A trajetória de Francisco se entrelaça com o crescimento de Itabuna. Homem de espírito cívico, integrou-se à vida da comunidade e tornou-se seguidor fiel do Coronel José Firmino Alves, compartilhando com ele os ideais de progresso para a região. Junto a outros cidadãos devotados, fundou a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, instituição essencial à assistência social da cidade, da qual foi Provedor. Sua atuação na política municipal foi marcante: exerceu o cargo de conselheiro em diversas legislaturas e, em 1930, ocupava a presidência da Câmara de Vereadores quando o golpe de Getúlio Vargas alterou os rumos do país, levando-o a afastar-se da política para dedicar-se exclusivamente ao comércio e à lavoura.
Homem de personalidade discreta e avesso aos holofotes, Francisco preferia a ação silenciosa aos discursos grandiosos. Viveu de forma reservada, sem buscar reconhecimento público, mas com firmeza e dedicação inabaláveis às causas que abraçava. Sua atuação, embora muitas vezes velada, foi decisiva no fortalecimento das estruturas sociais e econômicas do sul da Bahia, contribuindo para o desenvolvimento de uma região que, então, ainda dava seus primeiros passos rumo à modernidade.
Casou-se com sua prima Laurinda Fontes Torres Lima, com quem construiu uma família marcada por laços fortes e vivências profundas. Faleceu em 15 de janeiro de 1967, aos 90 anos, deixando como legado não apenas os frutos de seu trabalho, mas também os filhos: Maria Luíza, Luiz, José, Maria de Lourdes, Margarida, Antônio e Anízia — esta última, a única sobrevivente à época da redação desse registro. A memória de Francisco Fontes da Silva Lima permanece viva na história de Itabuna, como símbolo de compromisso, trabalho e dedicação ao bem comum.
Laurinda Fontes
Laurinda Fontes Torres Lima nasceu em 19 de outubro de 1886, na localidade de Cachoeira de Abadia, na Bahia. Desde cedo demonstrou espírito altruísta e profundo senso de comunidade, qualidades que se tornariam marcas de sua trajetória. Aos 18 anos, em 1904, casou-se com seu primo Francisco Fontes da Silva Lima e, acompanhada dele e do irmão José Fontes Torres, chegou ao Arraial de Tabocas, onde fincou raízes e passou a desempenhar um papel ativo na vida social e religiosa da nascente comunidade que viria a se tornar Itabuna.
Com uma impressionante vocação para o serviço ao próximo, Laurinda participou da fundação de importantes instituições que marcaram a história da cidade. Foi uma das idealizadoras da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, da Sociedade Montepio dos Artistas e da Filarmônica Amantes da Lira. Seu envolvimento estendia-se também à educação e à caridade: contribuiu para a criação do Colégio Divina Providência e da Associação das Senhoras de Caridade, onde exerceu o cargo de primeira presidente. Não mediu esforços para integrar e fortalecer os laços de fé e solidariedade entre os moradores, sendo também fundadora da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus e da Irmandade da Terra Santa.
Mais do que presença em solenidades ou em cargos honoríficos, Laurinda dedicou-se com fervor às causas sociais. Com recursos próprios, construiu moradias para famílias carentes, organizava e participava ativamente de festas cívicas e religiosas, tornando-se figura central na vida comunitária. Sua passagem por Itabuna foi breve em anos, mas profunda em legado. Faleceu em 1941, aos 54 anos, em Salvador, deixando um exemplo de generosidade e compromisso social que permanece vivo na memória da cidade que ajudou a construir.
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