Você já deve ter ouvido esse nome. Afinal, um dos colégios mais tradicionais de Itabuna, o CIOMF (Centro Integrado Oscar Marinho Falcão) tem esse título em sua homenagem. Na verdade, ele foi construído em terreno doado por esse ilustre cidadão.
Oscar Marinho Falcão nasceu em 28 de novembro de 1895, na pequena cidade de Itabaianinha, no interior de Sergipe. Filho de Antônio Pedro Marinho Falcão e Maria José Soares Falcão, teve origem humilde, mas logo demonstraria um espírito prático e uma disciplina férrea que marcariam sua trajetória. Ainda jovem, começou a trabalhar no armazém “O Vencedor”, de propriedade de seu sogro João Pedro de Souza Leão.
Casou-se com Ana Soares de Souza Falcão, com quem constituiu família e deu início a uma vida dedicada ao trabalho, à poupança e ao empreendedorismo.Conhecido por sua austeridade e fama de pão-duro, Oscar construiu, com paciência e estratégia, um dos maiores patrimônios da região cacaueira. A lenda popular lhe atribuiu a posse de nada menos que 120 fazendas, conferindo-lhe o título de “Rei do Cacau”. Seu nome tornou-se sinônimo de riqueza e poder no sul da Bahia. Apesar de seu temperamento reservado, era figura lendária em Itabuna, cercado por histórias bem-humoradas e episódios pitorescos que alimentavam o imaginário popular.
Oscar Marinho Falcão era também conhecido por emprestar dinheiro a juros elevados, prática que lhe granjeava respeito e temor. Seu sobrado imponente na rua Paulino Vieira, verdadeira marca de seu sucesso, tornou-se símbolo da sua presença na cidade.
Embora conhecido por sua dureza nos negócios, não deixou de lado a generosidade: mandou construir a capela do Abrigo São Francisco, um gesto de fé e solidariedade. Já em saúde debilitada, delegou ao senhor Cedar Fontes de Faria a conclusão da obra, demonstrando preocupação com a continuidade de seus feitos.
Um episódio sombrio marcaria seus últimos anos. Cerca de uma década antes de sua morte, Oscar foi vítima de um atentado: atropelado por ordem de membros de sua própria família, escapou com vida, mas carregou sequelas permanentes na perna. Mesmo assim, manteve-se firme até o fim. Faleceu em 29 de setembro de 1967, em Itabuna, cidade onde construiu sua fortuna e deixou um legado que ainda ecoa.
Entre seus filhos, destacou-se José Marinho Falcão, médico de formação, com especialização na Alemanha. Herdando o espírito empreendedor do pai, o Dr. José foi um dos principais idealizadores do Hospital São Lucas, cuja planta funcional ele mesmo concebeu. Fundou uma indústria de fertilizantes em Itabuna, apostando na produção de adubos orgânicos a partir da película da amêndoa do cacau, rejeitada pela indústria convencional. Enfrentou dificuldades com o declínio da lavoura provocado pela praga da "Vassoura de Bruxa", o que levou ao encerramento da atividade.
Apesar dos reveses, José Marinho ainda tentou novas frentes, como a introdução da pupunha e a produção industrial de palmito, sem sucesso. Homem culto e de trato gentil, envelheceu de forma discreta, como que envolto na sombra de um tempo que passou, mas cuja marca permanece. O nome dos Marinho Falcão, sobretudo o de Oscar, continua a ressoar entre as lendas e memórias de uma era em que o cacau reinava absoluto no sul da Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário