Nascida em 24 de junho de 1870 no lendário Engenho da Trindade, no município de Itabaianinha, Sergipe, Júlia Alves de Souza Menezes veio ao mundo cercada pelos ares do Império e pelo esplendor da aristocracia rural. Filha do Capitão Bernardino José Alves de Souza, mais tarde agraciado com o título de Barão de Itabaianinha, e de D. Maria Merendolina da Vitória Souza, passou a infância na imponente casa-grande do engenho, em meio aos tempos áureos da cana-de-açúcar e à dura realidade da escravidão. Começou seus estudos aos seis anos sob a orientação da professora Adélia Esteves de Lima, com quem completou o curso primário, e aos 16 anos transferiu-se para Aracaju, onde concluiu a educação secundária.
Em 1894, uniu-se em matrimônio ao Coronel João de Oliveira Menezes, que receberia o título de Barão de Cristinápolis. Com esse enlace, Júlia tornou-se a Baronesa de Cristinápolis, título que usaria com dignidade e empenho social. O casal tornou-se proprietário de vastas extensões de terra no estado de Sergipe, consolidando-se entre as famílias mais influentes da região. A origem nobre e a sólida formação educacional forneceram a base para que Júlia assumisse, ao longo da vida, papéis de liderança na sociedade, especialmente no campo das ações filantrópicas e religiosas.
No dia 2 de junho de 1920, estabeleceu-se em Itabuna, onde deixaria marcas profundas de sua generosidade e espírito empreendedor. Foi fundadora da Irmandade da Terra Santa, criada em 2 de março de 1921, na Santa Casa de Misericórdia, ao lado de coronéis e membros da elite local. Tornou-se Irmã Benemérita da instituição, além de ajudar a fundar a Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, a Associação das Senhoras de Caridade e a Assistência Social. Com sensibilidade voltada aos mais necessitados, ergueu casas populares na rua da Rancharia, dando dignidade a famílias de baixa renda.
Incansável em seu compromisso com o bem coletivo, Júlia também esteve à frente da fundação da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, do Clube Recreativo Turunas de Itabuna e da Filarmônica Amantes da Lira. Participou ainda da criação do Colégio Divina Providência, contribuindo para a educação local. Sua trajetória foi marcada por devoção religiosa, espírito cívico e generosidade com os mais humildes. Faleceu em 21 de abril de 1949, aos 78 anos, deixando como herança um legado de fé, caridade e compromisso com o progresso social.
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