não apenas os frutos de seu trabalho, mas também os filhos: Maria Luíza, Luiz, José, Maria de Lourdes, Margarida, Antônio e Anízia — esta última, a única sobrevivente à época da redação desse registro. A memória de Francisco Fontes da Silva Lima permanece viva na história de Itabuna, como símbolo de compromisso, trabalho e dedicação ao bem comum.

Laurinda Fontes
Laurinda Fontes Torres Lima nasceu em 19 de outubro de 1886, na localidade de Cachoeira de Abadia, na Bahia. Desde cedo demonstrou espírito altruísta e profundo senso de comunidade, qualidades que se tornariam marcas de sua trajetória. Aos 18 anos, em 1904, casou-se com seu primo Francisco Fontes da Silva Lima e, acompanhada dele e do irmão José Fontes Torres, chegou ao Arraial de Tabocas, onde fincou raízes e passou a desempenhar um papel ativo na vida social e religiosa da nascente comunidade que viria a se tornar Itabuna.

Com uma impressionante vocação para o serviço ao próximo, Laurinda participou da fundação de importantes instituições que marcaram a história da cidade. Foi uma das idealizadoras da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, da Sociedade Montepio dos Artistas e da Filarmônica Amantes da Lira. Seu envolvimento estendia-se também à educação e à caridade: contribuiu para a criação do Colégio Divina Providência e da Associação das Senhoras de Caridade, onde exerceu o cargo de primeira presidente. Não mediu esforços para integrar e fortalecer os laços de fé e solidariedade entre os moradores, sendo também fundadora da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus e da Irmandade da Terra Santa.

Mais do que presença em solenidades ou em cargos honoríficos, Laurinda dedicou-se com fervor às causas sociais. Com recursos próprios, construiu moradias para famílias carentes, organizava e participava ativamente de festas cívicas e religiosas, tornando-se figura central na vida comunitária. Sua passagem por Itabuna foi breve em anos, mas profunda em legado. Faleceu em 1941, aos 54 anos, em Salvador, deixando um exemplo de generosidade e compromisso social que permanece vivo na memória da cidade que ajudou a construir.

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