quarta-feira, 21 de maio de 2025

A Vida em Versos de Gil Nunesmaia


Gil Nunesmaia, nascido sob o sol de Ilhéus em 25 de outubro de 1913, carregava no sangue a paixão pela medicina, pela poesia e pelo ideal de transformar o mundo ao seu redor. Formado em Patologia Clínica pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1938, ele construiu uma carreira marcada pela dedicação à ciência e à educação. Sua alma inquieta, porém, transcendia os limites do consultório: ao lado de José Nunes de Aquino e José Soares Pinheiro, abraçou o Integralismo, movimento que o levou a militar por causas que acreditava serem justas, com a fervorosa convicção de quem deseja deixar um legado. Sua vida, como seus haicais, era uma busca por equilíbrio entre a precisão da ciência e a liberdade do verso.

Em Itabuna, Nunesmaia deixou marcas indeléveis. Em 1966, assumiu o papel de interventor federal na prefeitura da cidade, guiado por um senso de responsabilidade cívica. Sua visão ia além da administração: lutou incansavelmente pela criação da Faculdade de Filosofia de Itabuna e pela construção do Colégio Estadual, sementes de conhecimento que plantou para as gerações futuras. Como médico analista, atuou nos hospitais Santa Cruz e Manoel Novais, enquanto, como professor, formou mentes nos colégios Divina Providência e Estadual. Sua influência se estendia ao Conselho Estadual de Educação, onde ajudou a moldar políticas educacionais com a mesma precisão que aplicava em suas análises clínicas.

A poesia, porém, era o refúgio onde Gil Nunesmaia encontrava harmonia. Em 1979, publicou Intervalo, uma coletânea de haicais que capturava a essência da vida em três versos — dois pentassílabos e um heptassílabo, como um suspiro medido. Cada poema era um instante de contemplação, um reflexo de sua capacidade de enxergar beleza na simplicidade. Sua contribuição à cultura baiana também se manifestou na fundação da Associação Bahiana de Medicina-Regional Sul e da Associação Brasileira de Patologia Clínica, instituições que fortaleceram a medicina em sua região. Nunesmaia vivia entre a métrica dos versos e a rigorosidade da ciência, unindo mundos aparentemente distantes com rara maestria.

O fim de sua jornada veio em 6 de outubro de 1993, mas seu legado permanece vivo nas instituições que ajudou a erguer, nos alunos que inspirou e nos versos que deixou. Gil Nunesmaia foi mais que um médico ou poeta; foi um homem que, com a mesma dedicação com que diagnosticava enfermidades, diagnosticava as necessidades de sua comunidade. Seus haicais, breves como a vida, ecoam a profundidade de um espírito que soube entrelaçar o efêmero e o eterno, deixando em Ilhéus e Itabuna um rastro de compromisso e poesia.

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