quarta-feira, 16 de abril de 2025

Júlia Alves de Souza Menezes, a Baronesa de Cristinápolis



Nascida em 24 de junho de 1870 no lendário Engenho da Trindade, no município de Itabaianinha, Sergipe, Júlia Alves de Souza Menezes veio ao mundo cercada pelos ares do Império e pelo esplendor da aristocracia rural. Filha do Capitão Bernardino José Alves de Souza, mais tarde agraciado com o título de Barão de Itabaianinha, e de D. Maria Merendolina da Vitória Souza, passou a infância na imponente casa-grande do engenho, em meio aos tempos áureos da cana-de-açúcar e à dura realidade da escravidão. Começou seus estudos aos seis anos sob a orientação da professora Adélia Esteves de Lima, com quem completou o curso primário, e aos 16 anos transferiu-se para Aracaju, onde concluiu a educação secundária.

Em 1894, uniu-se em matrimônio ao Coronel João de Oliveira Menezes, que receberia o título de Barão de Cristinápolis. Com esse enlace, Júlia tornou-se a Baronesa de Cristinápolis, título que usaria com dignidade e empenho social. O casal tornou-se proprietário de vastas extensões de terra no estado de Sergipe, consolidando-se entre as famílias mais influentes da região. A origem nobre e a sólida formação educacional forneceram a base para que Júlia assumisse, ao longo da vida, papéis de liderança na sociedade, especialmente no campo das ações filantrópicas e religiosas.

No dia 2 de junho de 1920, estabeleceu-se em Itabuna, onde deixaria marcas profundas de sua generosidade e espírito empreendedor. Foi fundadora da Irmandade da Terra Santa, criada em 2 de março de 1921, na Santa Casa de Misericórdia, ao lado de coronéis e membros da elite local. Tornou-se Irmã Benemérita da instituição, além de ajudar a fundar a Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, a Associação das Senhoras de Caridade e a Assistência Social. Com sensibilidade voltada aos mais necessitados, ergueu casas populares na rua da Rancharia, dando dignidade a famílias de baixa renda.

Incansável em seu compromisso com o bem coletivo, Júlia também esteve à frente da fundação da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, do Clube Recreativo Turunas de Itabuna e da Filarmônica Amantes da Lira. Participou ainda da criação do Colégio Divina Providência, contribuindo para a educação local. Sua trajetória foi marcada por devoção religiosa, espírito cívico e generosidade com os mais humildes. Faleceu em 21 de abril de 1949, aos 78 anos, deixando como herança um legado de fé, caridade e compromisso com o progresso social.

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