A gestão no Futebol: o prazo de validade do poder


Por Cláudio Apê A. Freire

A gestão em organizações de qualquer setor ou natureza parece ter, de fato, um prazo de validade. A longevidade desse prazo está diretamente ligada a uma variável crucial: a obtenção de resultados. Consequentemente, podemos classificar as gestões em longevas, de médio prazo, de curto prazo ou — como infelizmente ocorre em muitos casos — quase natimortas.

Os motivos para essa variação são diversos, mas todos passam por um crivo decisivo: a tomada de decisão. A avaliação de um gestor é balizada pela sua taxa de acertos e erros, a qual, por sua vez, está intrinsecamente relacionada às escolhas que faz. Ao final desse processo, surge o elemento que define sua trajetória: o tempo de permanência.

No futebol, não é diferente. Clubes são organizações como quaisquer outras, e suas gestões seguem a mesma regra: longevidade atrelada ao sucesso.

No caso do Esporte Clube Vitória, nas últimas quatro décadas, esse fenômeno tem se manifestado de maneira incontestável. Alguns dirigentes permaneceram mais tempo no cargo, em função de ciclos de resultados positivos; outros, nem tanto.

A atual direção do clube viveu seu auge ao conduzir o time à Série A do campeonato brasileiro. No entanto, neste ano, o que se vê é uma queda livre, alimentada por resultados pífios em campo e uma sequência de decisões equivocadas — especialmente nas contratações de atletas e técnicos, somadas a uma gestão financeira frágil.

O resultado não poderia ser outro: descontentamento generalizado entre uma das torcidas mais passionais do país. Se não houver uma guinada estratégica urgente, com recuperação esportiva e administrativa, dificilmente a atual direção se manterá no próximo ciclo.

Caso isso ocorra, a gestão será lembrada como um caso típico de sucesso efêmero — de curto prazo. E não será por falta de aviso: a história recente do Vitória mostra que a perpetuação no poder é rara e que a cobrança por resultados é implacável.

Que os próximos gestores do clube tenham em mente essa lição. Para evitar o risco de entrar para a galeria das gestões quase natimortas, é preciso pisar em solo firme, com planejamento, transparência e — acima de tudo — competência.

A torcida do Vitória, como a de qualquer grande clube, não merece menos que isso.